domingo, junho 21, 2015

CAZUZA COMO POETA É MUITO MELHOR QUE DUNGA COMO TREINADOR

Por Danilo Silveira


A ausência do craque Neymar teve efeito menos maléfico à seleção brasileira do que eu esperava. Obviamente, o peso da não participação do melhor jogador desse atual grupo é grande, mas é correto dizer que em boa parte do duelo com a Venezuela, a equipe de Dunga jogou seu melhor (ou menos pior) futebol nessa Copa América. Se não fossem substituições completamente surreais efetuadas, o Brasil provavelmente terminaria o jogo de maneira tranquila e calma.

Antes dos 10 minutos, Thiago Silva apareceu na área para marcar um golaço: ele aproveitou escanteio da direita e emendou uma bomba, de primeira, vencendo o goleiro Baroja. A abertura do placar logo cedo deu tranquilidade e calma ao Brasil. Não que a equipe estivesse fazendo uma grande partida, mas foi possível observar alguma organização no meio-campo e a manutenção da posse de bola com certa qualidade. O 2 x 0 poderia ter saído em chute de Robinho, que passou perto do alvo, ou em finalização de Filipe Luis, que Baroja impediu que entrasse.

A Venezuela pareceu bem consciente de suas ações. Precisando pelo menos do empate para classificar-se, a seleção comandada por Noel Sanvicente não caiu na armadilha de se lançar desesperadamente ao ataque, se expondo e dando o contra-ataque ao Brasil. A equipe tentava de maneira organizada penetrar no campo ofensivo do Brasil, mas sem gerar desequilíbrio no sistema defensivo. E assim chegou o intervalo.

No segundo tempo, assim como no primeiro, o Brasil chegou ao gol logo cedo. Aos cinco minutos, Willian fez bonita jogada pela esquerda e serviu Roberto Firmino, que chutou para estufar as redes venezuelanas.

Confesso que por volta dos quinze minutos, me dispersei um pouco do jogo. Foi algum tempo que, de certa forma, não consegui estabelecer atenção muito elevada ao duelo, apesar de encontrar-me em todo esse tempo supracitado de frente para a televisão. Aos 21 minutos, no entanto, minha atenção voltou ao confronto, quando vi Diego Tardelli e David Luiz preparados para entrar no gramado do estádio Monumental de Santiago. Esperava que Dunga fosse tirar do campo um atacante e um zagueiro, não mexendo muito na estrutura tática do time. No entanto, o treinador brasileiro sacou de campo Philippe Coutinho e Firmino. Passou assim a atuar com três volantes, sendo David Luiz um deles. Achei desnecessário, me parecia mais conveniente testar alguma peça ofensiva.

Minha atenção voltou totalmente ao confronto aos 29 minutos, por conta da terceira mexida de Dunga: saída de Robinho para a entrada de Marquinhos. Dessa forma o Brasil passou a jogar com 4 zagueiros (Thiago Silva e Miranda como zagueiros, Marquinhos na lateral-direita e David Luiz como volante), dois volantes (Elias e Fernandinho), dois laterais (Filipe Luis na esquerda e Daniel Alves avançado e atuando como ponta direita), um ponta (Willian) e um atacante (Diego Tardelli). Ficou um pouco complicado de entender? Juro que eu até agora estou buscando explicações!

O fato é que o time mudou completamente as características, ficou extremamente defensivo, mas não traduziu isso em segurança defensiva. A Venezuela se lançou ao ataque, passou a ser mais contundente e perigosa e aos 38 minutos chegou ao seu primeiro gol. Arango cobrou falta, Jefferson defendeu no canto esquerdo, mas a bola tocou na trave e sobrou para Fedor cabecear para as redes. O gol animou ainda mais a seleção venezuelana, que se lançou toda ao ataque e passou muito, mas muito perto de empatar o jogo.

No resumo da obra, Dunga comprometeu totalmente a atuação brasileira com suas substituições sem pé nem cabeça. Se a Venezuela empatasse o jogo, se classificaria e eliminaria a Colômbia. Ao Brasil, nada mudaria. Dunga e seus comandados seguiriam classificados em primeiro lugar do grupo. Mas que segurança podemos adquirir em um treinador que consegue em poucos minutos transformar profunda e negativamente um time de futebol?

Sinceramente, não entra na minha cabeça, e acho que nunca vai entrar,  algum argumento suficientemente descente para Dunga retornar ao comando técnico da seleção brasileira. Somos obrigados a nos contentar com a seleção brasileira refém de um treinador que tem a oferecer em termos de futebol, algo que parece distante do que a tradição desse esporte no país pede. Enquanto isso, no mesmo continente, na mesma competição, o Chile joga um futebol de primeira qualidade. O Chile encanta, o Chile, como diz a gíria, “Joga por música”. Por falar em música, vou terminar o texto com versos de Cazuza:

“EU VEJO O FUTURO REPETIR O PASSADO

EU VEJO UM MUSEU DE GRANDES NOVIDADES”

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