A atual edição da Libertadores promete ser a mais difícil
dos últimos anos. Pelo menos é o que posso deduzir analisando os primeiros jogos
do torneio. Times organizados, bem montados e difíceis de serem batidos, mesmo
quando não apresentam uma qualidade técnica tão impressionante assim. É o caso
do Huracán, que veio ao Mineirão nesta terça-feira e arrancou um 0 x 0 do
Cruzeiro, atual bicampeão brasileiro, na base da sua consistência defensiva.
A história do confronto poderia ter sido diferente se aos 5
minutos de jogo o assistente não tivesse marcado impedimento de Marquinhos, que
saiu cara a cara com o goleiro Giordano e rolou para Damião empurrar para as redes.
Lance difícil, para lá de complicado. Daqueles que nem o próprio replay é capaz
de sanar por completo as dúvidas do telespectador. Logo, isento qualquer culpa
que se venha a ser atribuída ao bandeirinha. Talvez o jogo também fosse outro se o voleio
de De Arrascaeta tivesse entrado aos 13 minutos, após belíssima trama do time
cruzeirense, com direito a chapéu e caneta de Marquinhos, grande passe de
Damião e certeiro cruzamento de Mayke.
Era a hora que o Cruzeiro deveria ter aberto o placar: nos
minutos iniciais. Pois foi o momento em que o time azul teve o melhor desempenho,
melhor conseguiu encontrar os espaços no campo ofensivo. O Huracán evoluiu sua
atuação com o decorrer da primeira etapa. Fechou melhor os espaços na parte
defensiva e conseguiu arriscar algumas investidas no campo de ataque, como aos
23 minutos, quando uma cabeçada que passou por cima do travessão assustou o
goleiro Fábio.
A resposta cruzeirense ao ataque do Huracán veio aos 31
minutos. Marquinhos cruzou e Henrique cabeceou para boa defesa de Giordano. No
rebote, De Arrascaeta e Willian ainda tiveram a chance de abrir o marcador: o
primeiro bateu em cima da marcação e o segundo chutou por cima do gol. O intervalo
chegou e deve ter batido no time do Huracán a sensação de “dever cumprido”,
enquanto no Cruzeiro o sentimento deve ter sido o oposto.
Tentando criar alternativas para sua equipe chegar mais
perto do gol, Marcelo oliveira apostou na entrada de Alison na vaga de Willian.
E o Cruzeiro continuou tentando e a marcação do Huracán continuou sobressaindo
no campo de jogo. Ricardo Goulart faz uma falta tremenda nesse time...o mesmo
serve para Éverton Ribeiro. Levando em conta o desmanche do ano passado,
pode-se dizer que o Cruzeiro fazia uma boa partida. A queda de rendimento em
relação às atuações de 2014 parece inteiramente compreensível, se analisado o
contexto e a quantidade de jogadores perdidos.
Em seu último lance em campo, De Arrascaeta quase abriu o
placar, em chute que passou perto da trave direita de Giordano. O garoto
Judivan entrou na vaga do uruguaio e com pouco tempo em campo quase abriu o
marcador, também em um chute de fora que passou à direita do gol. Aos 29 minutos,
Marcelo Oliveira fez aquilo que deveria ser feito: abriu mão de um dos seus
dois volantes. Entre Willians (que por sinal fez boa partida, dando qualidade
em passe no meio-campo) e Henrique, ele escolheu a segunda opção. E para o seu
lugar entrou um outro Henrique. Apesar da semelhança no nome, a posição do
camisa 19 que adentrava o campo nesse momento é outra, bem mais à frente. Lá
foi ele fazer companhia à Leandro Damião no meio da zaga adversária.
A substituição no time mineiro parece ter aumentado a
capacidade do Huracán de sair para o jogo.
Não que isso seja necessariamente ruim ao Cruzeiro. Se passou a sofrer
alguns sustos atrás, passou a ter maiores chances de encaixar um contra-ataque.
A velocidade de Romero Gamarra e a presença entre os zagueiros de Ábila
causavam alguma apreensão ao torcedor azul, enquanto as bolas que pererecavam
na área ofensiva do Cruzeiro davam alguma esperança do gol sair. Só que o
momento em que o time mais chegou perto de abrir o placar não foi em uma jogada
na grande área. Foi de fora do retângulo que carrega consigo a marca penal que
Leandro Damião arriscou para carimbar a trave e deixar ainda mais entalado o
grito de gol nas arquibancadas.
Com dois centroavantes cruzeirenses e alguns homens do
Huracán atuando na grande área e suas redondezas, pode-se deduzir que ficou
muito complicado para o Cruzeiro chegar ao gol trocando passes curtos. Só que
aos 42, Alison conseguiu o improvável: achar um buraco na defesa adversária.
Judivan foi parar na cara do gol! Era aquela chance que o torcedor mais
esperava; aqueles dois, três segundos que parecem eternos para o Mineirão que
deseja gritar gol. O garoto dominou bem, com o peito, e bateu tirando do
goleiro, mas a bola resolveu passar a centímetros da trave esquerda, pelo lado
de fora.
As vaias vindas das arquibancadas ao final da partida foram
exageradas. O Cruzeiro pode não ter feito uma atuação daquelas espetaculares de
tempos recentes, mas mostrou organização tática, padrão de jogo e sinais de que
pode ir longe na Libertadores. Do outro lado, o Huracán mostrou-se um time
inferior tecnicamente ao seu adversário. No entanto, a aplicação tática e
consistência defensiva surgiram como fatores para equilibrar o duelo e prometem
dar sufoco em muito gigante por aí.
Agora, Cruzeiro e Huracán dividem a segunda colocação do grupo que é liderado pelo Universitario Sucre. Ambos não venceram, mas também não perderam, acumulando dois empates em dois jogos. Curiosidade é o fato do Cruzeiro, que tantos gols fez em 2014, ainda não ter balançado as redes na competição.
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