terça-feira, julho 03, 2018

JOGO 52: O DIA É DE KASPER SCHMEICHEL, MAS A CLASSIFICAÇÃO É DA CROÁCIA!

Por Danilo Dias

Croácia e Dinamarca não fizeram em Nizhny Novgorod uma partida tão boa assim na parte técnica. Talvez as duas seleções não tenham conseguido, ao longo da partida, desenvolver suas estratégias da melhor maneira possível. Mas nem sempre um jogo precisa ser bem jogado, técnica e taticamente para ser inesquecível, épico, emocionante.

Croácia x Dinamarca reuniu todos os ingredientes que uma grande história precisa. Momentos de alta tensão, apreensão, emoção, dúvidas, incertezas.

Se daqui a cinco, dez, quinze anos, forem falar de Croácia x Dinamarca, o primeiro nome que virá em mente será Kasper Schmeichel, goleiro de Seleção Dinamarquesa. Isso porque o camisa 1 conseguiu simplesmente defender três cobranças de pênaltis, uma na prorrogação, e duas nas cobranças de pênalti após a prorrogação. Talvez tenho sido um certo Spoller da minha parte, falar isso já no terceiro parágrafo do texto. Talvez tivesse que deixar para falar isso no final. Talvez toda história deva ser narrada com os momentos de maior emoção no final. Perdoem-me!

Os minutos inicias da partida foram bem movimentados, para deixar bem ligado o maior sonolento dos seres humanos que tivesse assistindo ao duelo. Resumindo, Jorgensen abriu o placar para a Dinamarca no primeiro minuto e Mandzukic empatou aos 3. Foram os únicos gols da partida.

Daí em diante, o que se viu foram duas equipes tentando o ataque, buscando propor o jogo. Houve alternância no domínio e fica difícil dizer quem jogou melhor. Talvez a Croácia pudesse ter jogado melhor, talvez a Dinamarca tenha impedido que a Croácia tenha jogado melhor. Talvez a Dinamarca pudesse ter jogado melhor. Talvez a Croácia tenha impedido que a Dinamarca tenha jogado melhor. As frases acima parecem complexas, mas não são tanto assim.

A forte marcação das duas equipes fez com que as defesas se sobressaíssem em relação aos ataques. Foram poucas chances cridas, mas como eu disse há pouco, o jogo não precisa ser tão bem jogado para ser emocionante.

Copa do Mundo, jogo eliminatório, 45 do segundo tempo, empate no marcador e prorrogação por vir. Talvez não precise de mais muita coisa para gerar emoção ao espectador. Mas o clímax veio exatamente aos oito minutos do segundo tempo da prorrogação. Entravam em cena Luka Modric, Ante Rebic, Kassper Schmeichel e Zanka Jorgensen (sim, o mesmo que fez o gol da Dinamarca no primeiro minuto de jogo).

Modric deu um passe simplesmente espetacular, colocando Rebic frente a frente com Schmeichel. O atacante croata driblou o arqueiro dinamarquês, e ficou com o gol vazio para empurrar a bola e colocar sua seleção com um pé nas quartas-de-final. Só que surgiu então, outro pé. Era o de Jorgensen, que deu um carrinho, atingindo a perna do atacante e impedindo o chute para o gol. Pênalti assinalado, corretamente. O erro do árbitro Nestor Pitana foi somente aplicar o cartão amarelo, e não o vermelho, ao jogador dinamarquês. Alguém lembra de Uruguai x Gana, em 2010, quando Suárez fez um pênalti nos minutos finais da prorrogação, para evitar o gol da seleção africana? Algo parecido acontecia oito anos depois. E se em 2010, Asamoah Gyan perdeu, dessa vez foi a vez de Modric desperdiçar. O mesmo Modric que deu a bela enfiada de bola no lance que gerou o pênalti, parou no mesmo Schmeichel, driblado pouco antes da ocorrência da infração.

A magia do futebol, o que contagia esse esporte, muitas vezes está fora das 4 linhas. Nas arquibancadas do estádio de Nizhny, Peter Schmeichel, comemorava a defesa do seu filho dentro das quatro linhas. Até aí, nada de muito curioso. Mas o que torna o fato para lá de interessante é que Schmeichel, o pai, também foi goleiro da Seleção Dinamarqueza, no passado.

E pouco depois, o pai viu o filho brilhar mais duas vezes. Kasper Schmeichel cismou que queria ser o herói da noite. Na disputa por pênaltis, pegou mais duas cobranças, de Badelj e Pivaric. Só que Eriksen, Schone e Jorgensen desperdiçaram pela Dinamarca e a cobrança derradeira de Rakitic veio a colocar a Croácia nas quartas de final. Importante comentar que Luka Modric foi o terceiro a bater na Seleção da Croácia e converteu sua cobrança.

Schmeichel foi heróico, excepcional, brilhante. Eleito o melhor jogador da partida! Talvez, para não dizer com certeza, o camisa 1 da Seleção Dinamarquesa trocasse todos esses adjetivos, a eleição de melhor jogador e as cobranças defendidas por uma vaga nas quartas-de-final do Mundial. Ainda que não tenha sido possível, pode ter a certeza que Kaasper Schmeichel está eternizado na história do melhor torneio do melhor esporte do mundo: a Copa do Mundo, o futebol!




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