Por Danilo Silveira
O jogo de ontem entre Flamengo e Vasco foi um fiel retrato
da realidade em que vive o futebol carioca ultimamente. Tínhamos em campo duas
equipes muito boas técnica e individualmente, porém, não tínhamos dois times,
tínhamos dois bandos. Dos dois lados, sistemas defensivos deploráveis, mal
arrumados, sem consistência nenhuma de marcação.
Que o Rio de Janeiro tem grandes jogadores, isso é quase que
indiscutível. Felipe, Juninho, Ronaldinho Gaúcho, Vagner Love, Léo Moura, Maicosuel,
Loco Abreu, Fred, Deco, e por aí vai. A
pergunta que se deve fazer então é: por que o futebol da cidade maravilhosa
ainda tão feio? Por que as equipes têm tanta dificuldade para fazer uma partida
acima do nível decente?
O clássico de ontem entre Flamengo e Vasco teve bastante
emoção. Sim, isso é uma verdade. Mas, se formos analisar o duelo taticamente,
vamos nos deparar com um show de horrores. Falhas defensivas para todo lado, que
culminaram em chances criadas a todo instante e uma ausência de consistência tática
de assombrar. Nossos queridos professores, Joel Santana e Cristóvão Borges, não
conseguiram colocar em campo equipes dentro do padrão aceitável. Mas é claro, o
jogo contou com bonitas jogadas, de bons jogares, mas isso não está atrelado ao
desempenho dos professores. O bonito gol de Vagner Love, o bonito chute de
Felipe, a bela finalização de Kléberson são lances que vêm justamente do
talento individual, que o Rio de Janeiro tem aos montes.
Aos olhos dos torcedores, o jogo de ontem pode ter sido
muito bom. A partida teve uma enxurrada de chances de gol, teve as redes
balançadas cinco vezes, teve emoção até o minuto final. Sim, o torcedor quer
ver isso. Mas o torcedor pode também querer ver sua equipe bem armada, ver sua
equipe jogar bem. Se pegarmos os 90 minutos de ontem, vai ser raro acharmos uma
bela troca de passes, uma jogada coletiva mais bem elaborada.
O futebol carioca anda bem de talentos, mas muito mal de
treinadores. Ontem, mais uma vez, nos deparamos com péssimas atuações dos
comandantes. Joel conseguiu ter sucesso na escalação de Kléberson, que fez ótima
partida, mas conseguiu estragar tudo ao tirar o jogador na metade do segundo
tempo. Cristóvão escalou um time que conseguiu pressionar o Flamengo durante a
primeira etapa, mas estragou tudo ao tirar Alecsandro e Éder Luís, para lançar Nilton
e Allan na segunda etapa.
O futebol carioca cresce em talento individual na mesma
proporção que despenca em padrão tático.
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