Quando sento para assistir a um jogo de um time que não
conheço muito e também não conheço a treinador que o dirige, procuro sempre
analisar a forma que o time atua e a filosofia implantada pelo treinador. Assim
foi na última quarta-feira, quando me deparei com o jogo de volta de Fenerbahce
e Spartak Moscou, realizado em Istambul, na Turquia, valendo vaga na fase de
grupos da Champions League. Na partida de ida, em Moscou, 2 a 1 para o Spartak.
De cara, achei o time turco com bons valores individuais na
parte ofensiva, isso porque o jogador da Sérvia Krasic e o holandês Kuyt
integravam a equipe titular. A bola rolou e o Fenerbahce tomou dois duros
golpes em menos de 15 minutos. Aos 5, Mc Geady cruzou rasteiro da direita, o
brasileiro Ari se antecipou ao goleiro Gunok e chutou para as redes, abrindo o
placar para o time visitante. Aos 13, Krasic caiu no campo sentindo dores e
pedindo substituição. Ali, o Fenerbahce estava perdendo o seu ponta esquerda
para o restante do jogo decisivo. Em seu lugar, entrou Stoch, que deu muito
trabalho à defesa adversária, mas se mostrou afobado em alguns momentos. O fato
é que o Spartak fazia uma partida melhor que o time turco. E assim foi durante
o primeiro tempo todo. A equipe da casa não conseguia construir jogadas ofensivas
mais bem elaboradas e o goleiro Dikan tomou pouquíssimos sustos. Mas, o segundo
tempo seria totalmente diferente.
Fenerbahce até empata, mas esbarra na retranca russa
Veio a segunda etapa e foi nela que ficou nítido que o
técnico da equipe russa, Unai Emery, não usou a filosofia de jogo que eu
acredito mais apropriada. Logo aos 5 minutos, ele abriu mão do meia Ari, autor
do gol e que foi uma boa opção ofensiva na primeira etapa, para colocar o
volante brasileiro Rafael Carioca, ex-Vasco. Não que o time não possa jogar bem
e de maneira ofensiva com mais um volante e menos um homem mais de criação, mas
a saída de Ari coincidiu com a queda de produção do Spartak na parte ofensiva e
crescimento do Fenerbahce no jogo. Como o jogo de ida tinha sido 2 a 1 para o
Spartak, o time turco precisava de dois gols para levar o duelo para a
prorrogação. Assim, a equipe foi para cima da retranca do time russo, em busca do primeiro, mas esbarrou mais de uma
vez no goleiro Dikan. Aos 6 minutos, Topal arriscou de fora e ele deu um leve
toque na bola, que ainda explodiu no travessão antes de sair. Cinco minutos mais tarde, o Spartak
teve uma das raras chances na segunda etapa. Suchy pegou sobra de bola aérea na
área adversária, dominou no peito, limpou um marcador e carimbou a trave esquerda.
Aos 12, entrou em cena o meia Alex, na equipe do Fenebace. O veterano brasileiro,
que já atuou no Cruzeiro e no Palmeiras, entrou na vaga de Sahin, e por sinal,
jogou bem o período em que esteve em campo. Aos 17, Dikan voltou a trabalhar,
fazendo duas defesas seguidas.Aos 20, nova mexida no Spartak: saiu K. Kombarov,
entrou Bilyaletdinov. E o gol que colocou fogo no jogo saiu aos 23; Alex cobrou
escanteio da esquerda, Topuz cabeceou e o atacante Sow, também de cabeça, já
dentro da pequena área, colocou para as redes. Se a proposta de jogo do Spartak
já estava sendo mais se defender que atacar antes de tomar o gol, imaginem
daqui em diante. A troca de atacantes feita pelo técnico (Emenike por Dzyuba)
pouco mudou o panorama do jogo e o Fenerbahce continuou em cima. Aos 33, o
brasileiro Cristian entrou na equipe turca, na vaga de Topuz. No minuto
seguinte, o meio-campista De Zeeuw levou o segundo amarelo, sendo expulso e
deixando o Spartak com um a menos. Para piorar a situação, a equipe russa já
tinha feito as três alterações e Makeev sentia cãimbras constantes, caindo no
campo de jogo por mais de uma vez pedindo atendimento médico. Dikan apareceu mais duas vezes para defender,
primeiramente um chute de Sow e depois uma finalização de Stoch. O árbitro deu
6 minutos de acréscimos e o Fenerbahce foi praticamente todo para o campo ofensivo.
Aos 49, poderia ter saído o gol que levaria o jogo à prorrogação, mas Sow
acabou se desequilibrando na hora de finalizar, já dentro da área adversária, e
batendo mal. Assim, o jogo terminou com a classificação russa, mas fica a
pergunta ao treinador da equipe: precisava de tanto sufoco, Unai Emery?