No dia 10 de Janeiro, o volante belga do Wolfsburg, Juinior
Malanda, de apenas 20 anos, perdeu a vida em um acidente de carro. Nesta sexta-feira, 20 dias após o acidente, o Wolfsburg entrava em campo pela primeira vez após a tragédia: a equipe recebeu o poderoso Bayern de Munique dentro de casa, na Toca dos Lobos.
E antes que a bola começasse a rolar, Malanda foi homenageado pela torcida do clube o qual prestava serviços antes de perder a vida. E dentro das quatro linhas, ele também recebeu uma homenagem de seus companheiros. E que homenagem!
No ponto de vista prático do desporto futebol, o Wolfsburg mostrou organização, compactação, eficiência na parte defensiva e oportunismo na parte ofensiva. No ponto de vista psicológico, a equipe demonstrou alma, garra, emoção e vibração. Onde quer que Malanda esteja, deve estar orgulhoso daquilo que seus companheiros fizeram dentro das quatro linhas. Só isso já bastava para fazer o duelo histórico, mas a parte numérica veio para acrescentar pitadas heróicas: Wolfsburg 4 x 1 Bayern de Munique.
Foi como se a alma de Malanda estivesse na ponta da chuteira de cada ser humano que entrou no gramado da Volkswagen Arena vestindo verde. Como se a sinergia presente no time fosse capaz de superar qualquer obstáculo, desde os mais simples até os mais Bayerns de Munique.

Foi o dia em que a posse de bola do Bayern sucumbiu à capacidade de contra-atacar do adversário. Foi uma aula! No primeiro gol, Caligiuri recebeu pela direita em velocidade, serviu De Bruyne, que não foi fominha e passou para Dost chutar e estufar as redes de Neuer, finalizando o belo contra-ataque. E o segundo gol também foi de Dost. E que golaço! Um chutaço de fora da área, que encontrou o ângulo esquerdo superior de Neuer.
E com dois gols em desvantagem foi o Bayern para o intervalo. Poderia se esperar alguma substituição mirabolante ou mexida tática do mestre Guardiola para reverter o quadro. Mas, do seu banco de reservas, Guardiola viu foi a equipe comandada pelo alemãor Dieter Hecking continuar encantando.
De Bruyne sacramentou sua excepcional atuação com dois gols em contra-ataque. No primeiro deles, recebeu passe de Arnold e percorreu longa distância para finalizar e vencer Neuer. Detalhe que na hora do passe, o belga estava à frente de todos os homens de linha do Bayern, mas como estava atrás da linha do meio-campo, estava em posição legal. Bernat diminuiu em falha de Naldo, mas nada que pudesse comprometer o show do Wolfsburg. De Bruyne recebeu no mano a mano com Dante, cortou para a perna esquerda e soltou a bomba para novamente vencer Neuer.
Do ponto de vista da tabela de classificação, a vitória do Wolfsburg representa a primeira derrota do Bayern na competição (isso mesmo, a equipe de Guardiola não havia perdido nenhuma das 17 partidas disputadas), o número de gols sofridos pelo Bayern dobrados em um só jogo (isso mesmo, a equipe de Guardiola havia sofrido somente quatro gols em 17 partidas) e uma redução da distância entre as equipes de 11 para oito pontos (isso mesmo, a equipe de Guardiola estava liderando o campeonato com 11 pontos à frente do vice-líder Wolfsburg.
Do ponto de vista emocional, a vitória vale mais que isso. Provavelmente, daqui a anos, esse duelo será lembrado não pela pontuação das equipes na tabela, mas como o dia em que Malanda foi homenageado pela torcida e recebeu de presente da sua equipe uma atuação de gala, de cinema. Se hoje Malanda é uma estrela, ela deve estar brilhando forte, tanto quanto seus companheiros brilharam dentro de campo.