quarta-feira, dezembro 30, 2015

O BARCELONA DE 2015 E AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ: UMA HUMILDE HOMENAGEM, UM SINGELO "MUITO OBRIGADO"

Por Danilo Silveira

Existem momentos em nossas vidas que os ditados que parecem ser o mais clichê possível nos bastam para retratar determinada situação. Pois bem, “o mundo dá voltas”.

Foi no dia 4 de janeiro de 2015 a primeira vez em que esse que vos escreveu resolveu fazer uma publicação nesse meio de comunicação no ano de 2015. Era um texto que fazia uma breve análise da derrota do Barcelona, dentro de casa, para a Real Sociedad, por 1 x 0. Dia em que algo mais raro até que a própria derrota do Barça aconteceu: o time catalão não fez uma boa partida. Messi e Neymar iniciaram no banco de reservas, entraram no intervalo, mas não evitaram a derrota. Rumores sobre certo mal estar entre o técnico Luis Enrique com Messi apontavam que o treinador deixaria o clube. Enfim, o cenário não parecia dos melhores para o fantástico Barcelona.

Tão fantástico que até aí ele nos surpreende. A atuação de 4 de janeiro apontava muito mais para um ano complicado, assim como foram os dois anteriores, (logo após a saída de Joseph Guardiola do comando técnico), do que para o ano real do time catalão.

O Barcelona de 2015 fez algo magnífico, fantástico, que eu jamais havia presenciado, pelo menos nessa vida vigente. Um futebol de encher os olhos, uma sinergia do trio MSN que transcendeu o que parecia ser o limite do possível. O que o Barcelona fez em 2015 ecoa para a eternidade, me faz dizer que Messi, Suárez e Neymar formam o melhor trio de ataque que eu já vi jogar futebol.

Os títulos do Campeonato Espanhol, da Copa do Rei, da Liga dos Campeões e do Mundial de Clubes são meramente ilustrativos e secundários diante daquilo que foi exposto pelo Barcelona diante das quatro linhas. Outros times já ganharam diversos títulos em um só ano, mas dificilmente, diria eu quase que impossível, fazendo o que fez o Barcelona de Luis Enrique.

Neymar, Suárez e Messi parecem jogar juntos há mais de 20 anos. Entendem-se no olhar, no gestual, no mais simples e comum movimento corporal. É como se existisse até mesmo um quarto elemento: a bola. É como se ela participasse do processo, como se sua trajetória fosse pré-definida e Messi, Suárez e Neymar já soubessem previamente onde precisam se posicionar. Tão surreal, tão real! Sorte tem aquele que possui o direito de sentar em frente à televisão e ver esse Barcelona jogar. Se hoje fala-se em Pelé, Garrincha, Sócrates, Falcão, Zico, daqui a 30, 50, 100 anos, se falará em Messi, Suárez e Neymar. Três que valem mais que três! Quando se juntam, Messi, Suárez e Neymar valem muito mais que a soma de sues talentos. A união, a tática, a distribuição espacial os fazem valer muito mais que isso.

Mas não seremos injustos. Quando falamos do Barcelona de 2015 não podemos esquecer de Piqué, Mascherano, Busquets, Iniesta, Xavi (jogou até o fim do primeiro semestre), entre outros, que fazem o time andar (leia-se desfilar), e abrem caminho para o MSN brilhar.

De 4 de janeiro a 30 de dezembro – 360 dias – houve tempo suficiente para a Terra dar quase uma volta inteira ao redor do sol, tempo suficiente para o fantástico Barcelona nos mostrar o que é o futebol na sua mais pura essência. Que venha 2016. Que venha mais uma volta da Terra sobre o sol, afinal, “o mundo dá voltas”l! Que Lionel Messi, o mais extraterrestre dos terrestres que jogam futebol possa comandar novos shows do time mais extraterrestre dos terrestres.


Vida longa a esse Barcelona e um, humilde muito obrigado! Feliz ano novo a todos!

terça-feira, dezembro 29, 2015

EM DIA DE OZIL, ARSENAL VENCE E DORME NA LIDERANÇA DO INGLÊS

Por Danilo Silveira

Depois da derrota por 4 x 0 para o Southampton no último fim de semana, o torcedor do Arsenal deve ter sentido uma pitada de desconfiança em relação ao futuro do time na Premier League. Só que os comandados do Arsene Wenger usaram a partida desta segunda-feira, contra o Bournemouth para trazer de volta a confiança do torcedor. Não que a equipe tenha feito uma partida excepcional, mas o time soube contornar os momentos de maior dificuldade, soube desenvolver um bom futebol em momentos importantes da partida e teve maturidade e inteligência para chegar à vitória por 2 x 0, que o faz dormir na liderança.

Se o fato do Bournemouth estar disputando a Premier League pela primeira vez poderia sugerir um confronto fácil para o Arsenal, os resultados recentes sugeriam o contrário. Os comandados de Eddie Howe não perdiam há seis jogos, dentre eles vitórias sobre Manchester United e Chelsea. E de fato o início do jogo não foi dos mais promissores ao Arsenal. A equipe mantinha a posse de bola no campo defensivo, tendo enormes dificuldades para passar do meio-campo, devido à forte marcação avançada do adversário. E quando o Bournemouth tinha a posse de bola levava perigo. Mesmo que não destaquemos nenhuma grande oportunidade de gol, a bola pererecou várias vezes próximo à meta de Peter Cech, assustando a maioria dos quase 60 mil presente no Emirates.

Quem conhece a história recente do Arsenal sabe que não foram poucas as vezes nos últimos anos em que o time jogou melhor, pressionou o adversário, mas a bola cismou em não entrar e o time adversário, com bem menos oportunidades de gol acabou vencendo o jogo. Pois os ventos parecem conspirar a favor do Arsenal nessa temporada. Pressão do adversário, uma produção ofensiva baixa e um jogo extremamente perigoso. Esse era o cenário. Até que aos 26 minutos, Ozil bateu escanteio na medida para o zagueiro Gabriel Paulista cabecear e abrir o marcador. O gol fez muito bem ao Arsenal, que dominou as ações no restante da primeira etapa, e poderia até ter ampliado o marcador em algumas ocasiões, com destaque para as bolas aéreas, que levavam muito perigo à defesa adversária. E quanto mais o Arsenal crescia no jogo, mais aparecia o excepcional futebol de Mesut Ozil, o melhor jogador em campo disparado na tarde desta segunda-feira.


Veio a segunda etapa e Eddie Howe parece ter colocado a casa em ordem e o Bournemouth voltou a se espaçar bem dentro de campo e encontrar o bom futebol do início da primeira etapa. Só que o Arsenal voltou atuando melhor do que na primeira etapa. Com isso, o duelo se mostrou interessante e franco, com as duas equipes buscando atacar. Melhor para o Arsenal, que tem Ozil. Aos 17 minutos o meia alemão fez uma jogada espetacular, puxando um contra-ataque do meio-campo, tabelando, costurando a defesa e finalizando com classe para as redes após belo passe de Giroud. Era o Ozil sendo Ozil, o Arsenal sendo Arsenal. Se o 1x0 já tinha feito bem aos Gunners, o segundo gol fez melhor ainda. Com Ozil comandando as ações, com o quesito passe mais do que apurado, o Arsenal poderia ter chegado ao terceiro e até ao quarto gol. O chute de Walcott passou muito perto, a finalização de Chamberlain tocou na trave, dentre outras chances desperdiçadas. Mas nada que fizesse diminuir a alegria do torcedor do time londrino. O sonho do título inglês, que não vem desde 2004, parece pulsar mais forte do que nunca nas arquibancadas do Emirates. 

quinta-feira, dezembro 03, 2015

PALMEIRAS JOGA MELHOR, REVERTE A VANTAGEM SANTISTA E CONQUISTA NOS PÊNALTI O TÍTULO DA COPA DO BRASIL

Por Danilo Silveira

Precisando reverter o placar de 1 x 0 negativo do jogo de ida, o Palmeiras foi  para cima do Santos. Foi superior do início ao fim, criou as melhores jogadas, buscou o ataque muito mais do que o seu adversário. Por falar nisso, o Santos decepcionou. Não conseguiu demonstrar durante o jogo a que veio, qual era a sua real proposta. Não defendia com muita qualidade e chegava ao ataque com raridade.

Apoiado por sua fanática torcida, o Palmeiras poderia ter aberto o placar ainda na primeira etapa, mas Gabriel Jesus chutou em cima de Vanderlei antes mesmo do primeiro minuto de jogo ser completado. O mesmo Vanderlei que minutos depois defendeu de forma brilhante uma boa cabeçada de Lucas Barrios. Em meio às chances palmeirenses, o Santos quase abriu o placar com Victor Ferraz, que chutou forte e viu a bola explodir no poste esquerdo de Prass, em uma das poucas chegadas perigosas do time da Vila.

O gol que veio a colocar o time que melhor jogava na frente do marcador veio só na etapa final, e em grande estilo. Barrios fez o pivô de forma brilhante, serviu Robinho, que não foi fominha e rolou para Dudu estufar as redes santistas e levar ao delírio a Arena Palmeiras. O mesmo Dudu que aos 39 da segunda etapa apareceu na área para completar uma bola vinda da esquerda e fazer o gol que parecia ser o do título.

Parecia! Os minutos que separavam o Palmeiras do título foram suficientes para o Santos conseguir um gol salvador, que sinceramente, não merecia pelo que havia feito durante todo o jogo. Ricardo Oliveira apareceu na área palmeirense e depois de uma jogada aérea, chutou para diminuir o marcador para o Santos na partida e empatar o placar agregado dos dois jogos. Era nas penalidades que tudo seria definido.
Quiseram os deuses do futebol que o time que mais jogou bola nesta quarta-feira erguesse a taça. Marquinhos Gabriel isolou, Prass defendeu a cobrança de Gustavo Henrique, e nem mesmo a defesa de Vanderlei no chute de Rafael Marques foi capaz de tirar o título do Palmeiras. No último lance, no último chute da Copa do Brasil 2015, Fernando Prass chutou forte para estufar as redes santistas e colocar o Palmeiras na próxima edição da Libertadores da América.


Gol esse que dá ao técnico Marcelo Oliveira o seu primeiro título de uma Copa do Brasil, depois de três vices-campeonatos. Aqui vai um parabéns especial a um dos melhores técnicos do Brasil na atualidade.

terça-feira, novembro 03, 2015

AMÉRICA/MG VENCE PAYSANDU E SE APROXIMA DO ACESSO

Por Danilo Silveira


América Mineiro e Paysandu fizeram um duelo muito abaixo daquilo que se deve esperar de dois times que lutam para subir para a Primeira Divisão. No resumo da obra, o time mineiro foi superior e mereceu a vitória por 3 x 1, que o aproximou demais do acesso.

O primeiro tempo de jogo praticamente inexistiu no estádio Independência. Tanto técnica quanto taticamente as equipes foram péssimas, criando muito pouco. Mas parecia um outro esporte sendo praticado que propriamente futebol. Um gol de Marcelo Toscano fez o América chegar ao intervalo em vantagem, mas sinceramente, pela má qualidade do futebol apresentado, um 0 x 0 me parece que refletiria melhor o que aconteceu (ou não aconteceu) em campo.

Na segunda etapa, o jogo melhorou (piorar era quase impossível). O time da casa voltou melhor, se impondo em campo e não demorou muito para ampliar o marcador, com o mesmo Marcelo Toscano que havia aberto o marcador. A vantagem de dois gols fez bem ao Coelho,  p
arece ter dado calma e tranquilidade. O Paysandu se lançou todo ao ataque, e ao mesmo tempo em que passou a flertar mais com o seu primeiro gol, passou a dar muito espaços defensivos para o América contra-atacar. E o terceiro gol sair foi questão de tempo. Richarlison invadiu a área, bateu rasteiro e ampliou ainda mais a vantagem do América/MG. Nos acréscimos, Yago Picachu fez um bonito gol de honra para o Papão, em chute cruzado pela ponta direita.


Com o resultado, o América/MG chegou aos 60 pontos, estando na vice liderança e abrindo seis pontos do quinto colocado. Já o Paysandu, está em oitavo lugar, com 52 pontos, dois a menos que o quarto colocado.

sexta-feira, setembro 25, 2015

EM ESTREIA INTERNACIONAL, CHAPE FAZ BOM JOGO E VOLTA COM EMPATE DO PARAGUAI

Por Danilo Silveira

Inteligência, consciência e aplicação tática. Foram essas algumas das ferramentas utilizadas pela Chapecoense para conseguir sair de Assunção com um empate na bagagem, no jogo de ida das oitavas de final da Copa Sul-Americana. Jogo esse em que o clube catarinense, que pela primeira vez disputava uma partida oficial fora do país, foi prejudicado pela arbitragem.

Durante os 45 minutos iniciais, a equipe comandada por Guto Ferreira surpreendeu a este que vos escreve de forma positiva, não se encolhendo no campo defensivo, atacando com equilíbrio e mostrando muita consciência daquilo que fazia dentro do jogo. Assim, o prêmio veio aos 17 minutos, em bonito gol de Camilo, que invadiu a área pela direita e bateu cruzado.  Do outro lado, encontrávamos um Libertad que não conseguia atacar com qualidade, mostrando um repertório limitado de jogadas ofensivas.

Veio a segunda etapa e logo aos dois minutos a equipe da casa quase empatou com Mencia, que pegou um rebote de dividida pelo alto e chutou encobrindo o goleiro Danilo, mas o zagueiro Neto afastou de cabeça antes que a bola ultrapassasse a linha final. Se desenhava-se um cenário onde o Libertard pressionaria e a Chape teria o contra golpe, veio o árbitro e estragou o andamento do jogo. Igor, que acabara de entrar na partida, foi expulso em um lance que sequer houve falta. O jogador chutou para longe uma bola na intermediária defensiva, e na sequência do movimento da perna acabou encontrando o pé de um adversário, mas sem intenção.

O homem a menos me pareceu fundamental para a Chapecoense não mais encontrar forças e alternativas para jogar no campo de ataque com frequência. O Libertad subiu a marcação e passou a, mesmo sem muita inspiração, tentar pressionar o time catarinense. O árbitro voltou a errar mais duas vezes na partida. Primeiro, não marcou uma infração de um jogador da Chape, que culminaria em uma penalidade ou falta muito próxima à risca da grande área (fiquei na dúvida sobre o posicionamento do jogador da equipe paraguaia quando sofreu a carga.). Em seguida, ele negou a expulsão de um atleta do Libertad, oferecendo-lhe apenas amarelo após uma violenta entrada de carrinho, por trás.

Desviando a atenção da arbitragem para o jogo em si, cabe analisar que a Chape parece que foi aprendendo a jogar com um homem a menos conforme os minutos se passavam. Camilo e Tiago Luís conseguiam esboçar algumas jogadas ofensivas, tirando momentaneamente a equipe do sufoco. Quanto mais o relógio andava, mais parecia que a estreia dos catarinenses em solo estrangeiro seria com vitória. Só que aos 47, após escanteio cobrado da esquerda, Cléber Santana desviou mal na primeira trave e Rodrigo López apareceu para cabecear às redes. Castigo para os catarinenses, que poderia ter sido ainda pior, se logo em seguida, Danilo não salvasse a equipe de sofrer a virada em chute do mesmo Rodrigo López que havia balançado as redes um pouco antes.


Fica um gosto amargo à Chapecoense, mas o resultado que a equipe leva para seus domínios é bom. Figurar entre um dos oito times das quartas de final parece um sonho possível para um clube que vai conhecendo o que é disputar uma competição continental.

terça-feira, setembro 01, 2015

CEARÁ JOGA MELHOR, MAS EMPATA SEM GOLS COM O PAYSANDU

Por Danilo Silveira

Ceará e Paysandu entraram no estádio do Castelão em lados opostos na tabela, separados por 18 posições e 19 pontos conquistados. Em último lugar, o Vozão buscava três pontos para tentar se aproximar da saída da zona de rebaixamento, enquanto o time paraense buscava vencer para se manter no G4 e com possibilidades até de assumir a liderança.

Se na tabela a superioridade do Paysandu é nítida, no campo de jogo não foi bem isso que pôde-se perceber. Durante os 90 minutos o Ceará apresentou um futebol bem superior do que sua posição sugere, sendo melhor que o seu oponente e estando mais perto do gol.

O camisa 7 Fabinho foi o mais perigoso dos jogadores do Ceará, atuando pelas pontas e tentando finalizações de média distância. Já pelo lado do Paysandu, Welinton Júnior até começou assustando, mas com o tempo o sistema ofensivo da equipe foi aparecendo cada vez menos, devido ao domínio territorial executado pelo adversário. No fim das contas, o 0 x 0 me pareceu pior ao Ceará que ao Paysandu.

Com o resultado, o Papão chegou aos 37 pontos e depende de resultados para continuar no G4, enquanto o Ceará depende do resultado do jogo do Mogi Mirim para saber se ficará na última ou penúltima colocação. Mais que a própria colocação na tabela, o que assusta é a distância do Ceará para o primeiro time fora da zona de rebaixamento: são sete pontos, podendo chegar a oito, dependendo de outros resultados.

Sinceramente, não assisti muitos jogos do Ceará na Série B, mas acredito que grande parte das atuações tenham sido de nível inferior ao apresentado nesta terça-feira. O jogo que fez o Vozão hoje não foi condizente com a sua posição na tabela. Quanto ao Paysandu, confesso que esperava um pouco mais, apesar da equipe de Dado Cavalcanti não ter feito uma partida tão ruim. Mas também não pareceu uma atuação condizente com a posição que a equipe ocupa na tabela.

quinta-feira, agosto 13, 2015

CRISTÓVÃO BORGES: DESFAZENDO A CONFUSÃO QUE LUXEMBURGO DEIXOU NO FLAMENGO

Por Danilo Silveira

O Flamengo mudou. E mudou para melhor. Desde a saída de Vanderlei Luxemburgo e chegada de Cristóvão Borges, há cerca de dois meses, o Flamengo só vem melhorando o nível do futebol apresentado e, atrelando a isso bons resultados. Nas últimas seis partidas, o time venceu quatro, empatou uma e perdeu apenas uma, tendo apresentações de nível que dificilmente seria alcançado sob comando de Luxemburgo.

Além da melhora técnica e tática em geral, Cristóvão conseguiu dar ao Flamengo algo que o time parecia carecer: consciência. Contra o Atlético-PR, mais uma vez isso ficou nítido. Os jogadores parecem saber onde estão dentro de campo e porque ali estão. O time soube jogar marcando pressão, tentando roubar a bola rapidamente, como soube jogar com a primeira linha de marcação ofensiva na altura do meio-campo, impedindo assim a progressão adversária para o campo de ataque. Os jogadores do Flamengo hoje não se livram da bola de qualquer maneira, trocam passes com muito mais qualidade e não se afobam quando a marcação aperta. Parece ser o início de uma reconstrução do Futebol do clube. Não falo de resultados, vou além: falo de uma filosofia de jogo diferente da que vinha sendo implementada por Luxemburgo.

Aquela bagunça que Luxemburgo promovia e ainda parecia achar fazer parte do processo, hoje não mais existe. Luxemburgo parecia preocupado somente com a zona da confusão na tabela de classificação. Cristóvão, não. O Flamengo está distante da confusão na tabela e Cristóvão vem, dia após dia, desfazendo a confusão tática que Luxemburgo implementou naquilo que mais parecia um conjunto de onze cidadãos perdidos do que propriamente um time de futebol.


Sinceramente, quando Luxemburgo saiu do comando técnico, imaginava eu que o Flamengo demoraria muito mais que dois meses e meio para chegar ao nível que hoje se encontra. Cristóvão parece o principal responsável pela aceleração desse processo. Jogando da maneira a qual tem jogado desde o início do campeonato, seria o Flamengo um dos fortes candidatos ao título brasileiro. Ainda assim, é importante colocar os pés bem no chão e ter como principal meta nessa competição, não figurar entre os quatro últimos ao término da rodada. Se no futebol o céu e o inferno são pra lá de próximos, no Flamengo essa distância parece ser ainda mais curta. 

quinta-feira, julho 23, 2015

COM BELA ATUAÇÃO, TIGRES ELIMINA INTER E CHEGA À FINAL DA LIBERTADORES

Por Danilo Silveira

Certo dia, no início desse ano, estava “rodando” os canais esportivos na televisão, até me deparar com um jogo da Libertadores, o qual o Tigres era uma das equipes. E muito me impressionou a qualidade do time, que tinha o ataque naquela ocasião formado por Rafael Sóbis e Guerrón.

O bom futebol apresentado pela equipe comandada por Ricardo Ferretti, despertou-me o desejo de assistir os jogos subsequentes da equipe na Libertadores. E assim o fiz. O time mexicano foi avançando de fase até que chegou à semifinal da competição, e tinha pela frente o tradicional Internacional de Porto Alegre. Talvez a mídia esportiva pudesse analisar de maneira diferente, mas na minha cabeça, o Tigres era o favorito para o confronto, pelo futebol que já apresentara anteriormente.

No jogo de ida, deu Inter no Beira-Rio: 2 x 1. E no jogo de volta, nesta quarta-feira, apareceu o envolvente, bonito e eficiente futebol do Tigres, que eu já tinha sido apresentado há meses atrás. Os 3 x 1 que deram a classificação ao Tigres não demonstram exatamente o que foi o duelo. Um placar mais elástico refletiria melhor o confronto. Talvez uns cinco ou seis a um, tamanha a superioridade dos mexicanos em campo.

A contagem foi aberta com o ótimo centroavante francês Gignac, contratação feita recentemente pelo Tigres, que veio a ser a cereja do bolo. Geferson, em uma falha terrível marcou contra, ampliando, ainda na primeira etapa, a vantagem mexicana.

Veio a segunda etapa e o Tigres mostrava um preparo físico invejável, aliado a uma marcação implacável e um ímpeto ofensivo aplausível. E as chances foram sendo criadas em sequência, enquanto o Inter esbarrava no sistema defensivo adversário e deixava espaços na defesa. Sóbis perdeu a chance de ampliar, desperdiçando uma penalidade, mas pouco depois Arévalo teve a incumbência de cabecear para as redes e tornar mais elástica ainda a vantagem mexicana: 3 x 0.

O Tigres dava uma aula, prática e filosófica de como se praticar futebol. Mesmo em vantagem, a equipe de Ricardo Ferretti não abdicava de atacar, explorando os buracos deixados pelo Inter. Pelo cenário apresentado em campo, o Inter  estava prestes a levar uma daquelas goleadas históricas. Mas acabou que, não só o Tigres não fez mais gols, como o Inter diminuiu o marcador, com Lisandro López, nos minutos finais. Estava o Inter agora a um gol da classificação, que seria uma tragédia para o Tigres, que fazia uma atuação fantástica. O placar não mais foi alterado e o Tigres garantiu a merecida vaga na final da Libertadores 2015.


Como um time mexicano não pode se classificar para o Mundial via Libertadores da América, o River Plate, outro finalista, garantiu presença no Mundial de Clubes, no fim do ano. Nas duas próximas quartas-feiras, Tigres e River Plate decidem o título da Libertadores. O River carrega a tradição, o Tigres carrega o favoritismo.

terça-feira, julho 07, 2015

COM FORTES DOSES DE EMOÇÃO, CHILE BATE ARGENTINA E CONQUISTA TÍTULO INÉDITO

Por Danilo Silveira

E deu Chile. No esperado confronto da final da Copa América, a seleção comandada pelo brilhante Jorge Sampaoli foi superior à Argentina e conseguiu, nos pênaltis, o tão sonhado título. Foi a primeira vez que os chilenos puderam comemorar a conquista de uma Copa América. Se a primeira vez nunca se esquece, imagina da forma que foi: em casa, sobre a poderosa Argentina de Messi, nos pênalti! Emocionante! Épico! Histórico!

Talvez, se no início da competição, me perguntassem qual a final que mais me causaria expectativa de assistir, eu responderia Chile x Argentina. As duas melhores seleções do continente atualmente. Duas equipes que têm no seu ponto forte o ataque, mas que, em minha opinião, na contramão do que muitos falam, são equipes consistentes defensivamente.

Se as duas equipes jogam no ataque, propondo o jogo e com posse de bola, como que seria, então, o confronto entre elas? Não seria possível ter duas bolas em campo, uma para cada um! O Chile foi melhor! Soube melhor atacar e envolver a Argentina. Soube, ainda, diminuir o ímpeto do fantástico ataque argentino.

Messi não teve a atuação que costuma ter, mas mesmo assim, quase decidiu. No último lance do tempo normal, driblou dois chilenos e botou Lavezzi em ótima posição para chutar. O atacante não foi fominha e tentou servir Higuaín, que por questão de centésimos de segundo não chegou com ângulo para fazer o gol, e acabou acertando a rede pelo lado de fora. Vieram as penalidade e Higuaín isolou, enquanto Bravo pegou a cobrança de Banega. Competente, o Chile converteu as quatro cobranças que fez para conseguir a tão sonhada taça. Cabe destacar que a última cobrança teve direito a uma mini cavadinha de Alexis Sanchéz. Frieza e coragem do grande atacante do Arsenal.

A Copa América veio a reforçar algumas análises que eu tinha feito previamente sobre as seleções sul-americanas. Chile e Argentina em ótima fase, com equipes prontas para disputar competições fortes, como a eliminatória para a Copa do Mundo e a própria Copa do Mundo. Um Uruguai enfraquecido, sem apresentar bom futebol. Acho que a volta de Suárez não será suficiente para resolver os problemas da equipe comandada por Tabárez. O Brasil é aquela bagunça que nos acostumamos a ver recentemente.

A decepção ficou por conta da Colômbia, que apresentou futebol aquém daquilo que eu esperava, aquém daquilo que foi visto na última Copa. A surpresa positiva foi o Peru, que mostrou que deve incomodar muito gente nas eliminatórias.


Quanto ao melhor jogador da competição, em minha opinião, foi Lionel Messi. Mesmo atuando abaixo daquilo que costumamos ver, ele é diferenciado dos demais, faz coisas que os outros não fazem. Sobre outros jogadores que se destacaram, podemos citar Sánchez e Valdívia, importantes para o primeiro título do Chile de uma Copa América. No entanto, quero deixar registrado os totais elogios àquele que, para mim, foi o grande personagem dessa competição: Jorge Sampaoli.  Vai se firmando como um dos melhores técnicos do mundo.

quarta-feira, julho 01, 2015

EM DIA DE MESSI GARÇOM, ARGENTINA GOLEIA PARAGUAI E VAI À FINAL

Por Danilo Silveira

A Argentina veio evoluindo cada vez mais o seu futebol durante a Copa América. Na primeira fase, a equipe fez bons jogos, mas ainda não havia encontrado seu melhor futebol. Contra a Colômbia, nas quartas-de-final, uma notória evolução. E agora, diante do Paraguai, na semifinal, uma belíssima atuação, sob comando de Lionel Messi, em noite de garçom. Goleada por 6 x 1 e vaga na final garantida em grande estilo.

Se em jogos anteriores a Argentina criou chances atrás de chances, mas a bola cismou em não entrar, contra o Paraguai teve gol para todo lado. Incrivelmente, dos seis gols, nenhum foi anotado por Messi. Só que, também incrivelmente, o craque argentino teve participação em todos os gols, em três deles, dando assistência direta. Messi fez sua melhor partida na Copa América, foi o melhor em campo e está a um jogo de conquistar o seu primeiro título como profissional defendendo a sua seleção. Acredito que ele ainda tem boas chances de ser eleito o craque da competição.

O futebol é um esporte capaz de, em suas entrelinhas, ensinar, trazer lições. E se os 7 x 1 para a Alemanha na Copa do Mundo não foram suficientes para a CBF, Dunga e companhia aprenderem alguma coisa, vai mais uma oportunidade na Copa América. A Argentina fez 1 x0, fez 2 x 0, viu o Paraguai se lançar todo ao ataque e até diminuir o marcador. Poderia, assim como o Brasil fez diante do mesmo Paraguai, se retrancar, priorizar a defesa e praticamente abdicar de atacar, esperando o apito final. Só que não. A Argentina encontra-se quilômetros na frente do Brasil em termos de futebol.Digo de filosofia de futebol, proposta de jogo, estratégia. Liderada por Messi, a equipe de Tata Martino soube conter a pressão paraguaia, explorar contra-ataques, e ampliar o marcador por mais quatro vezes. Uma atuação de encher os olhos!

Para quem se acovardou, se encolheu e teve medo de atacar, o resultado foi sofrer o empate e perder nos pênaltis. Para quem continuou atacando, não teve medo e procurou sempre o gol, o resultado foi a vitória por 6 x 1 e vaga na final. Claro que no meio disso tudo existem outras variáveis envolvidas, mas a essência é mais ou menos essa. É o Dunguismo maléfico ao Brasil de um lado e a Argentina, leve e solta, encantando com um belo futebol.

Futebol esse que será agraciado com a final dos sonhos para os amantes do bom futebol: Argentina x Chile. As duas melhores seleções do continente chegaram à final e duelam no sábado, para ver quem fica com o título. Promessa de um jogaço. Duas equipes que gostam de ir para cima, que têm como ponto forte o ataque. Acho que a América do Sul não poderia receber presente maior nessa competição do que a final ser disputada entre esses dois países.

EM GRANDE JOGO, CHILE DERROTA O PERU E VAI À DECISÃO

Por Danilo Silveira

Dos jogos que eu vi desta edição da Copa América, Chile x Peru foi o melhor. A boa atuação chilena, passando por uma vocação ofensiva, marca registrada de Jorge Sampaoli, já era de se esperar. Agora, surpreendente, de maneira mais que positiva, foi a atuação maiúscula que o Peru de Ricardo Gareca fez na capital Santiago.

Talvez, se o Peru não tivesse perdido um de seus 11 jogadores aos 19 minutos de jogo, o desfecho do confronto pudesse ser diferente. Zambrano atingiu Aránguiz nas costas, com a sola da chuteira, sendo corretamente expulso. Antes disso, o Peru já tinha passado muito perto de abrir o placar em cruzamento de Guerrero para cabeçada de Farfán na trave direita de Bravo. Por sinal, a grande atuação do Peru passa diretamente pelos dois atacantes acima citados, que infernizaram o sistema defensivo chileno durante o jogo inteiro.

Bem verdade, que devemos citar o lance ocorrido antes mesmo dos cinco minutos iniciais do jogo. Vidal e Zambrano se desentenderam e o volante chileno deu um empurrão no rosto do jogador peruano. O árbitro venezuelano José Argote poderia ter aplicado cartão vermelho para Vidal, mas preferiu ficar na conversa.

No 11 contra 11, contra qualquer seleção sul-americana, a tendência é que o Chile crie boa quantidade de chances de gol. Jogando com um a mais, a tendência é esse número elevar-se ainda mais. Acontece que o Peru parecia reduzir o efeito do homem a menos com muita disciplina tática. O Chile até chegava e até criava, mas não tanto quanto o fato de estar em vantagem numérica poderia sugerir. O Peru não caiu na armadilha de abdicar de atacar e conseguia sair em velocidade, tornando o jogo bem dinâmico e gostoso de se assistir.

Pouco antes do intervalo, o Chile conseguiu abrir o marcador. Sánchez bateu cruzado da esquerda, Aránguiz fez corta-luz, a bola tocou na trave esquerda de Gallese e Vargas aproveitou bem o rebote. Detalhe importante é que Vargas estava em posição de impedimento na jogada, portanto, o gol foi irregular. Muito prejudicado o Peru no somatório de ações do árbitro na primeira etapa.

Poderia então o Peru sentir o golpe e ficar desnorteado em campo. Ou se lançar ao ataque de maneira “irresponsável” ou não conseguir mais concentração elevada para conter o ímpeto ofensivo do oponente. Mas nada disso aconteceu. Veio o segundo tempo e o Peru seguiu jogando de igual para igual com o Chile. O prêmio veio, portanto, aos 14 minutos, quando Guerrero enfiou belo passe na direita para Advíncula, que cruzou e contou com vacilo de Medel, que cortou mal e acabou marcando contra: 1 x 1.


Só que o Chile conseguiu, quatro minutos mais tarde, desempatar novamente a partida, jogando uma ducha de água fria no time peruano, que acabara de conseguir um gol heroico. Guerrero perdeu bola na intermediária defensiva e Vargas arriscou de longe, aproveitando o mau posicionamento do goleiro Gallese.  Era o gol da difícil e suada classificação chilena.
Nos minutos que restavam, quem esteve no estádio Nacional de Santiago, seguiu presenciando um bom jogo de futebol, que terminou com festa chilena.

sábado, junho 27, 2015

CASTIGO VEM A CAVALO PARAGUAIO

Por Danilo Silveira


O jogo contra o Paraguai foi o quarto e último da Seleção Brasileira na Copa América 2015. E assim como os três anteriores, a equipe de Dunga fez uma partida ruim. E como desfecho, a melancólica eliminação na disputa de pênaltis.

Bem feito para a CBF, Bem feito para Dunga. Bem feito para Dunga por não conseguir dar o mínimo padrão tático à equipe, após dias e mais dias de treinamento. Bem feito para Dunga por ter medo de propor o jogo e se contentar com o 1 x 0 magro. Bem feito para a CBF por ter colocado Dunga como técnico da Seleção Brasileira. Mais uma Vez. De novo. Novamente.

Em uma das raras jogadas bem trabalhadas do Brasil no jogo, Daniel Alves cruzou e Robinho chutou para as redes, abrindo o placar em Concepcíon. Eram marcados 14 minutos da primeira etapa. Isto é, menos de 20% do tempo de jogo havia sido disputado. E a partir de então o Brasil foi recuando cada vez mais, trazendo o Paraguai para o campo ofensivo. Se houvesse uma proposta convincente de contra-ataque, bem desenvolvida pelos jogadores, que culminasse em diversas chances de gol ao Brasil, até entende-se.Só que não! O Brasil não conseguiu, até o fim do jogo, encaixar um só contra-ataque convincente.

E assim o Paraguai foi cada vez mais gostando do jogo. Mesmo apresentando suas limitações, a equipe de Ramón Diaz mostrava raça e determinação para buscar objetivando conquistar o empate diante do acuado Brasil. Ele poderia ter vindo na bola parada, mas Jefferson impediu ao defender bem uma cabeçada. O gol que levou o jogo para as penalidades veio portanto em vacilo de Thiago Silva, que meteu a mão na bola dentro da grande área. Penâlti corretamente assinalado pelo árbitro e convertido por Derlis González. Um castigo justo e merecido para um time que se acovardou e para um técnico que parece nada ter feito para mudar esse panorama. Eram marcados 26 minutos da etapa final.

Depois do gol de empate sofrido, o Brasil voltou a tentar buscar o ataque e dominar territorialmente a partida. Quase como seguir a lógica de atacar quando estiver empatando ou perdendo e se defender quando está ganhando. Sem ideologia, sem fidelidade a um estilo. O tempo mostrou-se curto para uma mudança de postura drástica e repentinamente que culminasse em um resultado positivo. Foi tarde demais. Douglas Costa e Éverton Ribeiro desperdiçaram suas cobranças de pênalti, enquanto pelo lado paraguaio, apenas Roque Santa Cruz não converteu. Pela segunda Copa América seguida, o Brasil cai para o Paraguai nos pênaltis, na fase quartas-de-final.

Técnicos e mais técnicos escolhidos de maneira equivocada e a Seleção Brasileira encontra-se em estado de calamidade. Sem padrão de jogo, sem identidade, sem alegria, sem brilho, E, pior que isso: com Dunga!

Segue a Copa América, que sente muita falta da Seleção Brasileira. Não dessa dirigida por Dunga. Não daquela dirigida por Felipão. Não da que um dia foi dirigida por Mano Menezes. Não daquela dirigida por Dunga (repetição proposital). Mas sim daquela que jogava futebol de verdade. Em algum dia e em algum lugar do passado.

sexta-feira, junho 26, 2015

NOCAUTE FUTEBOLÍSTICO: ARGENTINA SUPERA COLÔMBIA NOS PÊNALTIS

Por Danilo Silveira

Uma atuação desastrosa do árbitro, um adversário violento, um goleiro adversário inspirado, uma bola que não entrou por centímetros, duas bolas carimbadas na trave, dois pênaltis desperdiçados em momentos cruciais. Foram inúmeros os obstáculos ultrapassados pela Argentina para chegar à semifinal da Copa América.

A seleção de Tata Martino fez seu melhor jogo na competição, assim como Lionel Messi. Se tivéssemos do outro lado a Colômbia da última Copa do Mundo ou a Colômbia do primeiro tempo contra o Brasil, tínhamos tudo para ter um jogaço em Viña Del Mar. Lamentavelmente, a Colômbia mudou suas características de maneira para lá de acentuada. O time leve, habilidoso, que gosta de atacar deu lugar a uma equipe violenta ao extremo, cometendo faltas atrás de faltas, e caçando Lionel Messi.  Não tenho dados estatísticos, mas arrisco dizer que o craque argentino recebeu cerca de dez faltas na partida. Tirando aquelas que não foram assinaladas pelo árbitro mexicano Roberto García, que teve uma atuação tenebrosa. Dentre as lambanças, verifica-se a não marcação de um pênalti para a Argentina e a não expulsão de Cuadrado, que deu tesoura em Messi quando já estava amarelado.

Em um dos raros momentos em que Messi conseguiu não estar cercado por adversários de linha, o goleiro brilhou.. Depois de dar rebote em chute de Aguero, Ospina defendeu de maneira sensacional um cabeceio do melhor jogador do mundo. Não me lembro de ter visto defesa mais bonita nessa Copa América! E não parou por aí o show particular do goleiro do Arsenal. Minutos antes do término da partida, ele salvou uma cabeçada de Otamendi, no canto esquerdo, vendo a bola ainda tocar na trave antes de ser afastada por Zuniga.

E ainda houveram outros lances em que a Argentina poderia ter tido melhor sorte.. Banega acertou o travessão. Tévez dividiu com Ospina  e Zapata e quando o destino da bola seria as redes, Murillo apareceu para afastar para longe, a centímetros da linha final. Parecia a sorte estar toda do lado colombiano.

Era daqueles enredos dramáticos, onde a Argentina terminar os noventa minutos sem fazer sequer um gol parecia ironia. Quis o destino, Ospina e companhia que a vaga na semifinal fosse então definida nas penalidades. Das nove primeiras cobranças, apenas Muriel perdeu, isolando. Biglia tinha, portanto, a incumbência de converter sua cobrança e colocar a Argentina na semifinal. Mas, era o dia em que tudo seria com emoção. O volante bateu para fora. Zuniga cobrou e Romero pegou, colocando novamente os argentinos em vantagem. Era agora Rojo que tinha a chance de chutar às redes e liquidar a disputa. Ele bateu no travessão. O sofrimento parecia não ter fim. Veio então Murillo para a cobrança e bateu para fora. Era a terceira chance que um cobrador argentino tinha de colocar sua seleção na semifinal. Era Tevez agora o escolhido. E ele não decepcionou. 

Vale muito lembrar que quatro anos atrás, a Argentina foi eliminada nas quartas-de-final, pelo Uruguai, em disputa de pênaltis. Tevez, naquela ocasião, desperdiçou sua cobrança. Aí vem o futebol, fantástico e empolgante, para dar uma outra chance. Para Tevez, converter a penalidade contra a Colômbia deve ter tido um sabor mais especial ainda que propriamente classificar sua país à semifinal. Ele deve ter tirado um peso e tanto das costas


Sinceramente, do ponto de vista filosófico, a classificação argentina foi importante. Avançou o time que melhor jogou, que mais criou oportunidades, que mais atacou, que mais criou chances de gol. Ficou pelo caminho a equipe que esqueceu de jogar bola, que foi violenta, que cometeu o antijogo, com faltas em sequência. Que parou Messi através de infrações, e não na bola rolando.

Favorita desde o início da competição, a Argentina parece ter evoluído seu futebol no momento certo. Faltam dois jogos para ela dar fim ao jejum de 24 anos sem nenhuma conquista. O próximo adversário sai do confronto entre Brasil x Paraguai, que acontece neste sábado.

À Colômbia resta reflexão. Resta tentar entender o real motivo de uma mudança tão drástica e negativa de postura. Tem um plantel de alto nível, tem um bom técnico e tem plenas chances de fazer uma boa campanha nas eliminatórias e se firmar na próxima Copa do Mundo. Para isso, me parece de suma importância resgatar o bom futebol que ela já mostrou ter, como por exemplo, no primeiro tempo do confronto diante do Brasil

domingo, junho 21, 2015

CAZUZA COMO POETA É MUITO MELHOR QUE DUNGA COMO TREINADOR

Por Danilo Silveira


A ausência do craque Neymar teve efeito menos maléfico à seleção brasileira do que eu esperava. Obviamente, o peso da não participação do melhor jogador desse atual grupo é grande, mas é correto dizer que em boa parte do duelo com a Venezuela, a equipe de Dunga jogou seu melhor (ou menos pior) futebol nessa Copa América. Se não fossem substituições completamente surreais efetuadas, o Brasil provavelmente terminaria o jogo de maneira tranquila e calma.

Antes dos 10 minutos, Thiago Silva apareceu na área para marcar um golaço: ele aproveitou escanteio da direita e emendou uma bomba, de primeira, vencendo o goleiro Baroja. A abertura do placar logo cedo deu tranquilidade e calma ao Brasil. Não que a equipe estivesse fazendo uma grande partida, mas foi possível observar alguma organização no meio-campo e a manutenção da posse de bola com certa qualidade. O 2 x 0 poderia ter saído em chute de Robinho, que passou perto do alvo, ou em finalização de Filipe Luis, que Baroja impediu que entrasse.

A Venezuela pareceu bem consciente de suas ações. Precisando pelo menos do empate para classificar-se, a seleção comandada por Noel Sanvicente não caiu na armadilha de se lançar desesperadamente ao ataque, se expondo e dando o contra-ataque ao Brasil. A equipe tentava de maneira organizada penetrar no campo ofensivo do Brasil, mas sem gerar desequilíbrio no sistema defensivo. E assim chegou o intervalo.

No segundo tempo, assim como no primeiro, o Brasil chegou ao gol logo cedo. Aos cinco minutos, Willian fez bonita jogada pela esquerda e serviu Roberto Firmino, que chutou para estufar as redes venezuelanas.

Confesso que por volta dos quinze minutos, me dispersei um pouco do jogo. Foi algum tempo que, de certa forma, não consegui estabelecer atenção muito elevada ao duelo, apesar de encontrar-me em todo esse tempo supracitado de frente para a televisão. Aos 21 minutos, no entanto, minha atenção voltou ao confronto, quando vi Diego Tardelli e David Luiz preparados para entrar no gramado do estádio Monumental de Santiago. Esperava que Dunga fosse tirar do campo um atacante e um zagueiro, não mexendo muito na estrutura tática do time. No entanto, o treinador brasileiro sacou de campo Philippe Coutinho e Firmino. Passou assim a atuar com três volantes, sendo David Luiz um deles. Achei desnecessário, me parecia mais conveniente testar alguma peça ofensiva.

Minha atenção voltou totalmente ao confronto aos 29 minutos, por conta da terceira mexida de Dunga: saída de Robinho para a entrada de Marquinhos. Dessa forma o Brasil passou a jogar com 4 zagueiros (Thiago Silva e Miranda como zagueiros, Marquinhos na lateral-direita e David Luiz como volante), dois volantes (Elias e Fernandinho), dois laterais (Filipe Luis na esquerda e Daniel Alves avançado e atuando como ponta direita), um ponta (Willian) e um atacante (Diego Tardelli). Ficou um pouco complicado de entender? Juro que eu até agora estou buscando explicações!

O fato é que o time mudou completamente as características, ficou extremamente defensivo, mas não traduziu isso em segurança defensiva. A Venezuela se lançou ao ataque, passou a ser mais contundente e perigosa e aos 38 minutos chegou ao seu primeiro gol. Arango cobrou falta, Jefferson defendeu no canto esquerdo, mas a bola tocou na trave e sobrou para Fedor cabecear para as redes. O gol animou ainda mais a seleção venezuelana, que se lançou toda ao ataque e passou muito, mas muito perto de empatar o jogo.

No resumo da obra, Dunga comprometeu totalmente a atuação brasileira com suas substituições sem pé nem cabeça. Se a Venezuela empatasse o jogo, se classificaria e eliminaria a Colômbia. Ao Brasil, nada mudaria. Dunga e seus comandados seguiriam classificados em primeiro lugar do grupo. Mas que segurança podemos adquirir em um treinador que consegue em poucos minutos transformar profunda e negativamente um time de futebol?

Sinceramente, não entra na minha cabeça, e acho que nunca vai entrar,  algum argumento suficientemente descente para Dunga retornar ao comando técnico da seleção brasileira. Somos obrigados a nos contentar com a seleção brasileira refém de um treinador que tem a oferecer em termos de futebol, algo que parece distante do que a tradição desse esporte no país pede. Enquanto isso, no mesmo continente, na mesma competição, o Chile joga um futebol de primeira qualidade. O Chile encanta, o Chile, como diz a gíria, “Joga por música”. Por falar em música, vou terminar o texto com versos de Cazuza:

“EU VEJO O FUTURO REPETIR O PASSADO

EU VEJO UM MUSEU DE GRANDES NOVIDADES”

PERU E COLÔMBIA EMPATAM SEM GOLS E AVANÇAM NA COPA AMÉRICA

Por Danilo Silveira 


O embolado grupo C da Copa América chegou à última rodada com as quatro seleções empatadas no número de pontos e no saldo de gols. Todas possuíam condições matemáticas de chegar ao término da rodada tanto como líder como na última posição. Isso levou torcedores e comentaristas a fazerem contas e mais contas, elaborando cenários hipotéticos.

No meio de toda essa matemática, Peru e Colômbia entraram no gramado do estádio Germán Becker em Temuco, sabendo muito bem do que precisavam para avançar sem depender de outros resultados: a Colômbia precisava vencer, enquanto ao Peru bastava o empate. Essa vantagem peruana se explica pelo maior número de gols marcados em relação aos colombianos. (2 contra 1)

Com o cenário acima descrito, era de se imaginar a Colômbia tomando a iniciativa do jogo, tentando pressionar o Peru. E realmente foi esse o ocorrido. E o gol não saiu logo cedo porque o goleiro Gallese apareceu bem, no canto direito, para defender chute rasteiro de Falcao García.

No entanto, aos poucos, o Peru foi conseguindo conter o ímpeto colombiano e equilibrar as ações no campo de jogo. Enquanto isso, a Colômbia foi se distanciando cada vez mais do seu bom futebol que já provou, tanto na Copa do Mundo 2010 quanto nessa Copa América, saber jogar. Sorte dos comandados de Ricardo Gareca, que conseguiam a manutenção do 0 x 0 que lhes dava a classificação, sem maiores sustos.

Talvez fosse o intervalo aquilo que José Pekerman precisava para “colocar ordem na casa”, para pensar e propor alguma estratégia que mudasse o panorama do jogo. No entanto, a segunda etapa chegou e a postura colombiana seguiu abaixo das expectativas, chegando o Peru a estar melhor no campo de jogo.

Aos 11 minutos, Pekerman fez uma substituição e redistribuiu suas peças em campo: Ibarbo entrou na vaga de Armero. Com isso, Arias foi deslocado da lateral direita para a esquerda. Cuadrado saiu do meio para compor a primeira linha de quatro pelo lado direito e Ibarbo tentava dar maior volume ofensivo à equipe. Motivado pela mudança tática ou não, o fato é que a Colômbia melhorou em campo na segunda metade da etapa final. No entanto, não foi suficiente para conseguir a vitória. No fim das contas, o 0 x 0 refletiu o que foi o jogo.

Com o empate, portanto, a Colômbia passou a precisar torcer por resultados para seguir adiante. O cenário era de simples entendimento. Se Brasil e Venezuela empatassem, a Colômbia estaria eliminada e se houvesse um vencedor na partida, ela seguiria na competição.


A boa notícia aos colombianos é que o Brasil venceu a Venezuela. A notícia ruim é que nas quartas de final o duelo será contra a favorita Argentina. Jogo que promete muito! Enquanto isso, o Peru faz um confronto de certa forma improvável para as quartas de final. A seleção comandada por Ricardo Gareca enfrenta a Bolívia. Excelente oportunidade para o Peru repetir o feito da última edição da Copa América e chegar à semifinal.

ARGENTINA VENCE JAMAICA E AVANÇA COMO PRIMEIRA COLOCADA DO GRUPO B

Por Danilo Silveira


A Argentina fez na terceira rodada da Copa América, aquilo que Uruguai e Paraguai fizeram na primeira e segunda rodada, respectivamente: venceu a Jamaica pelo placar mínimo de 1 x 0. Apesar da semelhança no resultado final do confronto, o futebol apresentado foi bem diferente. A Argentina teve um desempenho muito superior ao Uruguai e acima daquilo apresentado pelo Paraguai diante da seleção da América Central.

Talvez o grande trunfo da Argentina nas duas primeiras partidas tenha sido dominar o oponente territorialmente e ter uma posse de bola elevada. Contra a Jamaica, não foi diferente. Na primeira etapa, os comandados de Winfried Schafer praticamente não conseguiram ultrapassar a linha que divide o gramado.

O fato é que o gol argentino saiu logo cedo, aos 10 minutos, anotado por Higuaín, que substituía Aguero, poupado por Tata Martino. O volume ofensivo argentino e a postura defensiva jamaicana davam sustentação à tese de que teríamos em Viña Del Mar uma goleada. Só que as oportunidades foram sendo desperdiçadas em sequência. Ainda na primeira etapa, Higuaín acertou o travessão, o chute de Messi passou perto da trave direita e Dwayne Miller defendeu o chute de Di Maria.

Veio a segunda etapa e conforme os minutos se passavam e a Argentina não ampliava o marcador, a Jamaica ia ganhando coragem para atacar em busca de um empate. É correto afirmar que o volume ofensivo argentino diminuiu na segunda etapa, assim como a qualidade da atuação de Lionel Messi. Na verdade, o melhor jogador do mundo não foi excepcional em nenhuma das duas etapas, mas foi mais efetivo na primeira que na segunda.

Os críticos de plantão já esboçam criticar ao desempenho de Messi na Copa América. De fato, ele não fez uma primeira fase tão brilhante como seu futebol costuma ser. Mas dele, nada se deve duvidar. Messi pareceu se poupar em alguns momentos e, não duvido nada que ele surja nos jogos daqui para frente desfilando seu futebol no mais alto grau de qualidade.
Voltando a falar do jogo, cabe dizer que os minutos finais foram de certa pressão jamaicana. Bolas rondaram a meta defendida por Romero e a seleção da América Central flertou com o empate. Seria um prêmio merecido para a equipe. Não necessariamente pelo que foi apresentado diante da Argentina, mas pelo que foi mostrado nos dois primeiros jogos, onde a equipe fez partidas bem mais equilibradas, contra Uruguai e Paraguai. No entanto, a Jamaica deixa a Copa América sem pontuar e sem balançar as redes.


A Argentina avança em primeiro do grupo e leva para a segunda fase o favoritismo que já possuía antes mesmo do início da competição. Sem conquistar um título no profissional há 22 anos, a seleção de Tata Martino tem nessa edição da Copa América uma possibilidade real, diria eu até provável, de sair da fila.

BOLA CASTIGADA E SELEÇÕES CLASSIFICADAS EM LA SERENA

Por Danilo Silveira


Dos 16 jogos até aqui disputados nesta Copa América, eu tive o prazer de acompanhar 12. Desses, sem dúvidas, Uruguai e Paraguai foi o pior tecnicamente. Se antes do apito inicial eu depositava boas expectativas no duelo, após o apito final a decepção era clara.

O Paraguai entrou no gramado do La Portada de La Serena já classificado, enquanto o Uruguai podia até perder por um gol que avançaria de fase. A impressão que se passou é que o 0 x 0 era um resultado cômodo aos dois.

Os dez, quinze minutos iniciais se passaram e pouca coisa de bom aconteceu. Destaque para uma cabeçada paraguaia, que passou perto da trave direita de Muslera. Creditei a fraqueza do jogo até então a um possível “tempo em que as equipes se estudam, visando entender a melhor maneira de atuar”. Acontece que o relógio andava e nada parecia capaz de mudar o cenário. Parecia conveniente às duas equipes “encebar” o jogo. A bola era demorada a ser reposta em tiros de meta, laterais e faltas por ambas as equipes.

Aos 28 minutos, veio um fato que deu alguma animadinha no jogo: o gol uruguaio. Giménez apareceu na área para completar escanteio cobrado da direita com uma bela cabeçada, que tocou na trave de Villar antes de entrar. O gol fez bem ao Uruguai, que esboçou apresentar um futebol um pouco melhor. Só que antes mesmo do intervalo, o Paraguai chegou ao empate em gol muito semelhante ao do Uruguai: escanteio cobrado da direita e cabeçada para as redes. Lucas Barrios foi quem teve a competência de jogar a bola às redes. Vale lembrar que foi dele também o gol na estreia, nos acréscimos, que deu ao Paraguai o heroico empate contra a favorita ao título, Argentina.

Veio a segunda etapa e o Uruguai passou a atacar mais, buscando o gol que o faria ultrapassar o Paraguai na tabela. No entanto, não podemos dizer que houve uma pressão uruguaia e maiores esforços para buscar a vitória. As equipes continuavam demorando na reposição de bola e o jogo continuou chato de se assistir. Nem as mudanças feitas por Óscar Tabárez e Ramón Diaz mudaram muita coisa no panorama do jogo. Aliás, uma notícia ruim para cada lado. O Uruguai perdeu Álvaro Pereira para as quartas-de-final, por conta de um cartão amarelo, enquanto no Paraguai, Ortigoza saiu de campo lesionado. Até então, não tive acesso a nenhuma notícia sobre a possibilidade do meio-campista jogar a próxima partida da competição.

Talvez o ápice do jogo tenha ocorrido já nos acréscimos da segunda etapa. O camisa 10 paraguaio, Derlis González, quase virou o jogo em chute no canto direito, mas Mulera apareceu bem para evitar. Para a próxima fase, a vida do Uruguai não poderia ser pior. A seleção celeste tem duas possibilidades de adversário: Chile ou Argentina. Para mim, as duas melhores seleções da competição. Após a decisão do Grupo C, saberemos com exatidão qual será o confronto. O Paraguai, por sua vez, enfrenta o primeiro colocado justamente do grupo C, que conta com Brasil, Peru, Venezuela e Colômbia. Todos têm chances de liderar o grupo. 

sábado, junho 20, 2015

COM ATUAÇÃO FANTÁSTICA, CHILE GOLEIA A BOLÍVIA E AVANÇA EM PRIMEIRO

Por Danilo Silveira

Qualquer palavra usada para adjetivar a atuação do Chile diante da Bolívia será menos impactante que a visualização dos 90 minutos de partida disputada na capital Santiago. A admiração que tenho por Jorge Sampaoli, desde os tempos de La U, só fez aumentar conforme os minutos se passavam. Se o lamentável caso do envolvimento de Arturo Vidal em uma batida de carro influenciou negativamente na atuação chilena? Evidentemente, não! O Chile trouxe o foco para o jogo de futebol da maneira mais perfeita possível: jogando futebol.

E não foi pouco futebol que os chilenos jogaram, não. Difícil estabelecer um só destaque em um jogo coletivo tão maravilhoso. Sánchez está voando, o zagueiro Medel fez um gol digno de grande centroavante e Valdívia fez jus ao apelido de mago com sobras, deixando até um pouquinho de crédito na poupança.

Não é exagero dizer que em alguns momentos a mecânica de jogo do Chile lembrou ao fantástico Barcelona. Troca rápida de passes curtos, que envolvem o adversário de uma maneira muito agradável aos olhos de quem assiste. Sabe aquela história de que o Chile é freguês do Brasil? Dessa vez, acho que o melhor ao Brasil é a não ocorrência desse duelo, pois se a seleção de Dunga enfrentar o atual Chile da maneira que jogou nos jogos contra Peru e Colômbia, derrotar o Chile vai ser algo que extrapola o improvável, flertando com o inimaginável.

Tudo começou a dar certo ao Chile muito cedo. Logo aos dois minutos, Medel descolou um lançamento fantástico para Vargas, que aparentemente tentou dominar para si mesmo, mas a bola correu e sobrou limpa para Aránguiz chutar e abrir o marcador. A equipe de Sampaoli vê em Sánches um nome de grande peso. A baita temporada feita no Arsenal reflete no bom desempenho que ele vem tendo na seleção de seu país. No entanto, ele ainda não havia balançado as redes nessa Copa América. E ele precisou carimbar duas vezes a trave, em duas cobranças de falta, antes de marcar seu gol. E quando ele veio, foi uma pintura. O passe para Valdívia foi eficiente, a devolução de Valdívia foi brilhante e o peixinho de Sánchez para ir às redes, magnífico: 2 x 0.

Veio o intervalo e Sampaoli mexeu na equipe, tirando (provavelmente para poupar) Sánchez e Vidal, lançando Henríquez e Matías Fernández. Mauricio Soria também trocou peças na Bolívia, lançando Bejarano e Miranda nas vagas de Rodríguez e Veizaga. E o saldo disso tudo foi a manutenção do que ocorreu na primeira etapa; o Chile sendo superior e a Bolívia inofensiva. Nem a presença de Marcelo Moreno no setor ofensivo e a habilidade de Pablo Escobar no meio foram capazes de fazer a Bolívia ter algum volume do jogo ofensivo que se possa chamar de interessante. Ah! Cabe dizer que Marcelo Moreno tem uma estatura em torno de 1,87m e é ótimo nas cabeçadas, enquanto ambos os zagueiros chilenos têm menos de 1,80m. Isso vem a mostrar que a tese de que zagueiro tem que ter uma estatura elevada não é uma verdade absoluta. O sistema de jogo chileno faz com que essa estatura mais baixa que o habitual dos zagueiros não seja um fator negativo.

Seguindo seu baile, o Chile chegou ao terceiro gol em jogada coletiva muito bonita, que teve como desfecho um passe de Henríquez para Aránguiz marcar seu segundo gol no jogo. Valdívia já havia tido boa atuação na primeira etapa e no segundo tempo, com as saídas de Vidal e Sánchez, se tornou o personagem principal. Tudo parecia passar pelo mago, que distribuía o jogo de maneira impecável. Se na primeira etapa deu bela assistência para Sánchez marcar, nos 45 minutos finais foi de seus pés que saiu um lançamento excepcional para o zagueiro Medel infiltrar pela zaga adversária como um volante surpresa e finalizar com categoria, como um camisa 9 sofisticado: 4 x 0. Talvez o único gol chileno que não tenha sido bonito foi o quinto e último. Aliás, o fato da ausência de beleza do gol se dá pelo fato de ter sido contra, pois se fosse a favor seria um golaço. Após cruzamento da direita, Raldes cortou mal e acabou encobrindo o goleiro Quiñones.


Diz a tabela da competição que o Chile pegará um dos melhores terceiros colocados nas quartas-de-final. Pois vejam, quem diria, enfrentar o Chile hoje parece ser tarefa bem mais complicada que duelar contra seleções como Brasil e Uruguai. Aliás, caso haja um confronto entre Chile e Uruguai ou Chile e Brasil, o Chile é amplamente favorito. 

EQUADOR JOGA BEM, VENCE MÉXICO E AGORA TORCE POR RESULTADOS

Por Danilo Silveira



O Equador venceu o México na cidade de Rancagua, por 2 x 1, assumindo a terceira colocação do grupo A da Copa América. Com o feito, os comandados de Gustavo Quinteros eliminaram a seleção da América Central e torcem por resultados para avançar de fase como uma das duas melhores terceiras colocadas. Mesmo que isso não aconteça, o Equador deve sair de cabeça erguida da competição. Derrotas para Chile e Bolívia e vitória sobre o México não parecem traduzir, à luz somente do resultado final, uma campanha das melhores. No entanto, o futebol apresentado foi acima do que esses placares sugerem.

As duas primeiras atuações do Equador na competição (nas derrotas para Chile e Bolívia) não foram ruins, mas sem dúvidas, o time teve seu melhor desempenho até aqui diante dos mexicanos. Se podemos definir em uma palavra a atuação equatoriana nesta sexta-feira, esta é, equilíbrio. Sabe quando um time joga de maneira homogênea, onde cada jogador parece saber exatamente o que fazer nas situações mais variadas que um jogo de futebol oferece? Pois assim foi o Equador.

A defesa foi sólida e eficiente, os laterais pareciam saber a hora exata de defender e apoiar, com destaque maiúsculo para Paredes, um monstro pelo lado direito: um dos melhores em campo. Os três volantes davam total suporte na marcação do meio-campo mexicano e ainda conseguiam com qualidade fazer a transição para o ataque, que contou com boas atuações de Montero, Enner Valencia e Bolaños. Destaque para os dois últimos, responsáveis diretos pelos gols da equipe. Gols esses que saíram de maneira até certo ponto parecida. Ambos começaram com roubo da posse de bola próximo ao meio campo. No primeiro, foi Bolaños que serviu Valencia; no segundo, o contrário.

O México, por sua vez, não teve uma atuação tão qualificada quanto o Equador, mas tem suas virtudes. Um time que explorou bastante o lado esquerdo de ataque, com Corona e Velarde, dando muito trabalho à marcação. Na frente, a equipe contava com dois atacantes mais centralizados: Vuoso e Jiménez. E talvez na única falha mais evidente do Equador, saiu o gol mexicano, quando o placar já apontava 2 x 0 ao Equador. Achiler agarrou o zagueiro Ayala na área e o pênalti foi corretamente assinalado pelo venezuelano José Argote. Jiménez cobrou e fez o último gol do México na atual edição da Competição.

Se ainda veremos o Equador jogar nessa Copa América, só o tempo irá dizer. Digo que seria gratificante assistir mais uma partida dessa equipe, que mostrou muito potencial até aqui. Caso não seja possível, só tenho a dizer que o Equador tem plenas condições de classificar-se para disputar a Copa do Mundo de 2018. Aliás, Uruguai e Brasil são dois gigantes que, analisando-se o desempenho em termos de futebol praticado nessa Copa América, estão bem atrás dos equatorianos.

quinta-feira, junho 18, 2015

A PRIMEIRA DERROTA DA NOVA "ERRA DUNGA"

Por Danilo Silveira

Se contra o Peru na estreia o Brasil não foi bem, contra a Colômbia os comandados de Dunga conseguiram piorar. E quando digo isso, não me baseio no resultado adverso. A vitória por 1 x 0 da Colômbia em nada influencia o que está sendo escrito. O que de fato assusta não é perder para a Colômbia, e sim, a falta de um esquema tático minimamente convincente, a ausência de jogadas bem trabalhadas e de uma proposta de jogo bem desenhada.

Hoje, a Colômbia é mais time que o Brasil. Se os jogadores da equipe de José Pekerman são melhores que os comandados de Dunga, é outra discussão. Mas como time, como coletivo, a distância é grande. A Colômbia soube apresentar no estádio Monumental de Santiago, mais que uma proposta de jogo. Se no primeiro tempo a equipe veio para cima e mostrou qualidade para atacar, na segunda etapa, o time se retraiu consideravelmente, mostrou aplicação para anular as jogadas ofensivas do Brasil e insumos para sair em contra-ataque. Acredito que se a saída para esses contra-ataques tivessem sido um pouco mais eficazes, o Brasil teria boas chances de sair de campo com uma goleada na bagagem.

Sinceramente, tenho pena é do Neymar. Talento puro, habilidade nata! É muita genialidade para ser subaproveitada. Se em 2014 disputou uma Copa do Mundo em um time horroroso montado por Felipão, em 2015 disputa uma Copa América em uma equipe para lá de fraca, montada por Dunga. E quando uso adjetivos como horroroso e fraca, não me refiro a jogadores, mas falo da parte coletiva. Individualmente, nem a atual convocação de Dunga nem a de Felipão são ruins. Mas poderiam ser muito melhores...

Não entra na minha cabeça o fato de Ronaldinho Gaúcho, Kaká e Ganso não serem convocados para fazerem parte da Seleção Brasileira de Futebol. Talvez não os três, mas quem sabe dois, ou pelo menos um. Talvez seja do talento de um desses três que Neymar precise para não se sentir sozinho no meio de um monte de adversários. Ronaldinho então, cairia como uma luva. Talvez com ele e Neymar no time, até mesmo a carência tática de Dunga fosse um pouco apagada.

Para piorar a situação brasileira, Neymar levou cartão amarelo em jogada onde usou a mão (para mim, cartão aplicado de maneira exagerada) e está fora da decisiva partida contra a Venezuela. Na verdade, há de se relatar que Neymar ainda foi expulso após o apito final ao se envolver em uma confusão. O atacante colombiano Bacca também levou o vermelho. Portanto, a fase de grupos para o Brasil começou mal, teve um meio péssimo e pode ter um final pavoroso.

Terá Dunga agora a incumbência de escolher um substituto para Neymar.  Sinceramente, não tenho ainda opinião formada sobre determinada escolha, mas o fato é que se estivesse a seleção melhor convocada, talvez ela fosse mais fácil de ser realizada.


Incrivelmente, essa foi a primeira derrota de Dunga em sua segunda passagem como técnico da Seleção Brasileira. Nos 11 jogos anteriores, 11 vitórias. Contra a Venezuela, a tendência é que o Brasil jogue mal, assim como fez nas duas primeiras partidas. Se jogar mal e ganhar como na estreia, passa de fase. Se jogar mal e perder como diante da Colômbia, corre sério risco de ser eliminado. Talvez em algum momento Dunga venha a se arrepender das escolhas que fez em suas convocações em ambas as passagens pela Seleção Brasileira. Vai ser, portanto, o momento de dizer: “Já era, Dunga!” Duas vezes!

terça-feira, junho 16, 2015

EM JOGO PEGADO, ARGENTINA VENCE URUGUAI COM GOL DE AGUERO

Por Danilo Silveira


Argentina e Uruguai travaram em La Serena um duelo que não foi dos melhores, mas também passou longe de ser dos piores. Na verdade, tenho duas críticas a fazer, em geral.

A primeira delas é à postura adotada pelo Uruguai até sofrer o gol, aos 10 minutos da segunda etapa. Durante cinquenta e cinco minutos a equipe de Óscar Tabárez foi extremamente defensiva, chegando raramente ao campo ofensivo, não conseguindo nem contra-atacar com qualidade. Haja vista que o gol único do jogo veio a mudar o panorama do confronto. E com o Uruguai saindo para o ataque, o jogo ficou bem mais interessante de ser assistido.

A segunda crítica é ao esquema da Seleção Argentina. Na Copa do Mundo de 2014, Alejandro Sabella teve sucesso ao jogar com Ageurio (substituído por Lavezzi quando se machucou), Dí Maria, Messi e Higuaín compondo o quarteto ofensivo. Para a Copa América, Tata Martino colocou Higuaín no banco e lançou Pastore na equipe titular, passando Aguero para a posição de centroavante. Talvez seja cedo para uma análise aprofundada, mas o esquema de jogo da Copa de 2014, a princípio, me agradava mais. Prefiro Aguero mais pelos lados do campo, ou no meio mais recuado do que na posição que vem atuando na Copa América.

Apesar das críticas, a Seleção Argentina não fez uma partida ruim, mesmo tendo um desempenho abaixo do que se espera. O domínio territorial e da posse de bola na primeira etapa poderia ter se transformado em gol, mais Muslera apareceu bem tanto para impedir que o chute de Dí Maria entrasse, quanto para defender cabeçada de Aguero após bela assistência de Messi. Falando em Messi, cabe destacar que ele não teve nos seus melhores dias, mas mesmo quando não é tão genial quanto de costume é de uma classe absurda com a bola nos pés.

Demorou dez minutos da segunda etapa para a equipe melhor em campo ficar à frente do marcador. Zabaleta cruzou, Aguero se antecipou no primeiro pau e fez um belo gol, em uma espécie de falso peixinho. Critiquei Aguero como centroavante, mas nessa jogada ele foi perfeito na função.
Quase instantaneamente após sofrer o gol, o Uruguai se lançou ao ataque. O jogo ficou quente, pegado, com discussões e trocas de provocações em campo. Na melhor chance que o Uruguai teve, Rolan incrivelmente chutou por cima o rebote oferecido por Romero após chute de Maxi  Pereira. No fim das contas, a Argentina mereceu a vitória. Foi o time que mais buscou o ataque e que foi mais equilibrado.


Na última rodada, a Argentina enfrenta a Jamaica, enquanto Paraguai e Uruguai se enfrentam em um jogo que promete fortes emoções.

GOLEIRO JAMAICANO FALHA E PARAGUAI VENCE EQUILIBRADO CONFRONTO

Por Danilo Silveira

O que se viu na cidade de Antofagasta foi um duelo com alternância de superioridade. Se o Paraguai conseguiu ser melhor na primeira etapa, os minutos finais do jogo foram de pressão e domínio jamaicano. No final disso tudo, o saldo foi uma vitória paraguaia pelo placar mínimo, que veio através de uma falha grotesca do goleiro jamaicano Duwayne Kerr.

A partida demorou alguns minutos para ficar com um desenho concreto, já que os minutos iniciais foram truncados, com o jogo sendo paralisado a toda hora por conta de faltas em sequência. E foi o Paraguai quem se mostrou melhor no campo de jogo, tentando explorar a velocidade pelos lados para chegar ao ataque, com destaque para Derlis González. No entanto, assim como no jogo de estreia, a Jamaica vendia caro o espaço territorial, não se limitando a ficar na defesa à espera do Paraguai.

Na chance mais bonita criada pelo na primeira etapa, Santa Cruz emendou de primeira um cruzamento da direita para boa defesa de Duwayne Kerr. Bem nesse momento, o camisa 1 da Jamaica foi péssimo alguns minutos mais tarde. Victor Cáceres executou lançamento do campo de defesa, mas acabou colocando força demais. Dentro da normalidade, o goleiro jamaicano recolheria a bola com as mãos em sua área e reporia a bola em campo alguns segundos depois. Só que Duwayne encontrava-se fora da grande área e resolveu cortar o lançamento com a cabeça. Certamente, a execução da jogada saiu diferente do planejado. Duwayne cabeceou nas pernas de Edgar Benítez e a bola acabou rumando para as redes jamaicanas: 1 x 0. 

Seria o início de uma goleada do Paraguai para cima do saco de pancadas do grupo? Nem goleada nem saco de pancadas! Se já havia vendido caro a derrota para o Uruguai na estreia, o mesmo fez a Jamaica diante do Paraguai. A equipe comandada pelo alemão Winfried Schafer foi aos poucos aumentando a pressão para cima do Paraguai na segunda etapa e terminou o jogo povoando o campo ofensivo com vários homens de amarelo. Desses, o que mais chamou atenção foi o camisa 17, Austin, que pareceu o mais habilidoso do time. O chute de Mc Cleary passou perto , à direita; a cabeçada de Mattocks foi sobre o travessão e o empate jamaicano não veio. O Paraguai também teve suas chances de ampliar. Na mais clara delas, Samudio quase fez um golaço, ao soltar uma bomba que explodiu no travessão. Há de se destacar ainda a penalidade negada pelo venezuelano do apito, Carlos Vera, quando Mariappa usou o braço para cortar cabeçada de Santa Cruz.


Na conclusão dos fatos, pode-se dizer que em termos de futebol não há muita diferença entre a campanha de Paraguai e Jamaica na Copa América. Diferentemente de quando avaliamos a pontuação de cada seleção. O Paraguai soma quatro pontos e tem plenas condições de classificar-se, enquanto a Jamaica não soma ponto algum e tem como o último adversário da primeira fase a Argentina. Difícil pensar em classificação, mas quando o assunto é futebol o improvável flerta com o real em muitos casos.

sábado, junho 13, 2015

PRAZER, CHILE!

Por Danilo Silveira


O Chile estreou com o pé direito na Copa América, diante de seu torcedor, no estádio Julio Martínez Prádanos, em Santiago. Mesmo sem uma atuação brilhante, a equipe comandada por Jorge Sampaoli mostrou boas virtudes como leveza e versatilidade na vitória por 2 x 0 sobre o Equador.

Durante a primeira etapa, o Chile dominou por completo a partida. O esquema proposto pela equipe apresentava três zagueiros, dois pontas e mais cinco homens trocando de posição pelo campo ofensivo. Logo cedo, Sánches quase abriu o marcador, mas acabou finalizando à esquerda de Domínguez. Pela direita, Isla era a grande válvula de escape chilena e por pouco o camisa 4 não abriu o marcador em chute cruzado, que por centímetros não carimbou a trave adversária. O Equador, por sua vez, tentava explorar a velocidade de Montero pela esquerda e de Enner Valencia pela direita, com Martínez centralizado. No entanto, o sistema de jogo chileno inibiu as investidas da equipe comandada porGustavo Quinteros.

Para a segunda etapa, Sampaoli tirou o sumido Beausejour e lançou Vargas na equipe. Com isso, Mena foi deslocado da zaga para a lateral esquerda, com Vargas atuando mais pelo meio. Talvez pelo bom trato que a Seleção Chilena dava à bola quando a detinha nos pés, o gol deveria ter saído de maneira mais bonita que através de uma penalidade. Mas não foi assim que aconteceu. Bolaños derrubou Vidal na área, cometendo um pênalti para lá de infantil, aos 21 minutos. O mesmo Vidal foi para a cobrança e abriu o marcador. Minutos depois, veio a grande chance para o Equador empatar o jogo. Na bola aérea, Enner Valencia cabeceou e acertou o travessão de Bravo. Susto na torcida local, que pouco depois se transformou novamente em alegria. Se o Equador não igualou o placar, ainda deu tempo do Chile aumentar. Ibarra saiu jogando errado e serviu Sánches. O atacante do Arsenal e melhor jogador em campo arrancou em velocidade pelo meio e tocou para Vargas, que bateu cruzado para dar números finais ao jogo.

Sabe aquela história que estreia é sempre mais difícil? Pois baseado nessa tese, creio que o Chile terá duas atuações melhores nos jogos restantes da fase de grupos. Se não foi brilhante na execução, o Chile de Sampaoli deu indícios que é brilhante na essência. Quanto ao Equador, cabe dizer que é um time organizado, equilibrado e que ainda deve dar muito trabalho aos seus adversários. Falar em título parece ousado, mas falar em passar de fase parece bem aceitável.

quarta-feira, junho 03, 2015

COMO ARRANJAR PROBLEMA ONDE NÃO TEM? O CRUZEIRO ENSINA!

Por Danilo Silveira




Um site que faz sucesso, principalmente no Facebook, é o Sensacionalista. O objetivo do veículo é ironizar fatos sociais, corriqueiros, com boa dose de humor. Pois nesta terça-feira, ao abrir um site de notícias esportivas, me deparei com a informação que o Cruzeiro havia demitido Marcelo Oliveira e acertado a contratação de Vanderlei Luxemburgo para treinador. Logo, achei que havia me confundido e que estava no site Sensacionalista, lendo mais um piada irônica. Só que não!

Realmente, o Cruzeiro havia demitido Marcelo Oliveira, bicampeão brasileiro, que montou um Cruzeiro fenomenal, brilhante, que encantou o Brasil nos últimos dois anos. E realmente Vanderlei Luxemburgo seria o sucessor no cargo. Vanderlei Luxemburgo acabou de ser demitido do Flamengo, deixando o futebol na Gávea em apuros. Com um elenco médio para bom em mãos, ele não conseguiu fazer a equipe apresentar o mínimo de organização dentro das quatro linhas. Mostrou total desconhecimento tático e, em alguns momentos, mais parecia um leigo, uma pessoa que pouco sabe desse esporte, do que um treinador de futebol.

Não vi ainda todos os times da Primeira Divisão atuarem, mas TODOS os que eu vi mostraram-se mais organizados que o Flamengo de Luxemburgo, que mais parecia um bando que um time de futebol. Para ser mais direto, Vanderlei Luxemburgo hoje não é um técnico de Primeira Divisão.
Só que infelizmente, a lógica do futebol brasileiro é mais ou menos a seguinte: conquistou títulos importantes é bom para o resto da vida. Ninguém parece se preocupar em analisar a forma com a qual o título ocorreu, as circunstâncias, os fatores “invisíveis”, como sorte ou azar, por exemplo. E  as pessoas parecem não entenderem que o tempo passa e que as coisas podem mudar. E é por isso que Luxemburgo hoje em dia ainda consegue se empregar em times grandes como o Cruzeiro e o Flamengo.

A simples troca ocorrida no dia de hoje fez o Cruzeiro passar de “um dos favoritos ao título” para “um sério candidato a ser rebaixado”. Para quem acredita que técnico não faz diferença, eu digo que faz, e muita. Se o Flamengo tivesse tido nos últimos dez meses, técnicos como Oswaldo de Oliveira, Cuca, Marcelo Oliveira, eu duvido que a situação na Gávea estaria tão periclitante como a deixada por Vanderlei Luxemburgo.


Mas enfim...Vanderlei Luxemburgo não é mais problema do Flamengo, agora é problema do Cruzeiro! E que problema! 

quinta-feira, maio 14, 2015

NOS PÊNALTIS, CRUZEIRO DERROTA SÃO PAULO E AGORA ESPERA RIVER OU BOCA

Por Danilo Silveira

Montar uma grande equipe é muito difícil, remontar uma grande equipe talvez seja ainda mais complicado. E na noite desta quarta-feira, Marcelo Oliveira demonstrou que vem tendo sucesso nessa empreitada à frente do Cruzeiro, atual bicampeão brasileiro.

A equipe mineira eliminou, não sem doses de sofrimento, o São Paulo, atual vice-campeão brasileiro. Como havia perdido por 1 x 0 o jogo de ida no Morumbi, a equipe mineira precisava vencer por dois gols de diferença para avançar às quartas de final da Libertadores.

O time criou um número de chances que poderiam ser mais que suficientes para conseguir tal empreitada citada no parágrafo acima. No entanto, apenas uma bola entrou, em bela jogada que terminou com passe de Mayke para Leandro Damião fazer o gol único do duelo, que teria como desfecho final as penalidades.

Tinha Rogério Ceni, portanto, a incumbência de brilhar embaixo dos postes para colocar o São Paulo na fase seguinte daquela que pode (deve) ser sua última Libertadores da América como jogador profissional. Ele brilhou, mas não o quanto se fez necessário para o time paulista avançar. Das seis cobranças, Rogério pegou duas e quatro entraram. Mas do outro lado, Fábio brilhou na mesma intensidade, pegando duas batidas. A grande diferença foi que somente três cobranças são-paulinas entraram; Souza colocou para fora. Cruzeiro classificado!

O que ocorre e o que era para ocorrer se fosse usado como base para decisão o merecimento nem sempre caminha na mesma direção. Mas nesta quarta-feira, foi isso o que ocorreu. Mais precisamente, o Cruzeiro mereceu a classificação pelo que fez com bola rolando. Foi mais agudo, buscou mais o ataque, teve quatro homens de frente contra três do São Paulo.

Talvez tenha estado aí o grande erro de Milton Cruz. Escalar três volantes (Souza, Denílsone Wesley), abrindo mão de Centurión e Luís Fabiano, que só adentraram o gramado na segunda etapa. E nesse momento houve outro equívoco. Alexandre Pato deveria ter seguido em campo, e não ter sido o escolhido para ceder lugar ao Fabuloso. Era possível, benéfico e até certo ponto previsível acreditar que os dois juntos teriam grandes chances de fazer o São Paulo evoluir seu nível de atuação. Aliás, assim foi contra o Flamengo, no último domingo.

Ainda assim, o São Paulo teve perto da classificação quando Bruno fez bela jogada e serviu Luis Fabiano, que por pouco não guardou um belo gol de voleio. E o Fabuloso também não converteu na disputa de pênaltis, parando em Fábio. Mas seria cruel e até certo ponto errado, atribuir a eliminação às duas chances desperdiçadas pelo camisa nove são paulino.


No ano passado, o Cruzeiro também jogava a Libertadores com o Status de campeão brasileiro.  Naquela ocasião, o time mineiro parou nas quartas de final, no San Lorenzo, que viria a ganhar a competição. Buscando chegar mais longe dessa vez, o time mineiro encontra pela frente, nas quartas de final, um clube também argentino. Boca e River decidem nesta quinta-feira quem enfrentará a Raposa na próxima fase.  Venha quem vier, a expectativa é de um confronto duro, equilibrado, entre duas camisas tradicionais quando o assunto é Libertadores.