Bayern de Munique e Real Madrid entraram no gramado do
Santiago Bernabéu nesta quarta-feira, buscando o mesmo objetivo: a
classificação para a final da Liga dos Campeões da Europa. Para chegar lá, o
Real precisava vencer por 1 a 0 ou por dois gols de diferença. Já o Bayern,
precisava empatar ou perder por um gol de diferença marcando pelo menos dois
gols. O placar de 2 a 1 para o Real, levava a decisão para a prorrogação. E foi
justamente essa opção escolhida pelos deuses do futebol.
No campo, tivemos um jogo de fortes emoções, que deve ter
mexido, e muito, com o coração dos torcedores de ambas as equipes. Logo aos 5
minutos, Cristiano Ronaldo converteu uma penalidade, abrindo o marcador e
colocando o Real Madrid em uma situação favorável no confronto. Robben podia
ter mudado esse panorama logo em seguida, mas ao receber bom cruzamento de
Alaba da esquerda, pegou de primeira, mal, batendo por cima de meta de Casillas.
A equipe alemã pressionava, buscando o empate, mas não se apresentava bem na
parte defensiva, abusando do direito de dar espaços ao Real Madrid. Situação
essa que ficou mais em evidência ainda quando Cristiano Ronaldo recebeu passe
de Ozil, na meia lua, totalmente livre de marcação, escolhendo o canto
direito de Manuel Neuer para chutar e ampliar. Foi o começo de jogo dos sonhos
do time espanhol, que no dia anterior, viu seu maior rival, o Barcelona, ser
eliminado dentro de casa pelo Chelsea. E as palavras que retratam com
fidelidade o que aconteceu em campo durante todo o jogo são: vontade e equilíbrio.
E antes do intervalo, Robben bateu pênalti no canto direito de Iker Casillas,
que ainda tocou na bola, mas viu ela morrer no fundo das redes. Assim, um
primeiro tempo aberto e com as duas equipes dando muito espaço na parte
defensiva, terminou 2 a 1 para a equipe de Madrid.
Analisando-se o desenho do jogo na primeira etapa, ficava
difícil achar que teríamos um segundo tempo sem gols. Mas o placar momentâneo
foi persistindo no Santiago Bernabéu. Tínhamos em campo um jogo bem jogado, com
duas equipes buscando incessantemente o gol e a vaga na tão sonhada final da
Champions League. E Robben, que já vinha crescendo na primeira etapa, fez um
ótimo segundo tempo, sendo, se não o melhor, um dos melhores jogadores em
campo. E foi uma bola enfiada pelo holandês que poderia ter decidido o jogo,
mas Mario Gómez demorou a chutar, dando tempo da marcação chegar e impedir que
ele finalizasse em gol. Cristiano Ronaldo, atuando quase sempre pela ponta
esquerda, mostrava muita velocidade em suas arrancadas, mas não conseguiu
produzir muita coisa boa. O Real tinha Benzema como o seu melhor jogador. O
atacante francês teve como seu ponto forte o posicionamento, sempre se
desvencilhando da marcação e abrindo espaços no campo de jogo. Kaká entrou na
vaga de Di María, buscou o jogo, tentou, mas pouco conseguiu. No final das
contas, o duelo foi para prorrogação. O técnico Josef Heynckes , do Bayern, que
até então não tinha mexido, lançou Muller na vaga de um solidário Ribery, que
correu muito, lutando na frente, dando combate atrás e sendo peça importante ao
time. O cansaço, devido ao fato de já terem disputado 90 minutos anteriormente,
contrastava com a vontade dos jogadores de colocarem seus respectivos times na
final da competição mais importante da Europa. O duelo pode ter alternado
quando se fala em qualidade técnica, mas o fato é que foi um jogo gostoso de
assistir durante 120 minutos. Em alguns momentos o Bayern jogou melhor, em
outros o Real foi superior, mas em instante algum, nenhuma das equipes esboçou
algum tipo de retranca, ou de proposta defensiva, dando ao espectador a
oportunidade de assistir a um jogo aberto em todo o tempo.
Se formos analisar ao longo da história do futebol, desde
Campeonatos Estaduais no Brasil, até Copas do Mundo, passando por Campeonatos
Europeus, é comum que craques e ídolos desperdicem cobranças de pênaltis. E
hoje foi a vez de Cristiano Ronaldo e Kaká, que perderam as duas primeiras
cobranças para o Real. Ambos bateram no canto direito de Neuer, que defendeu.
Mas, também no canto direito, cobraram Lahm e Kross, e lá estava Iker
Cassilas, para empatar o duelo. E em cobranças de pênalti, sempre fica marcado
um goleiro por ter sido o herói da conquista, ou um jogador por ter
desperdiçado uma cobrança. E dessa vez, Sérgio Ramos acabou sendo o último
jogador a desperdiçar uma cobrança, batendo nas nuvens. Schweinsteiger veio em
seguida, estufou as redes de Madrid, e colocou o Bayern na final da Liga dos
Campeões, que acontece dia 19 de maio, na Allianz Arena, ou seja, na casa do
Bayern de Munique. A torcida do Bayern conquistou 50% do sonho, que era ver o
time classificado para a final. Restam os outros 50%: assistir o time ser
campeão da Europa dentro de casa. Sonho possível, chego a dizer que provável,
chego a dizer que o Bayern é favorito. Mas, a cada dia que passa, o futebol nos
mostra que favoritismo, pelo menos até que a bola role, mora longe do âmbito
real.
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