quinta-feira, junho 28, 2012

JOGO 29: EM DUELO EQUILIBRADO, ESPANHA VENCE PORTUGAL NOS PÊNALTIS E CHEGA À FINAL

Por Danilo Silveira



E a Espanha está na final da Eurocopa pela segunda vez seguida. Mas não conseguiu isso sem antes triunfar em um duelo pra lá de complicado, diante de Portugal. As duas seleções travaram um confronto muito equilibrado, pegado e tenso. Se a Eurocopa tem por características ter um número baixo de faltas, esse duelo teve o oposto, com mais de 41 infrações após os 90 minutos. Se a Espanha tem por característica encurralar e dominar seus adversários, dessa vez isso não aconteceu. Portugal conseguiu adiantar a marcação, forçar a Espanha ao erro, dificultando a saída de bola. A consistência defensiva espanhola somada à boa aplicação tática portuguesa, fez com que aparecessem poucas chances de gol. E o placar não foi alterado durante 120 minutos. Então, foi nas penalidades que a Espanha manteve vivíssimo o sonho de ser a primeira seleção a conquistar duas vezes seguidas o título da Eurocopa.

Ofensivo, Portugal dificulta vida espanhola



Logo quando a bola rolou em Donetsk, Portugal mostrou uma postura bastante ofensiva, agredindo a Espanha. Com um minuto, Miguel Veloso cobrou escanteio fechado da direita e provavelmente a bola não entraria, mas Cassillas preferiu não arriscar e colocou a mão na bola para não correr maiores riscos. Anular o ímpeto ofensivo espanhol é difícil e não pode-se dizer que Portugal conseguiu, mas pode-se dizer que a equipe do técnico Paulo Bento diminuiu os espaços para o time de Vicent Del Bosque trabalhar a bola na frente. Aos 8 minutos, a Espanha teve uma bela chance na partida. Após boa troca de passes, Negredo tocou para Arbeloa, que da entrada da área bateu por cima. E o duelo começou a apresentar características diferentes das habituais. A Espanha tinha dificuldades para dominar o adversário, errava passes além do normal e o duelo era truncado, com um número de faltas muito alto para o padrão da Eurocopa. Muito se fala da capacidade ofensiva do time espanhol, mas cabe ressaltar que se trata também de um time muito aplicado defensivamente, com um poder de marcação invejável. Assim, Portugal tinha dificuldades para criar. Somando-se a Copa do Mundo de 2010 e a Eurocopa 2012, a Espanha fez 12 jogos, sendo que dois foram para prorrogação, e tomou apenas três gols. Aos 28 minutos, viu-se algo que não é tão comum de se ver quando a bola está com domínio espanhol. Se quase sempre joga pelo chão, dessa vez a Espanha trabalhou com um lançamento longo, que encontrou Negredo na ponta direita da área. O atacante, titular nessa partida, deixando Torres e Fábregas no banco, tocou para Xavi na meia-lua e o camisa 6 abriu na esquerda para Iniesta, que acabou batendo por cima. Até aqui, não falei de Cristiano Ronaldo, mas não por ele estar sumido e sim porque abordei mais uma visão geral do jogo, sem citar muitos nomes. O camisa 7 de Portugal buscava incessantemente o jogo e aos 31 minutos, por pouco não abriu o placar, em um chute rasteiro de fora, que passou à esquerda de Cassillas. Nani e Hugo Almeida também participavam bem do jogo, ajudando Portugal na proposta adotada, de marcar muito no campo ofensivo, tentando forçar a Espanha ao erro. Aos 40 minutos, Cristiano tocou para Raul Meireles, mas quando foi receber de volta na frente, foi derrubado por Sérgio Ramos, pouco depois da linha de meio-campo: amarelo para o zagueiro espanhol.

Jogo segue com a mesma tônica


Veio a segunda etapa e a Espanha continuou com dificuldades para encontrar seu bom futebol. Aos 8 minutos, Del Bosque lançou Fábregas, na vaga de Negredo. E o jogador do Barcelona substituiu bem seu companheiro, aparecendo bem no meio-campo. E não demorou muito para Del Bosque mexer de novo, lançando Navas na vaga de David Silva. Enquanto Del Bosque tentava melhorar sua equipe, do lado protuguês Hugo Almeida mostrava-se muito perigoso, com boa presença. Ele tentou por três vezes arrematar na direção do gol de Cassillas, mas suas três finalizações acabaram não tomando o rumo das redes. Aos 18, Fábregas fez boa jogada pela ponta esquerda, e quando rumava para invadir a área acabou derrubado por João pereira. Cartão amarelo para o lateral direito português. Falando em lateral, Jorbi Alba fazia uma grande partida pelo lado esquerdo, apoiando como um ponta e demonstrando qualidade no quesito marcação. Aos 35, Paulo bento mexeu, sacando Hugo Almeida para a entrada de Nélson Oliveira, substituição essa que eu não faria, a não ser por falta de condição física de Hugo Almeida, o que não aprece ter sido o caso. Mesmo quando estava pressionada no campo defensivo, a Espanha não abria mão do seu estilo de jogo e tentava sair jogando, era raro ver chutões. E aos 41 minutos, uma improvável substituição no time espanhol. Del Bosque tirou, nada mais, nada menos, que Xavi, um dos homens mais importantes do time, para a entrada de Pedro. Substituição essa que surtiu um efeito positivo e Pedro deu trabalho jogando aberto pela ponta esquerda. Aos 44 minutos, Cristiano Ronaldo teve grande oportunidade de reduzir as chances de se ter uma prorrogação e colocar Portugal muito perto da grande final. Ele apareceu na área espanhola pela ponta esquerda, recebeu de Raul Meireles, mas na hora de finalizar, acabou batendo muito mal.

Espanha joga melhor na prorrogação

E na meia hora de prorrogação, foi onde a Espanha conseguiu melhor implementar o seu estilo de jogo. Portugal parece ter cansado, depois de correr e marcar muito nos 90 minutos. Aos 13 minutos da primeira etapa da prorrogação, a Espanha criou uma grande chance. Pedro deu dois lençóis em um adversário pela esquerda, tocou para Jordi Alba, que cruzou para Iniesta completar, para boa defesa de Rui Patrício. Com a Espanha melhor, Paulo Bento lançou Custódio na vaga de Miguel Veloso para a segunda etapa da prorrogação. Aos 5 minutos, pela ponta direita, Navas chutou e Rui patrício novamente precisou trabalhar. O gol espanhol parecia maduro e a decisão ir para as penalidades, a essa altura, parecia bom negócio para a seleção lusitana. Paulo Bento mexeu novamente antes do apito final, colocando Varela na vaga de Raul Meireles. E no fim das contas, a primeira vaga na final seria mesmo decidida em cobrança de pênaltis.

Defesa de Cassillas e travessão colocam Espanha na final


Xabi Alonso foi o primeiro a bater e acabou vendo sua cobrança ser defendida por Rui Patrício, no canto esquerdo. Só que logo em seguida, Cassillas pegou a batida de João Moutinho. Iniesta converteu, Pepe converteu, Pique converteu e Nani converteu. Tudo estava empatado e cada equipe tinha que cobrar mais duas vezes, para se encerrar a série de cinco cobranças. Sérgio Ramos abusou da coragem e bateu com cavadinha, no meio do gol, para colocar os espanhóis em vantagem. Em seguida, Bruno Alves foi para a cobrança e a bola explodiu no travessão espanhol. Com isso, se a cobrança de Fábregas entrasse, a Espanha estaria na final. E assim foi feito, mas para dar um pouco mais de emoção, a bola tocou na trave direita antes de rumar para as redes.

A Espanha jogou contra França e contra Portugal, abaixo do que se espera da atual campeã do mundo a da Europa. Mas, ainda assim, é um time sensacional, que tem um esquema de jogo maravilhoso e tem plenas condições de conseguir ser bicampeão da Europa de maneira seguida, fato esse que seria inédito no futebol. O adversário sai do confronto entre Alemanha e Itália. Por sinal, por ter ganhado a Copa do Mundo, a Espanha já está na Copa das Confederações de 2013, portanto, quem sair vencedor de Alemanha x Itália, garante vaga na competição do próximo ano, a ser disputada no Brasil.

Portugal deve sair de cabeça erguida da Eurocopa, principalmente pelas duas grandes atuações que teve na fase de mata-mata. Nas quartas de final, dominou amplamente e venceu a República Tcheca. Na semifinal, jogou de igual para igual com a atual campeã da Europa e do Mundo. Um time que pode dar muito trabalho na Copa do Mundo de 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário