Os fatos fazem as coisas parecerem tão simples, mas Mano Menezes consegue insistir e relutar contra eles. Está certo que o fato é algo indiscutível, algo que é absoluto. Então não posso dizer que é um fato que o Lucas joga mais bola que o Renato Abreu, pois alguém pode discordar e não tenho elementos que comprovem cientificamente essa tese. Então digo que aos meus olhos, isso é um fato. Nada contra o Renato Abreu, que tem suas qualidades, mas para desempenhar a função de criação de um meio-campo, Lucas é bem mais aconselhável. E Mano Menezes parece ter demorado para entender isso.
Há 15 dias o Brasil entrava em campo para duelar com a Argentina, com Ralf, Paulinho e Renato Abreu no meio-campo. Nesta quarta-feira, um quê de sensatez parece ter batido na cabeça do treinador da nossa querida Seleção Brasileira e ele lançou Lucas na vaga do nosso querido Renato Abreu. E aconteceu o natural, o óbvio. Lucas foi muito melhor que o jogador o qual substituía, deu muito mais velocidade e qualidade ao meio-campo do Brasil. E foi no ritmo da jovem promessa são paulina e com os gritos dos torcedores presentes ao Mangueirão que o time escalado por Mano foi para cima da Argentina. Por sinal, no time dos nossos hermanos, algumas mudanças, como Guinazu, Montillo e Viatri na equipe titular.
Mas havia um outro nome em campo, até aqui não citado, que roubou a cena. Trata-se de Cortês, lateral-esquerdo do Botafogo. E ele não chamou a atenção somente pela sua vasta cabeleira, mas sim pelo seu futebol. Aos 12 minutos ele achou Borges (substituto do contundido Leandro Damião), que achou Neymar que chutou para boa defesa do goleiro Orión, da Argentina. E a dupla Neymar-Cortês entendia-se bem pela ponta direita, mas faltava algo mais para seleção, que enfrentava dificuldade para penetrar por dentro da zaga Argentina, que executava uma marcação implacável. E foi aí que Lucas apelou para o talento, fazendo coisa que dificilmente Renato Abreu faria. O jovem arrancou pela ponta direita, trouxe para o meio fazendo fila e abriu na direita para Borges, que centrou deixando Neymar debaixo do poste, mas o craque santista acabou furando e deixando a bola passar.
Tive medo do treinador de seleção de verde e amarelo agora inventar de tirar o Lucas no intervalo, para colocar algum jogador de defesa, ou algo do gênero, mas ele deu prioridade ao futebol bem jogado, coisa que tem feito pouco constantemente. Dessa maneira, o Brasil voltou sem alterações para a segunda etapa, assim como a Argentina. Mais incisivo que no primeiro tempo, o time de Mano começou a apertar a Argentina, que marcava muito bem.Na parte defensiva, Réver fazia boa partida e Dedé nem tanto. Aos 7, o zagueiro do Vasco errou em uma saída de bola e a jogada de ataque dos hermanos terminou em chute de Fernández, muito bem defendido por Jefferson, que fazia sua primeira grande intervenção com a camisa da seleção principal. E essa bola defendida pelo goleiro alvinegro foi para escanteio. E desse escanteio nasceu o gol brasileiro. Bola afastada da área e Cortês teve a calma e tranqüilidade que se deve ter um jogador de seleção para puxar um contra ataque tocando para Borges, que entregou para Danilo que deu um passe excelente para Lucas. E mais uma vez o meio-campista do São Paulo fez algo que dificilmente Renato Abreu faria; ele arrancou pelo meio e finalizou com classe, na saída do goleiro Orión, para marcar o primeiro gol do Clássico das Américas. Nesse instante a torcida brasileira que encheu o estádio Mangueirão e fez uma linda festa comemorou muito. E o tento deu ânimo para seleção. Cortês se destacava pela ponta esquerda, provando que tem condições de vestir a camisa da seleção. Aos 14, o técnico Sabella tirou Canteros e colocou Bolatti em campo; 9 minutos mais tarde foi a vez de Mano Menezes tirar Lucas, o autor do gol, para lançar Diego Souza e pouco depois sacar Borges, com caimbra para a entrada do atacante do Fluminense Fred. Pouco aqui se falou do Ronaldinho Gaúcho, que teve uma atuação discreta, buscando jogo, mas criando poucas jogadas de perigo. E aos 29 minutos de jogo, o segundo gol brasileiro saiu dos pés do melhor jogador em campo. Cortês arrancou pela esquerda e entregou para Diego Souza, que bateu para o meio, Neymar tocou na bola, que bateu no zagueiro e acabou indo para o fundo das redes. Era o Brasil fazendo 2 a 0 no seu maior rival. E antes de encerrar os detalhes do jogo, cabe destacar mais duas belas defesas de Jefferson, que, para mim, já devia ter assumido a titularidade da seleção, quando esta conta também com jogadores que atuam fora do nosso país. Enfim, Mano Menezes conseguiu vencer uma seleção de maior tradição que EUA, Escócia, entre outras.
Escalar o Brasil da maneira que Mano Menezes escalou é, em minha opinião, o certo. Não se trata de ter mérito ou de ter tido uma grande sacada, Mano Menezes fez o mínimo que se espera de um treinador que dirige a Seleção Brasileira. Para completar, ele deveria pediu desculpas aos brasileiros, na televisão, em horário nobre, por ter escalado 15 dias atrás, Ralf, Paulinho e Renato Abreu, juntos, para compor o meio-campo do time que ele dirige.
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