sexta-feira, fevereiro 05, 2021

MESMO EM PATAMARES DIFERENTES, FLAMENGO E VASCO APRESENTAM ALGUMAS SEMELHANÇAS

 Por Danilo Dias

Flamengo e Vasco entraram no gramado do Maracanã, na noite desta quinta-feira, em situações completamente opostas na tabela. O Flamengo precisava da vitória para tentar diminuir, ou pelo menos manter igual, a distância para o líder Internacional. Já o Vasco, objetivava os 3 pontos para afastar-se ainda mais da zona do rebaixamento.

Antes de falar do jogo em si, podemos comentar uma situação curiosa. Apesar da disparidade na qualidade das equipes, da diferença enorme de pontos na tabela de classificação e do nível de futebol apresentado, Flamengo e Vasco vivem uma situação semelhante na temporada. Ambos estão com o terceiro técnico na temporada. O Vasco foi de Ramon para Sá Pinto, e de Sá Pinto para Luxemburgo. O Flamengo, de Jesus para Domenech, de Domenech para Ceni. A  diferença é que Jesus saiu por livre e espontânea vontade, enquanto as outras saídas foram por conta de demissões.

Isso mostra  o quanto Flamengo e Vasco estão perdidos em termos de planejamento. E tentam alcançar seus objetivos na temporada, muito mais na sorte, do que propriamente no trabalho planejado e estruturado.

Tanto Luxemburgo, quanto Rogério Ceni, estão no cargo há menos de 3 meses. É óbvio e evidente, que não se pode cobrar um futebol de alta qualidade, pois não existe tempo necessário para montar uma equipe.

Dentro desse cenário, tivemos um jogo fraco no Maracanã. A ruindade do Vasco é muito evidente e a dificuldade na criação de jogadas ofensivas do Flamengo é muito notória. Nitidamente, falta de treino, já que os treinadores estão há tão pouco tempo no cargo.

Ainda assim, Luxemburgo e Rogério Ceni merecem muitas críticas na partida de hoje. O Vasco foi medroso na primeira etapa, o Flamengo foi medroso na segunda etapa.

Podemos dizer que tanto o Vasco, quanto o Flamengo, abdicaram de jogar bola quando o placar era conveniente. Um empate no Maracanã, aparentemente, era um bom resultado para o Vasco. E o Gigante da Colina se apequenou durante a primeira etapa. O time parecia confortável com o 0x0 e fazia pouco esforço para produzir alguma coisa ofensiva. O Flamengo é mais time, é normal que o Vasco seja dominado e pressionado. Mas os comandados de Luxemburgo pareciam não querer fazer esforço nenhum para sair da pressão exercida pelo Flamengo. Era o tal de "jogar por uma bola", que é o lema de quase todo retranqueiro. Essa uma bola não veio. Passou longe de vir. O Flamengo não jogava bem, mas era soberano na partida. Ainda que muitas das vezes mostrando-se confuso na criação de jogadas, a equipe de Rogério Ceni pressionava, colocava intensidade no campo ofensivo. Mas faltava lucidez ao time. Faltava aquele último passe. Curioso falar isso de um time que tinha no meio-campo Arrascaeta, Éverton Ribeiro e Diego. E quando o jogo estava prestes a ir para o intervalo zerado, Bruno Henrique foi empurrado na área. Pênalti convertido por Gabriel Barbosa: 1x0. Por aqui, encerram-se as críticas ao Luxemburgo, que montou uma equipe omissa, que parecia doutrinada a jogar buscando o 0x0.

Por aqui, começam as críticas a Rogério Ceni. O Flamengo mudou da água para o vinho na segunda etapa. O time que dominava o campo ofensivo, que imprimia velocidade ao jogo, que buscava o gol, sumiu do estádio do Maracanã. E deu lugar a um time preguiçoso, sem intensidade, que observava o adversário jogar, parecendo não estar muito afim de atacar. Muitos times de futebol, jogam assim. Quando tem o placar que lhe é conveniente, diminuem a vontade e a busca pelo gol. É uma estratégia, que eu, particularmente, abomino. Ainda mais no caso do Flamengo, que tem um time infinitamente superior ao time do Vasco. É feio para o espetáculo. Feio para quem assiste!

E nesse cenário, o Vasco cresceu na partida, e mostrou que sabe jogar para frente, que sabe criar jogadas de perigo, ainda que existam muitas limitações no time. A bola rondou a área rubro-negro, teve até perto de entrar, mas acabou não acontecendo. E o Flamengo ampliou na bola parada, com Bruno Henrique. 

O Flamengo flertou com o tropeço de maneira muito forte, mas dessa vez, veio a vitória. Com o tropeço do Inter (empate com o Athletico, em Curitiba), o Rubro-Negro da Gávea depende "apenas de si" para ser campeão brasileiro. Justamente pois ainda existe um confronto direto contra o Internacional. Faltam 4 jogos, se o Flamengo vencer os 4, é campeão. O Vasco também depende apenas de si para evitar mais um rebaixamento para a Série B.

Evidente que hoje o Flamengo está focado em ser campeão brasileiro e o Vasco focado em não ser rebaixado. Alcancem esses objetivos ou não, o fato é que os dois clubes precisam mudar drasticamente a mentalidade em relação ao futebol.

O Vasco contratou um treinador português e demitiu em cerca de três meses. O Flamengo contratou um técnico espanhol e demitiu em cerca de três meses.

De fevereiro de 2017 a fevereiro de 2021, o Vasco teve 9 treinadores. No mesmo período, o Flamengo também teve 9 treinadores. 

Ou os clubes mudam a forma de pensar, ou vão sempre viver assim: sem um trabalho sólido, sem continuidade na forma da equipe atuar, conquistando títulos esporádicos, que são frutos muitos mais de "gambiarras" que treinadores conseguem em curto prazo para ajeitar o time, do que propriamente, fruto de um trabalho organizado, pensado, planejado.