domingo, julho 08, 2018

FRANÇA DERROTA URUGUAI E PEGA A BÉLGICA NA SEMIFINAL, EM UM DUELO PROMISSOR

Por Danilo Dias

Chegar às quartas-de-final da Copa do Mundo foi o limite para a seleção uruguaia, comandada por Óscar Tabárez. E cada uruguaio sabe o quão difícil foi chegar até ela. Uma primeira fase arrastada, placares magros contra Egito e Arábia Saudita. Uma boa atuação contra a Rússia garantiu o primeiro lugar no grupo e o duelo contra Portugal nas oitavas foi duríssimo, terminando com vitória para garantir os 100% e lugar entre os oito mais bem colocados do mundo.

Bater o Uruguai é difícil, duro. É aquele time que, jogando bem ou jogando mal, quase sempre endurecer as partidas. Parece um pouco do jeito uruguaio de ser, parece estar no DNA e ir além da qualidade do time que encontra-se dentro das 4 linhas. E falando em time, o Uruguai tinha para as quartas de final, um desfalque e tanto. Cavani machucou-se contra Portugal e estava vetado para a partida.

Era a primeira vez que o Uruguai enfrentava um time de fato superior. Do outro lado, era nada mais, nada menos que a França de Griezmann, Mbappé, Pogba e companhia. E aí, nem a raça da dupla Godín e Giménez, nem a luta incessante de Suárez e o esquema bem montado por Tabárez foram capazes de frear o coletivo francês.

Cabe destacar que a França fez a sua melhor partida na Copa do Mundo. Soube se impôr, soube propor o jogo e dominar a partida. Fez aquilo que se espera de alguém que deseja ser campeão mundial, fez aquilo que se espera do melhor time dentro de campo.

Ainda que não seja um futebol tão agradável de se assistir, ainda não não seja um estilo de jogo ofensivo, o Uruguai cai de pé na Copa do Mundo. A dependência de Cavani e Suárez preocupa para um futuro próximo. É preciso renovar, é preciso que surjam novas opções para o ataque, senão à altura, próximo do nível dessa dupla, uma das melhores do mundo.

Impossível não destacar o comovente choro do zagueiro uruguaio Giménez, antes mesmo do apito final. Por volta dos 43 da segunda etapa, o placar marcava 2x0 para França (placar final do jogo) e o zagueiro foi as lágrimas, dentro do campo. Chorava a eliminação do seu país, antes mesmo da sua consolidação. O futebol vai muito além de a bola rolando, propriamente. É um turbilhão de emoções para quem joga, para quem assiste das arquibancadas e até para quem, como eu, assiste pela televisão, de outro continente.

Segue a França, com um encontro marcado diante da Bélgica, que eliminou nada mais, nada menos, que o Brasil de Neymar, Coutinho e companhia. Jogo que promete ser espetacular. Se as duas equipes apresentarem todo o futebol que podem, a chance de termos o melhor jogo dessa Copa do Mundo é grande. Imperdível!


sábado, julho 07, 2018

JOGO 60: LUZ, CÂMERA, AÇÃO: A CROÁCIA ESTÁ NA SEMIFINAL DA COPA DO MUNDO:

Por Danilo Silveira



Senhoras e senhores, luz, câmera e ação! Vai começar o filme em Sóchi. Como todo bom filme, os personagens se apresentam ao público e aos poucos, vai ficando nítido quem exerce papel principal, quem é o coadjuvante.

Personagens russos e croatas em ação. Os russos logo mostraram que tinham como proposta, avançar seus homens, marcar no campo adversário, para impedir que os croatas trocassem passes muito à vontade no meio-campo, onde possuem muita qualidade. Principalmente nos pés de Luka Modric. Aliás, como joga bola esse cidadão. Personagem principal do filme, com atuação que deve ser para qualquer bonequinho aplaudir de pé. Não é daqueles personagens extravagantes, não faz jogadas "midiáticas", não é muito de dar arrancadas, mas no papel de conduzir o time, de ser o dono do meio-campo, faz como poucos.

Do outro lado, Cheryshev teve seu momento de protagonista aos 30 minutos de jogo. Tabelou com Dzyuba e soltou uma bomba de fora da área, no ângulo direito do goleiro Subasic, que ficou olhando, sem nada a fazer. Arrisco-me a dizer que nenhum goleiro desse planeta defenderia esse chute. Sob o céu de Sóchi, as arquibancadas do estádio Olímpico pulsavam com um dos muitos momentos emocionante do filme.

E oito minutos mais tarde, o filme cresceu ainda mais em emoção e suspense quando Kramaric tratou de engrandecer o roteiro ao, cercado por quatro marcadores, achar espaço para completar de cabeça para o fundo das redes, cruzamento de Manduzukic, da ponta esquerda.

Apitava o árbitro, era o momento do intervalo. Pausa para ir ao banheiro, comprar mais pipoca e encher o copo de refrigerante antes de o segundo tempo começar. Baterias recarregadas e o filme seguiu. Poderiam ser os 45 minutos finais, ou não! Ninguém ao certo sabia exatamente quanto tempo o filme duraria. A Croácia parecia reunir mais forças para tentar fazer com que esse filme acabasse em 90 minutos, com ela classificada para atuar em outro filme, mais adiante na Copa do Mundo.

Mas do outro lado, tinha a Rússia...valente, brigadora, cheia de vontade. Não queria sair de cena, queria seguir até o fim atuando. Afinal, o filme estava sendo gravado em seu próprio território.

O chute de Perisic parecia ser um indício de que o filme não demoraria tanto a terminar, mas a bola caprichosamente bateu na trave.

Uma regra básica desse filme é que durante os 90 minutos, cada diretor pode trocar apenas três atores de seus elencos, mantendo sempre 11 em ação. O diretor croata, Zlatko Dalic, trocou três de seus atores ao longo da segunda etapa do filme. E quando o tempo esgotava-se, veio uma cena forte, impactante, que poderia decidir os rumos do filme. O goleiro Subasic caiu para fazer uma defesa e sentiu a coxa. Fez cara de quem sentia muita dor. Para quem não sabe, o goleiro é um ator especial, que cumpre dentro do roteiro, uma função muito específica. A Croácia não podia mais trocar seus atores. Teria que ir um jogador de linha cumprir o papel de goleiro nos minutos finais de segunda etapa (em caso de prorrogação, o diretor pode trocar mais um ator). Mas, Subasic seguiu em campo, e ao certo, ninguém sabe (talvez só ele) se ele estava 100% fisicamente.

Encerrou-se os 90 minutos, e nenhum dos times conseguiu conquistar o Oscar dentro desse período no estádio Olímpico de Sóchi. Seria dado mais meia hora para, quem sabe, um elenco conseguir sair vitorioso em relação ao outro.

E Domagoj Vida foi o ator que protagonizou a cena mais impactante do jogo até ali. O zagueiro deu uma cabeçada na bola, mandando- para dentro das redes defendidas por Akinfeev. Vida dava ali, a sobrevivência para os crotas. Ele tirou a camisa, saiu festejando com seu companheiros. Ainda não era o Oscar, mas o gol foi comemorado como tal.

Fosse um filme qualquer desses "mamão com açucar", para você ver quase dormindo, nada mais aconteceria de muito impactante e o filme terminaria em menos de meia hora. Mas, estamos falando de um dos melhores filmes do ano.

Salamovich Cherchesov (quase um ídolo nacional russo, por ter feito um filme de seu país poder ser exibido nessa fase da competição, em detrimento ao filme espanhol, por exemplo) pedia à beira do campo o apoio vindo das arquibancadas. Um regente, um técnico ou um diretor? Nesse momento, Cherchesov era um pouco de cada coisa. Fato é que a resposta veio das arquibancadas, em forma de gritos de incentivo. E quando Dzagoev cobrou falta na área e Mário Fernandes cabeceou para as redes croatas, no minutos 114 do filme, ficou evidenciado que aquele filme entraria para a eternidade.

Rebobinando o filme, será possível verificar que próximo ao minuto 90, o goleiro Subasic machucou-se e, aparentemente, teria que sair do jogo, mas acabou ficando. Lembram que eu disse que o goleiro não é um ator qualquer, e cumpre uma função específica? Pois, bem. Tudo seria decidido nas penalidades máximas, situação onde o goleiro tende a ser o protagonista, às vezes como herói, às vezes como vilão, às vezes como nenhum dos dois.

E Subasic queria ser herói, e defendeu sua meta como tal em cobrança de Smolov. Só que do outro lado, Akinfeev também queria brincar de ser herói, e impediu que a cobrança de Kovacic ultrapassasse a linha final do gol.

Se ainda estamos aqui narrando o filme, é porque Mário Fernandes fez um gol na prorrogação, impedindo o término do filme. E, numa história digna de cinema, envolvendo suspense, reviravolta, choros e lágrimas,o lateral-direito brasileiro, naturalizado russo, desperdiçou sua cobrança. Era o início do fim. Pouco depois, Rakitic decretou a cena derradeira do filme, chutando a bola no canto direito de Akinfeev, que caiu para o lado oposto.

Sai de cena a Rússia. E deve fazer isso de pé, de cabeça erguida, ovacionada por seu povo, sua nação! Segue viva a Croácia, e ainda que no fundo trate-se de um time de futebol, e não de um filme, a metáfora é válida, pois assistir a Croácia jogar nessa Copa é tão interessante quanto assistir  um filme candidato ao Oscar. Falando nisso, o sonho de receber o Oscar (ou a taça, como queira chamar) está cada dia mais vivo no coração de cada cidadão croata.




JOGO 59: PICKFORD BRILHA, INGLATERRA JOGA BEM BEM, VENCE A SUÉCIA E VOLTA A UM SEMIFINAL APÓS 28 ANOS

Por Danilo Dias

Há 28 anos sem chegar em uma semifinal de Copa do Mundo. há 12 anos sem vencer uma partida de mata-mata. Assim, a Inglaterra entrava na Arena Samara para enfrentar o bom time da Suécia, buscando a vitória para figurar novamente entre os 4 primeiros colocados da Copa do Mundo, fato que não ocorri desde 1990, na Itália.

E o objetivo inglês foi alcançado. Para chegar até ele, os comandado de Gareth Southgate apresentaram um futebol interessante, superando o forte esquema de jogo sueco. Talvez o primeiro grande passo a ser dado era arrumar uma estratégia para tentar superar o forte sistema defensivo do time sueco.

E foi através da leveza de seu ataque e troca de posição constante de seus homens, que a Inglaterra começou, aos poucos, a envolver o time sueco, que teve um bom início na partida. O time inglês tem uma boa capacidade de jogar pelo chão, usando a velocidade e a habilidade de Streling e Lingard. Mas, foi pelo alto que ele chegou ao gol. Escanteio cobrado da esquerda e Maguire cabeceou para vencer o goleiro Olsen e deixar um pouco mais perto o sonho inglês de voltar a uma semifinal de Copa do Mundo. O relógio marcava 29 da primeira etapa.

O gol fez muito bem a Inglaterra, que passou a dominar o jogo. Lembra de troca de posição dos ingleses, comentada anteriormente nesse texto? Foi ainda na primeira etapa que Harry Kane veio na intermediária e descolou belíssimo passe Sterling, que infiltrou por entre a defesa, chegou a driblar o goleiro Olsen, mas acabou sendo atrapalhado pela marcação e ficando sem ângulo para chutar.

Ainda que estivesse melhor em campo, ainda que estivesse na frente no placar, a tarefa inglesa de passar de fase ainda não poderia ser dada como algo simples. Do outro lado tinha a Suécia, um time dos mais valentes nessa Copa do Mundo. Depois de classificar-se em um grupo onde a Holanda ficou de fora, nas eliminatórias; depois de eliminar a Itália na repescagem; depois de classificar-se em um grupo que a Alemanha ficou de fora e depois de eliminar a Suíça nas oitavas, os suecos venderiam caríssimo aos ingleses a classificação.

Veio a segunda etapa, e a Suécia esteve perto de empatar. Mas precisamente, não o fez porque o goleiro Pickford fez uma defesaça em cabeçada do centroavante Berg. Começava a aparecer ali um dos nomes do jogo. O duelo ficou interessante de se assistir, a Suécia conseguia espaços para atacar e a Inglaterra não se retraía. E o talento inglês apareceu! Lingrd deu um lançamento genial, por elevação, quebrando todo o sistema defensivo sueco e colocando a bola na cabeça de Dele Alli, que não teve dificuldades para vencer o goleiro Olsen e ampliar.

Logo em seguida, a Suécia respondeu com Claesson, que de frente para o gol chutou rasteiro, no canto direito, mas lá estava Pickford novamente, aparecendo de forma brilhante para salvar a Inglaterra.

Não querendo criticar muito, mas já criticando, o treinador Janne Anderson, com dois gols atrás do marcador, achou como uma das soluções para tentar reverter o resultado, tirar Forsberg para a entrada de Martín Olsson, aos 19 minutos. Ainda que o camisa 10 não tenha feito uma excelente atuação, era dele que  a Suécia poderia esperar o passe diferenciado, a jogada mais qualificada, algo que surpreendesse e pudesse deixar a Suécia mais perto de um empate, aparentemente bem improvável àquela altura do jogo

Mesmo sem o seu camisa 10,  Suécia continuou valente e guerreira dentro de campo. Mas o dia era mesmo da Inglaterra, era mesmo do goleiro Pickford. Um chute forte de Berg, alto, no centro do gol (não sei se entraria, se bateria na trave ou se sairia por poucos centímetros), foi levemente desviado pelo goleiro inglês, um dos grandes responsáveis pela classificação inglesas para a semifinal.

O adversário da semifinal será Croácia ou Rússia, que duelam daqui a pouco, em Sochi. Seja o time de Luka Modric, Rakitic e companhia, sejam os donos da casa, eufóricos com a campanha da seleção na Copa do Mundo, quem vier promete dar muito trabalho à Inglaterra. Mas, pelo futebol apresentado hoje, os ingleses demonstram ter muitas possibilidades de conseguir chegar à grande final.



JOGO 38: DINAMARCA EMPATA SEM GOLS COM A FRANÇA E GARANTE VAGA NAS OITAVAS

Por Danilo Dias

A França entrou em campo já classificada e talvez por isso Didider Deschamps tenha lançado a campo um time teoricamente quase todo reservas. A Dinamarca precisa empatar para não depender do resultado do jogo entre Austrália e Peru.

O que tivemos foi um jogo onde os sistemas defensivos foram superiores ao sistemas ofensivas. Não foram criadas muitas chances de gol e o 0x0 ao apito final parece ter ficado de bom tamanho para os dois lados.

Quem parece que não ficou muito satisfeito foi parte do público presente no estádio de Luzhniki. Durante a segunda etapa, ouviu-se muitas vaias para a postura da Dinamarca. O público reclamava de uma possível falta de interesse da Seleção Dinamarquesa na partida, já que em dado momento os comandados de Age Hareide trocavam passes no campo de defesa e pareciam pouco interessados em evoluir para o campo ofensivo. Mas, sinceramente, não faço críticas aos dinamarqueses, não. Achou que o time buscou o ataque em boa parte do jogo, atuou de igual para igual contra uma das favoritas ao título da Copa do Mundo.

No final das contas, mesmo que fosse derrotada, a Dinamarca estaria nas oitavas-de-final, já que a Austrália acabou derrotada pelo Peru por 2x0. Vem aí o mata-mata. A Dinamarca enfrenta o timaço da Croácia, enquanto a França enfrente simplesmente, a Argentina.

A Croácia é favorita diante da Dinamarca, mas não seria uma zebra se a Dinamarca avançasse. O time de Age Hareide já mostrou nesse Mundial que tem boas virtudes, que ainda que não seja um time muito focado em atacar, parece conhecer os atalhos para chegar ao gol.

A França, ainda que não tenha feito grandes atuações até aqui, chega contra a Argentina com um certo favoritismo, dado às atuações abaixo do esperado da Argentina. Mas de um time que tem Lionel Messi, tudo podemos esperar e a promessa é de um jogaço.


JOGO 58: MELHOR COLETIVAMENTE, BÉLGICA MANDA O BRASIL PARA CASA E CHEGA À SEMIFINAL

Por Danilo Dias

Era o encontro de duas das seleções com maior talento em seus plantéis na Copa do Mundo de 2018. De uma lado, o Brasil de Neymar, Coutinho, Marcelo e companhia. Do outro, a Bélgica, de Hazard, De Bruyne e Lukaku. Ingredientes não faltavam par termos um grande jogo.

E no final das contas, Roberto Martínez mostrou aquilo que já vinha mostrando ao longo da Copa toda: que sabe usar o talento individual para montar um grande time de futebol. Coisa que Tite passou longe de fazer ao longo do Mundial.

Escanteio cobrado na área, a bola bateu no braço de Fernandinho e entrou nas redes do goleiro Alisson: gol contra e 1x0 para a Bélgica Lukaku puxa um contra-ataque sensacional, dá um belo drible em Fernandinho, serve De Bruyne, que chuta de fora da área, no canto direito, fazendo 2x0 para a Bélgica.

Os lances do parágrafo anterior, ocorreram respectivamente nos minutos 12 e 30 da primeira etapa. Era a primeira vez que o Brasil ficava atrás do marcador na Copa do Mundo. E foi aí que a equipe montada por Tite mostrou qual era o seu maior defeito: a falta de coletividade para criar jogadas ofensivas. Neymar, Gabriel Jesus, William e Coutinho formavam o quarteto de ataque e até tentavam produzir jogadas de gol, até conseguiam exercer determinada pressão sobre a Bélgica. No entanto, muito mais em jogadas individuais que propriamente em jogadas coletivas. Os quatro pouco conseguiam dialogar, pouco conseguiam fazer coletivamente para tentar envolver o alto, bom e sólido sistema defensivo belga.

Era a hora de Tite atuar. E para volta do intervalo, o treinador lançou Roberto Firmino na vaga de William. Dois jogadores de características um pouco diferentes, mas no fundo, o treinador brasileiro estava trocando uma peça ofensiva por outra. Talvez seria de maior ousadia tirar um jogador mais de defesa, devido às circunstâncias do jogo.

A Bélgica fez na segunda etapa, uma das coisas mais arriscadas de se fazer quando se joga diante de uma equipe que possui jogadores de tanta qualidade quanto o Brasil: recuar excessivamente. O time que trabalhava bem a bola no ataque, que sabia contra-atacar e que causava muito perigo ao Brasil na primeira etapa, foi cada vez mais sumindo da parte ofensiva. Uma reviravolta, que parecia distante na primeira etapa, devido ao desenho tático do jogo e superioridade belga, se tornou algo bem possível.

O Brasil rondava a área, tentava por um lado, pelo outro, mas faltava a coletividade, faltava o toque de bola, faltava um jogador para cadenciar a partida. Talvez fosse Paulo Henrique Ganso, talvez fosse Oscar, mas Tite deixou esses fora da lista. Preferiu Taison, Fred, entre outros, que sequer foram usados. E na hora de tirar um homem do sistema defensivo para colocar um atacante, Tite tirou Gabriel Jesus e colocou Douglas Costa, quando o relógio apontava 12 minutos. Ainda que Douglas Costa tenha entrado bem na partida e produzido mais que Gabriel Jesus, a substituição não se justifica. Perdendo por 2x0, na segunda etapa de um jogo eliminatório, tirar um homem de defesa para colocar uma peça ofensiva é quase o mínimo que o treinador da Seleção Brasileira deveria ter feito.

Ainda com substituições mal executadas, ainda que jogando mal, ainda que perdendo por 2x0, ainda que o relógio andasse e o placar não fosse alterado, o Brasil estava vivo ainda. É duro vencer o Brasil,  o time parece estar sempre perto de ressurgir. Tite fez última mexida: Renato Augusto na vaga de Paulinho, aos 27 do segundo tempo. Ainda que possa se verificar algum cunho ofensivo na substituição, não faz nenhum sentido manter Fágner (peça quase nula na segunda etapa) em campo e dois zagueiros (ainda que a dupla de zaga tenha feito uma ótima partida).

O Brasil esbarrava nas substituições equivocadas do seu treinador, nas individualidade infrutífera de seus jogadores, e para piorar, na inspirada noite de Courtois em Kazan. O goleiro fez defesas espetaculares durante a partida. Na mais incrível delas, Neymar chutou caprichosamente, quando o placar marcava 2x1 para a Bélgica, no ângulo esquerdo, e o goleiro voou para evitar o empate.

Para não sairmos muito da ordem cronológica das coisas, antes da defesa
de Courtois nesse chute do Neymar, devemos falar do gol de Renato Augusto. O camisa 8 se enfiou por entre a defesa belga e aproveitou um lançamento fenomenal de Coutinho, para cabecear e vencer a muralha chamada Courtois. Era o gol da esperança. E o próprio Renato Augusto teve a chance mais clara para empatar o jogo, ao receber cara a cara com o goleiro e chutar caprichosamente no canto direito. A impressão era que a bola entraria, era o gol de empate do Brasil, mas não! Fica a impressão que Courtois, o sistema defensivo, Roberto Martínez e a população da Bélgica, em conjunto, reuniram forças para a bola desviar a trajetória e sair. Simplesmente incrível!

No final das contas, venceu o time mais bem arrumado, que tem uma proposta bem definida e sabe seguí-la dentro das 4 linhas. Bélgica x França tem tudo para ser um dos melhores jogos da Copa. Não existe favorito. Se a Bélgica quer concretizar o sonho de chegar em uma final de Copa, precisar repensar a atitude durante a segunda etapa contra o Brasil. Ainda que exista uma solidez defensiva, é muito arriscado jogar tão recuado contra times talentosos. Ressaltando ainda que a França é muito mais organizada que o Brasil ofensivamente.

O bando comandado por Felipão em 2014, que alguns chamavam de time, deram lugar em 2018 a um time de futebol, comandado por Tite. Um time qualificado, organizado defensivamente, difícil de ser vazado, e duro de ser batido. A Seleção Brasileira de 2018 é a cara do Tite. Defende com qualidade, sofre muito para criar no ataque e acaba em algum momento achando um gol. Muitos definem isso como "o time feito para ganhar por 1x0". Talvez "achar" um gol quando se tem um time com Neymar, Coutinho, Marcelo, Gabriel Jesus, entre outros, não seja tarefa tão complexa para se conseguir em 90 minutos, mas convenhamos, é muito pouco para uma Seleção Brasileira de Futebol.

quinta-feira, julho 05, 2018

JOGO 48: BÉLGICA DERROTA INGLATERRA E AVANÇA EM PRIMEIRO LUGAR, COM 100% DE APROVEITAMENTO

Por Danilo Dias

Bélgica e Inglaterra pisaram no estádio de Kaliningrado, com a classificação para aas oitavas-de-final já garantida. Talvez por isso, Roberto Martínez e Gareth Southgate mandaram a campo, equipes praticamente reservas.

Os dados descritos no parágrafo anterior, talvez possam sugerir que tratava-se de um amistoso de luxo. Mas na verdade, não. O jogo valia a primeira colocação do grupo. Já que iniciaram o jogo iguais em número de pontos, saldo de gols, gols marcados e gols sofridos, o que dava a liderança para os ingleses eram dois cartões amarelos sofridos a menos que os belgas. Logo, a Inglaterra avançaria em primeiro com o empate, desde que não recebesse um número tal de cartões amarelos a ponto de superar a Bélgica nesse quesito.

Mas, não foram necessárias muitas contas de cartões para se saber quem ficaria com a liderança. Isso porque aos 5 minutos da segunda etapa, Januzaj acertou um belíssimo chute, da ponta direita da grande área, fazendo a bola encontrar as redes de Pickford. Foi o gol único do jogo, que deu a Bélgica uma merecida vitória e merecidos 100% de aproveitamento nessa primeira fase do grupo.

Vitória merecida pois a Bélgica mostrou em campo que seu time reserva também é muito bom. Talvez não tanto quanto o titular, mas jogadores como Fellaini e Batshuayi, por exemplo, podem ser muito úteis. Três vitórias merecidas em três jogos porque a Bélgica sabe propor o jogo, procurar o gol, ser intensa, produzir muitas chances de gol. Existe uma forma de jogo definida, existe um time bem treinador, um esquema tático que funcionou muito até então. Se já foi muito bem em 2014, está indo muito bem em 2018 a seleção belga. E  qual será o limite para essa seleção, só o futuro dirá. Mas estar na final do dia 15, em Mosscou, no estádio Lujniki, é um sonho para lá de possível, que não teria nenhum conotação de zebra. O primeiro passo já foi dado, que era passar de fase. O segundo é superar o Japão nas oitavas.

A Inglaterra precisa evoluir. Fez uma primeira fase com altos e baixos, mas mostrou pouco futebol. A geração de garotos, bem badalada, me parece ter mostrado muito menos do que realmente pode. Duelo que promete ser duríssimo nas oitavas, diante da Colômbia

terça-feira, julho 03, 2018

JOGO 52: O DIA É DE KASPER SCHMEICHEL, MAS A CLASSIFICAÇÃO É DA CROÁCIA!

Por Danilo Dias

Croácia e Dinamarca não fizeram em Nizhny Novgorod uma partida tão boa assim na parte técnica. Talvez as duas seleções não tenham conseguido, ao longo da partida, desenvolver suas estratégias da melhor maneira possível. Mas nem sempre um jogo precisa ser bem jogado, técnica e taticamente para ser inesquecível, épico, emocionante.

Croácia x Dinamarca reuniu todos os ingredientes que uma grande história precisa. Momentos de alta tensão, apreensão, emoção, dúvidas, incertezas.

Se daqui a cinco, dez, quinze anos, forem falar de Croácia x Dinamarca, o primeiro nome que virá em mente será Kasper Schmeichel, goleiro de Seleção Dinamarquesa. Isso porque o camisa 1 conseguiu simplesmente defender três cobranças de pênaltis, uma na prorrogação, e duas nas cobranças de pênalti após a prorrogação. Talvez tenho sido um certo Spoller da minha parte, falar isso já no terceiro parágrafo do texto. Talvez tivesse que deixar para falar isso no final. Talvez toda história deva ser narrada com os momentos de maior emoção no final. Perdoem-me!

Os minutos inicias da partida foram bem movimentados, para deixar bem ligado o maior sonolento dos seres humanos que tivesse assistindo ao duelo. Resumindo, Jorgensen abriu o placar para a Dinamarca no primeiro minuto e Mandzukic empatou aos 3. Foram os únicos gols da partida.

Daí em diante, o que se viu foram duas equipes tentando o ataque, buscando propor o jogo. Houve alternância no domínio e fica difícil dizer quem jogou melhor. Talvez a Croácia pudesse ter jogado melhor, talvez a Dinamarca tenha impedido que a Croácia tenha jogado melhor. Talvez a Dinamarca pudesse ter jogado melhor. Talvez a Croácia tenha impedido que a Dinamarca tenha jogado melhor. As frases acima parecem complexas, mas não são tanto assim.

A forte marcação das duas equipes fez com que as defesas se sobressaíssem em relação aos ataques. Foram poucas chances cridas, mas como eu disse há pouco, o jogo não precisa ser tão bem jogado para ser emocionante.

Copa do Mundo, jogo eliminatório, 45 do segundo tempo, empate no marcador e prorrogação por vir. Talvez não precise de mais muita coisa para gerar emoção ao espectador. Mas o clímax veio exatamente aos oito minutos do segundo tempo da prorrogação. Entravam em cena Luka Modric, Ante Rebic, Kassper Schmeichel e Zanka Jorgensen (sim, o mesmo que fez o gol da Dinamarca no primeiro minuto de jogo).

Modric deu um passe simplesmente espetacular, colocando Rebic frente a frente com Schmeichel. O atacante croata driblou o arqueiro dinamarquês, e ficou com o gol vazio para empurrar a bola e colocar sua seleção com um pé nas quartas-de-final. Só que surgiu então, outro pé. Era o de Jorgensen, que deu um carrinho, atingindo a perna do atacante e impedindo o chute para o gol. Pênalti assinalado, corretamente. O erro do árbitro Nestor Pitana foi somente aplicar o cartão amarelo, e não o vermelho, ao jogador dinamarquês. Alguém lembra de Uruguai x Gana, em 2010, quando Suárez fez um pênalti nos minutos finais da prorrogação, para evitar o gol da seleção africana? Algo parecido acontecia oito anos depois. E se em 2010, Asamoah Gyan perdeu, dessa vez foi a vez de Modric desperdiçar. O mesmo Modric que deu a bela enfiada de bola no lance que gerou o pênalti, parou no mesmo Schmeichel, driblado pouco antes da ocorrência da infração.

A magia do futebol, o que contagia esse esporte, muitas vezes está fora das 4 linhas. Nas arquibancadas do estádio de Nizhny, Peter Schmeichel, comemorava a defesa do seu filho dentro das quatro linhas. Até aí, nada de muito curioso. Mas o que torna o fato para lá de interessante é que Schmeichel, o pai, também foi goleiro da Seleção Dinamarqueza, no passado.

E pouco depois, o pai viu o filho brilhar mais duas vezes. Kasper Schmeichel cismou que queria ser o herói da noite. Na disputa por pênaltis, pegou mais duas cobranças, de Badelj e Pivaric. Só que Eriksen, Schone e Jorgensen desperdiçaram pela Dinamarca e a cobrança derradeira de Rakitic veio a colocar a Croácia nas quartas de final. Importante comentar que Luka Modric foi o terceiro a bater na Seleção da Croácia e converteu sua cobrança.

Schmeichel foi heróico, excepcional, brilhante. Eleito o melhor jogador da partida! Talvez, para não dizer com certeza, o camisa 1 da Seleção Dinamarquesa trocasse todos esses adjetivos, a eleição de melhor jogador e as cobranças defendidas por uma vaga nas quartas-de-final do Mundial. Ainda que não tenha sido possível, pode ter a certeza que Kaasper Schmeichel está eternizado na história do melhor torneio do melhor esporte do mundo: a Copa do Mundo, o futebol!




JOGO 53: BRASIL VENCE O MÉXICO E CHEGA ÀS QUARTAS-DE-FINAL

Por Danilo Dias

A solidez defensiva do Brasil foi um dos fatores primordiais para a equipe comandada por Tite ter saído vitoriosa nesta segunda-feira da xxx Atena. o México dominou o jogo nos 20 minutos iniciais, tentou agredir o. Rádio, usando muito as laterais do campo, tentando jogadas de profundidade. Filipe Luís e Fagner tiveram muito trabalho defensivamente, mas com ajuda de Thiago Silva, Miranda e Casemiro, o sistema defensivo brasileiro tornava o gol de Aliss
on bem protegido.

Passado os 20 minutos iniciais, o Brasil equilibrou o jogo e passou a figurar mais no campo ofensivo. Poucas jogadas coletivas, .uita individualidade. E E quando se tem jogadores com a qualidade do Brasil, ainda que o coletivo não colabore, o individual propicia jogadas de perigo, como a de Neymar, que deixou para trás um defensor e chutou na saída de Ochoa, que fez ótima defesa. Aliás, assim como no 0x0 entre Brasil e Mexico em 2014, o goleiro mexicano teve ótima atuação diante do Brasil em solo russo.

O México parecia não ter fôlego para continuar a marcar pressão e o Brasil cresceu na partida nos minutos finais de primeira etapa. O gol até parecia perto,mas o intervalo chegou sem que as redes fossem balançadas.

E no início da etapa final, saiu o gol brasileiro, em uma das raras jogadas coletivas da equipe, aliando beleza e eficiência. Neymar apareceu na meia-lua, tocou de calcanhar para Willians, que invadiu a área pela esquerda e bateu cruzado para o próprio Neymar, de carro no, abrir o marcador.

A necessidade de conseguir um gol pelo menos para ter a chance de seguir na Copa, fez o México sair para o jogo. A equipe muito bem montada por Juan Carlos Osório tocava bem a bola, chegava, pressionava, tentava, mas pecava demais nas finalizações. E a falta de pontaria mexicana a somado à defesa sólida doBrasil, tornavam cada vez mais próxima a vaga do.Brasil para as quartas de final. E ainda deu tempo para Roberto Firmino sair do banco de reservas e deixar sua marca.

Segue o Brasil na Copa. Aliando a sua consistência defensiva à capacidade individual de seus jogadores, tem boas possibilidades de chegar mais longe, mas certamente, com a qualidade dos jogadores, esse time poderia propor o jogo, criar e produzir muito mais.

JOGO 54: BÉLGICA CONSEGUE VIRADA INCRÍVEL SOBRE O JAPÃO E PEGA O BRASIL NAS QUARTAS.

Por Danilo Dias

Propor o jogo, buscar o gol, atacar sem medo de deixar espaços na defesa. O desenho tático do jogo entre Japão e Bélgica demonstrou que esse era mais ou menos o pensamentos das duas equipes. E quando duas equipe buscam o ataque, propõe o jogo, permitem atacar e ser atacada, o duelo tende a ser muito interessante.

Se alguém esperava facilidade para a Bélgica, talvez não tenha assistido o Japão jogar na primeira fase. Ainda que as duas equipes tenham buscado o ataque, o primeiro tempo terminou sem que o placar fosse inaugurado. As emoções estavam guardadas para a segunda etapa. E quanta emoção!

E nos primeiros sete minutos da segunda etapa, a Bélgica viu sua situação na Copa do Mundo ficar complicadíssima. Harguchi abriu o placar aos 2 minutos, e cinco minutos mais tarde, em lindo chute de fora da área, Inui fez o 2x0. Para muitos, o Japão passar, seria uma zebra. Para mim, um resultado normal, ainda que a Bélgica fosse a favorita. Detalhe que entre os dois gols japoneses, Hazard carimbou a trave esquerda de Kawashima.

O gol fez muito bem ao Japão. Desenvolto, tocando a bola com muita qualidade, sem abdicar de atacar, mesmo em vantagem, o Japão dava sinais de que não iria se retrancar apesar da vantagem no placar. O jogo foi ficando cada vez mais tenso e perigoso para a Bélgica.

E aos 23, caiu do céu um presente para os belgas. Bola na ponta esquerda da área, Vertonghen cabeceou (aparentemente buscando o meio da área), mas a bola acbando tomando um rumo esquisito, tocando no travessão de Kawashima e entrando. Há quem diga que foi falha do goleiro japônes, mas eu eximo de culpa o camisa 1. O gol fez bem à Bélgica, bem ao espetáculo. 

A Bélgica possui muito talento e versatilidade no seu jogo. Tenta pelo chão, tenta no toque de bola, na jogada individual, na velocidade. Mas foi pelo alto que a equipe conseguiu maior sucesso. Lukaku quase empatou em cabeçada, mas Kawashima salvou em linda defesa. Também de cabeça, Fellaini, que veio do banco de reservas, tentou. E teve mais sucesso que o camisa 9. (Lukaku) Cruzamento da esquerda e ele subiu com sua vasta cabeleira, por entre a defesa japonesa, para empatar a partida e colocar de vez emoção na partida. O relógio marcava 28 minutos.

O jogo ficou aberto e as duas equipes pareciam dispostas a buscar o gol, sem se contentar em "esperar a prorrogação". Os dois goleiros trabalharam, evitando que alguma equipe conseguisse o gol, que aquela altura, deixaria o passaporte quase carimbado pra as quartas-de-final. Parecia que o amante de bom futebol ganharia mais meia hora de um grande jogo de futebol. Mas não!

Foi num belo contra-ataque, aos 48 minutos de jogo, que a Bélgica conseguiu praticamente carimbar seu nome entre os oito mais bem classificados da Copa do Mundo de 2018. Meunier serviu Chadli, que empurrou o gol vazio. A partir dali, a Bélgica comemorou o gol, e só precisou esperar alguns segundos, até a bola sair e o árbitro apitar o final do jogo.

O choro comovente dos japoneses ao final do jogo na Arena Rostov, deve ter doído até no japonês mais frio e calculista! Choro de quem lutou, de quem fez muito bonito, de quem não abdicou em nenhum instante de jogar bola, de encarar de igual para igual um dos melhores times dessa Copa do Mundo.

Bélgica x Brasil, dia 6 de julho, sexta-feira, na Arena Kazan. Imperdível. O time de Roberto Martínez, que gosta de propor o jogo, de atacar, de ir para cima, enfrenta os comandados de Tite, que tem em mãos um plantel incrível, mas que sinceramente, parece mais preocupado na solidez do seu sistema defensivo do que com qualquer outra coisa.


domingo, julho 01, 2018

JOGO 51: ENTREGA, RAÇA E FORÇA MENTAL: RÚSSIA ELIMINA A ESPANHA NOS PÊNALTIS E VAI ÀS QUARTAS-DE-FINAL

Por Danilo Dias


O toque de bola, espanhol, a imposição e domínio dentro das quatro linhas, fez sumir todo o futebol ofensivo apresentado pela Seleção Russa até então na Copa do Mundo. Os atacantes da equipe de Salamovich Cherchesov mais marcaram do que atacaram durante os 120 minutos de bola rolando.

O gol cedo da Espanha deixou o jogo aparentemente tranquilo para a Campeã do Mundo de 2010. Foi logo aos 11 minutos que após cobrança de falta da direita na área, Ignashevich dividiu bola com Sérgio Ramos e a bola acabou pegando em seu calcanhar e entrando.

Oferecer a bola ao adversário parecia algo proibido na Seleção Espanhola. Como se fosse uma regra, quase uma seita. Isco, Koke, Alba e companhia, seguiam essa regra à risca. A Rússia marcava no campo defensivo, tentava escapar em contra-ataque, mas quase sempre sem sucesso. O poder de marcação pressão da Espanha é um das coisas mais belas e eficientes de se ver nessa Copa do Mundo.

Apesar do domínio absoluto e posse de bola extremamente superior, a Espanha tinha dificuldades para criar. Em dado momento, curiosamente, os espanhóis venciam o jogo por 1x0, mas sem terem conseguido finalizar ao gol de Akinfeev, fato esse só possibilitado pelo fato de o gol ter sido contra.

Cabia a Rússia, arrumar alguma estratégia para conseguir ter uma mínima presença ofensiva. E em um dos raríssimos ataques da seleção da casa, veio o gol de empate. Mario Fernándes conseguiu ir ao fundo, pela direita, e ganhar um escanteio. Bola alçada na área, cabeçada para o gol e Piqué acabou levantando demais o braço, que acabou encontrando a bola. Pênalti assinalado pelo holandês Bjorn Kuipers e convertido por Dzyuba. Festa em Moscou!

Veio a segunda etapa e a Rússia parecia não ter forças para tentar brigar pelo território e pela bola. Dessa forma, os russos deram campo à Espanha, deram a bola para a Roja. O toque de bola espanhol ficou cada vez mais veloz, as tentativas de penetração no sistema defensivo russo passarem a ser mais constantes e os contra-ataques russos desapareciam cada vez mais. Aos 21, Hierro lançou Iniesta (começar com esse jogador no banco de reservas só se explica se for por questões físicas) e a Espanha naturalmente ganhou qualidade no toque de bola, ainda que o camisa 6 não tenha conseguido produzir seu melhor futebol em meio à marcação russa.

Em um dos raros momentos em que conseguiu contra-atacar, a Espanha quase abriu o placar com Rodrigo, mas Akinfeev apareceu bem para evitar. Ainda que a postura defensiva russa não seja a forma de jogar futebol que eu considero mais apropriada, a entrega, a raça e a vontade desse time russo é algo invejável. Você marcar o jogo inteiro, fechar cada espaço impedindo a penetração de um time que tem Iniesta, Isco, entre outros, não é tarefa das mais fáceis. Requer muita força. Física, mental, psicológica.

Ao término dos 90 minutos regulamentares, o semblante dos russos era de quem está extenuado, de quem não aguenta mais, de quem está no limite físico. Mas no esporte, você rompe os limites para conseguir seus objetivos, seus sonhos, suas conquistas. Ir às quartas de final era a meta russa, independente do custo físico que isso lhe pudesse causar. E dessa forma, a Rússia segurou-se por mais meia hora. Segurou uma Espanha que aumentou o ritmo, que pressionou dentro da sua proposta e seu estilo.

Veiram as penalidades!

Mais de 144 milhões de mãos, espalmaram o chute de Koke junto com Akinfeev. Minutos depois, cada russo pôs um pezinho ali, quase no centro do gol, um pouquinho para direita, para junto com o camisa 1, chutar para longe a cobrança de Iago Aspas. Era um momento único, marcante, simbólico. A Rússia está nas quartas-de-final da Copa de 2018