E a Espanha está na final da Eurocopa pela segunda vez
seguida. Mas não conseguiu isso sem antes triunfar em um duelo pra lá de
complicado, diante de Portugal. As duas seleções travaram um confronto muito
equilibrado, pegado e tenso. Se a Eurocopa tem por características ter um
número baixo de faltas, esse duelo teve o oposto, com mais de 41 infrações após
os 90 minutos. Se a Espanha tem por característica encurralar e dominar seus
adversários, dessa vez isso não aconteceu. Portugal conseguiu adiantar a marcação,
forçar a Espanha ao erro, dificultando a saída de bola. A consistência
defensiva espanhola somada à boa aplicação tática portuguesa, fez com que aparecessem
poucas chances de gol. E o placar não foi alterado durante 120 minutos. Então,
foi nas penalidades que a Espanha manteve vivíssimo o sonho de ser a primeira
seleção a conquistar duas vezes seguidas o título da Eurocopa.
Ofensivo, Portugal dificulta vida espanhola
Logo quando a bola rolou em Donetsk, Portugal mostrou uma
postura bastante ofensiva, agredindo a Espanha. Com um minuto, Miguel Veloso
cobrou escanteio fechado da direita e provavelmente a bola não entraria, mas
Cassillas preferiu não arriscar e colocou a mão na bola para não correr maiores
riscos. Anular o ímpeto ofensivo espanhol é difícil e não pode-se dizer que
Portugal conseguiu, mas pode-se dizer que a equipe do técnico Paulo Bento
diminuiu os espaços para o time de Vicent Del Bosque trabalhar a bola na
frente. Aos 8 minutos, a Espanha teve uma bela chance na partida. Após boa troca
de passes, Negredo tocou para Arbeloa, que da entrada da área bateu por cima. E
o duelo começou a apresentar características diferentes das habituais. A
Espanha tinha dificuldades para dominar o adversário, errava passes além do
normal e o duelo era truncado, com um número de faltas muito alto para o padrão
da Eurocopa. Muito se fala da capacidade ofensiva do time espanhol, mas cabe
ressaltar que se trata também de um time muito aplicado defensivamente, com um
poder de marcação invejável. Assim, Portugal tinha dificuldades para criar. Somando-se
a Copa do Mundo de 2010 e a Eurocopa 2012, a Espanha fez 12 jogos, sendo que
dois foram para prorrogação, e tomou apenas três gols. Aos 28 minutos, viu-se
algo que não é tão comum de se ver quando a bola está com domínio espanhol. Se
quase sempre joga pelo chão, dessa vez a Espanha trabalhou com um lançamento
longo, que encontrou Negredo na ponta direita da área. O atacante, titular
nessa partida, deixando Torres e Fábregas no banco, tocou para Xavi na meia-lua
e o camisa 6 abriu na esquerda para Iniesta, que acabou batendo por cima. Até
aqui, não falei de Cristiano Ronaldo, mas não por ele estar sumido e sim porque
abordei mais uma visão geral do jogo, sem citar muitos nomes. O camisa 7 de
Portugal buscava incessantemente o jogo e aos 31 minutos, por pouco não abriu o
placar, em um chute rasteiro de fora, que passou à esquerda de Cassillas. Nani
e Hugo Almeida também participavam bem do jogo, ajudando Portugal na proposta
adotada, de marcar muito no campo ofensivo, tentando forçar a Espanha ao erro.
Aos 40 minutos, Cristiano tocou para Raul Meireles, mas quando foi receber de
volta na frente, foi derrubado por Sérgio Ramos, pouco depois da linha de
meio-campo: amarelo para o zagueiro espanhol.
Jogo segue com a mesma tônica
Veio a segunda etapa e a Espanha continuou com dificuldades
para encontrar seu bom futebol. Aos 8 minutos, Del Bosque lançou Fábregas, na
vaga de Negredo. E o jogador do Barcelona substituiu bem seu companheiro,
aparecendo bem no meio-campo. E não demorou muito para Del Bosque mexer de
novo, lançando Navas na vaga de David Silva. Enquanto Del Bosque tentava
melhorar sua equipe, do lado protuguês Hugo Almeida mostrava-se muito perigoso,
com boa presença. Ele tentou por três vezes arrematar na direção do gol de
Cassillas, mas suas três finalizações acabaram não tomando o rumo das redes.
Aos 18, Fábregas fez boa jogada pela ponta esquerda, e quando rumava para
invadir a área acabou derrubado por João pereira. Cartão amarelo para o lateral
direito português. Falando em lateral, Jorbi Alba fazia uma grande partida pelo
lado esquerdo, apoiando como um ponta e demonstrando qualidade no quesito
marcação. Aos 35, Paulo bento mexeu, sacando Hugo Almeida para a entrada de Nélson
Oliveira, substituição essa que eu não faria, a não ser por falta de condição
física de Hugo Almeida, o que não aprece ter sido o caso. Mesmo quando estava
pressionada no campo defensivo, a Espanha não abria mão do seu estilo de jogo e
tentava sair jogando, era raro ver chutões. E aos 41 minutos, uma improvável
substituição no time espanhol. Del Bosque tirou, nada mais, nada menos, que
Xavi, um dos homens mais importantes do time, para a entrada de Pedro.
Substituição essa que surtiu um efeito positivo e Pedro deu trabalho jogando
aberto pela ponta esquerda. Aos 44 minutos, Cristiano Ronaldo teve grande
oportunidade de reduzir as chances de se ter uma prorrogação e colocar Portugal
muito perto da grande final. Ele apareceu na área espanhola pela ponta
esquerda, recebeu de Raul Meireles, mas na hora de finalizar, acabou batendo
muito mal.
Espanha joga melhor na prorrogação
E na meia hora de prorrogação, foi onde a Espanha conseguiu
melhor implementar o seu estilo de jogo. Portugal parece ter cansado, depois de
correr e marcar muito nos 90 minutos. Aos 13 minutos da primeira etapa da
prorrogação, a Espanha criou uma grande chance. Pedro deu dois lençóis em um
adversário pela esquerda, tocou para Jordi Alba, que cruzou para Iniesta
completar, para boa defesa de Rui Patrício. Com a Espanha melhor, Paulo Bento
lançou Custódio na vaga de Miguel Veloso para a segunda etapa da prorrogação.
Aos 5 minutos, pela ponta direita, Navas chutou e Rui patrício novamente
precisou trabalhar. O gol espanhol parecia maduro e a decisão ir para as
penalidades, a essa altura, parecia bom negócio para a seleção lusitana. Paulo
Bento mexeu novamente antes do apito final, colocando Varela na vaga de Raul
Meireles. E no fim das contas, a primeira vaga na final seria mesmo decidida em
cobrança de pênaltis.
Defesa de Cassillas e travessão colocam Espanha na final
Xabi Alonso foi o primeiro a bater e acabou vendo sua cobrança
ser defendida por Rui Patrício, no canto esquerdo. Só que logo em seguida,
Cassillas pegou a batida de João Moutinho. Iniesta converteu, Pepe converteu,
Pique converteu e Nani converteu. Tudo estava empatado e cada equipe tinha que
cobrar mais duas vezes, para se encerrar a série de cinco cobranças. Sérgio
Ramos abusou da coragem e bateu com cavadinha, no meio do gol, para colocar os
espanhóis em vantagem. Em seguida, Bruno Alves foi para a cobrança e a bola
explodiu no travessão espanhol. Com isso, se a cobrança de Fábregas entrasse, a
Espanha estaria na final. E assim foi feito, mas para dar um pouco mais de
emoção, a bola tocou na trave direita antes de rumar para as redes.
A Espanha jogou contra França e contra Portugal, abaixo do
que se espera da atual campeã do mundo a da Europa. Mas, ainda assim, é um time
sensacional, que tem um esquema de jogo maravilhoso e tem plenas condições de
conseguir ser bicampeão da Europa de maneira seguida, fato esse que seria inédito
no futebol. O adversário sai do confronto entre Alemanha e Itália. Por sinal,
por ter ganhado a Copa do Mundo, a Espanha já está na Copa das Confederações de
2013, portanto, quem sair vencedor de Alemanha x Itália, garante vaga na competição
do próximo ano, a ser disputada no Brasil.
Portugal deve sair de cabeça erguida da Eurocopa,
principalmente pelas duas grandes atuações que teve na fase de mata-mata. Nas
quartas de final, dominou amplamente e venceu a República Tcheca. Na semifinal,
jogou de igual para igual com a atual campeã da Europa e do Mundo. Um time que
pode dar muito trabalho na Copa do Mundo de 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário