quarta-feira, dezembro 23, 2020

DIA DE TÉCNICO BRASILEIRO CAMPEÃO CONTINENTAL...TIGRES VENCE LIGA DOS CAMPEÕES DA CONCACAF!

Por Danilo Silveira

Sem os holofotes da grande mídia brasileira, foi disputada na madrugada dessa quarta-feira (23), a final da Liga dos Campeões da CONCACAF. Creio que o evento deveria ter sido muito mais noticiado do que foi. Primeiro, porque o técnico de uma das equipes é brasileiro. Segundo, porque os programas de debates esportivos perdem muito tempo discutindo coisas inúteis e sem fundamento, do que propriamente futebol. Para sorte dos amantes de bom futebol, a Fox Sports transmitiu a partida entre o Tigres, do México e o Los Angeles FC,  dos EUA, no estádio Exploria, na Florida.

Logo nos primeiros minutos, deu para perceber que as duas equipes tinham qualidade para jogar um futebol técnico e bonito, de bola rolando na grama, com poucos chutões. A equipe americana, comandado pelo também americano Bob Bradley (que dirigiu os EUA na Copa do Mundo de 2010), logo apresentou certa superioridade dentro do campo de jogo. Com destaque para a participação dos atacantes Carlos Vela e Diego Rossi, que apresentavam muita movimentação no campo ofensivo, dando trabalho à marcação. O Tigres, por sua vez, comandado pelo brasileiro Tuca Ferretti (tem dupla cidadania, é também mexicano),demonstrava de forma clara que a proposta de jogo era sair jogando com a bola rolando, de pé em pé. No entanto, essa tarefa não se tornava fácil, visto a marcação alta e bem conduzida do Los Angeles FC. É de se aplaudir a tentativa do Tigres em não efetuar o chutão, mesmo em momentos de marcação muito forte do adversário. Por inúmeras vezes, a bola foi recuada ao goleiro Guzmán, na tentativa de abrir novas linhas de passe, que possibilitassem o time sair dessa pressão do time americano sem ser na base de chutão.

A  bem da verdade, o duelo ficou aquém do esperado na primeira etapa. A marcação forte de ambas as equipes acabou tornando o jogo muito faltoso e poucas chances de gol foram criadas. Mas não dá para dizer que foi um primeiro tempo ruim. Podemos sintetizar a primeira etapa como um duelo onde duas equipes apresentaram boas propostas de jogo, que não foram concretizadas com muito sucesso,

A segunda etapa chegou e com ela um panorama bem diferente. Aí sim tivemos uma partida com cara de final. O Los Angeles aumentou a pressão logo nos minutos iniciais e conseguiu o gol que premiou a equipe que melhor jogava na partida até então. Aos 15 minutos, o volante canadense Kaye tabelou com Carlos Vela próximo à meia lua e efetuou um passe por elevação primoroso para Diego Rossi tocar de primeira, encobrindo o goleiro Guzmán. Um golaço! Gol esse que desencadeou uma melhora absurda no desempenho do Tigres, e por consequência, na qualidade da partida. A equipe mexicana (que além do treinador brasileiro, conta com o meio-campista brasileiro Rafael Carioca, ex-Vasco, lembram?) conseguiu enfim, transformar a sua boa ideia de jogo em algo mais notório dentro das 4 linhas. As trocas de passes se tornaram mais verticais, o campo ofensivo passou a ser mais povoado e o excelente atacante Gignac passou a aparecer mais na partida. 

Na mesma proporção que o Tigres conseguia atacar com mais desenvoltura e mais frequência, o Los Angeles ganhava campo para contra-atacar. Um segundo gol deixaria o Los Angeles com uma mão e meia na taça, enquanto o gol de empate deixaria o jogo eletrizante, com contornos de emoção bem elevados. Parecia certo, como 2+2 são 4, que uma das opções da frase anterior aconteceriam. Dito e feito! Aos 26 minutos, Nicolas López, que tinha acabado de entrar, cobrou escanteio para cabeçada de Ayala para o fundo das redes. Era o empate do Tigres! Falha feia do sistema de marcação da equipe americana, já que dentro da área tinham muito mais jogadores vestindo preto, do que vestindo amarelo.



O gol trouxe a tal emoção ao jogo. Parece ter feito bem demais ao psicológico da equipe mexicana, que passou a jogar melhor. A superioridade foi transformada em gol da virada, gol do título, aos 38 minutos. Luis Rodríguez arrancou no meio, caindo pela ponta direita e tocou para Gignac, que teve tranquilidade, frieza e categoria para bater de primeira, na altura da meia lua, no campo esquerdo do goleiro Vermeer. Depois de bater na trave algumas vezes, o Tigres enfim é campeão continental pela primeira vez. E Tuica Ferreti, consegue seu segundo título da competição na carreira (ganhou em 2003 com o Toluca).

Falando em Tuca Ferretti, aqui vai um parágrafo especial falando sobre ele. Não acompanho o futebol mexicano, até porque, sua transmissão não é tão comum em canais televisivos no Brasil. Mas lembro do Tigres em 2015, na Libertadores da América. O futebol apresentado era encantador e a equipe terminou com o vice campeonato. Nesta madrugada, voltei a assistir a equipe atuar, esperando ver um bom futebol. E assim foi.

Tuca parece ter o time na mão e faz a equipe jogar em futebol de uma qualidade muito acima do que se joga no Brasil. A mídia brasileira dá pouco cartaz ao treinador, nunca se cogitou colocá-lo na Seleção Brasileira, onde já tivemos recentemente nomes como Dunga e Mano Menezes. Realmente, o Brasil está muito atrasado quando o assunto é futebol. E não falo só dentro do campo. Falo em termos de entendimento de desporto, em gestão, em cobertura da mídia.

Talvez os bons treinadores não mereçam mesmo estar trabalhando em um país com conceitos tão arcaicos, onde o trabalho, o treinamento e a longevidade no cargo são coisas tão desprezadas. Parabéns ao Tigres pelo título! Parabéns a Tuca Ferretti pelo título e pelos 10 anos seguidos comandando a equipe do Tigres. 





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