Depois da derrota sofrida para o León ontem à noite no
Maracanã, vi muitas pessoas classificando como um vexame ou algo do tipo a
eliminação do Flamengo na Copa Libertadores da América. Tentei achar algum fato
que sustentasse a tese de que tal eliminação pode ser considerada um vexame,
mas confesso que não encontrei. Não ouvi da boca de nenhum flamenguista um
argumento consistente, que me convença de que a eliminação do Flamengo tenha
sido um vexame.
Se o quarteto de ataque do Flamengo fosse Bernard, Tardelli,
Ronaldinho e Jô (quarteto fantástico do Galo campeão em 2013), se a dupla de
volantes fosse Ralf e Paulinho (dupla do Corinthians campeão em 2012), aí sim
eu poderia tentar classificar a eliminação como vexaminosa. Só que o cenário em
que se encontra o time do Flamengo é outro, completamente diferente. Se o
Flamengo goleasse o León por 5 x 0, com um show de bola, com o Muralha tendo
uma atuação de gala na marcação, com o Gabriel fazendo chover e com os laterais
Léo Moura e André Santos demonstrando um vigor físico invejável, aí eu
classificaria a vitória como surpreendente.
Ontem, no Maracanã, não se teve surpresa. Já era esperado um
jogo difícil, “encardido”, sofrido e uma classificação, caso ocorresse, poderia
ser taxada de heroica. Heróica porque Léo Moura e André Santos voltavam de
contusão e demonstraram nítida falta de ritmo de jogo. Heróica porque Elano,
referência técnica da equipe, se arrasta em campo sofrendo com contusões.
Heróica porque Luiz Antônio e Márcio Araújo não foram inscritos na Libertadores
e Cáceres está machucado, fazendo o Flamengo ficar sem muitas opções de
volantes (e a torcida precisando aturar a falta de atitude do Muralha, que
pouco acrescenta ao time). Heróica porque Elias, destaque de 2013, foi embora e
não temos um substituto à altura. Heróica porque o Flamengo não consegue
repetir a escalação de um jogo para outro, porque as contusões dos atletas
impedem. Heróica porque há algum tempo o Flamengo vive escravo de
improvisações, para suprir à falta de condição de jogo de uma lista imensa de
atletas. Heróica porque Hernane, iluminado e goleador, está fora de combate.
Heróica porque você olha para o banco de reservas na segunda etapa e vê como
solução para a falta de criatividade da equipe, Negueba e Nixon.
Deve-se aplaudir a entrega de Welinton contra o Emelec, a
atuação esplendorosa de Samir ontem no Maracanã, a garra e vontade de Paulinho,
que o ajudam a superar limitações técnicas. Deve-se comemorar o fato de Jayme
de Almeida ser o treinador. Afinal, se tivéssemos ao banco de reservas Joel
Santana ou Luxemburgo, sabe Deus de quanto o Flamengo perderia para o León na
estreia, com um a menos quase o jogo inteiro. Porque se o técnico fosse Mano
Menezes ou Dorival Júnior, talvez o Flamengo não tivesse o direito de disputar
a Libertadores 2014 e teria boas chances de amargurar a disputa da Segunda
Divisão.
A tendência do povo brasileiro, assim como a da imprensa
esportiva do nosso país é classificar insucessos e derrotas como vexame. Não se
deve analisar futebol como início e fim somente, porque existe um meio! E esse
meio é cheio de nuances, peculiaridades, surpresas. Esse meio é composto por um
escorregão do Samir, uma expulsão infantil do Amaral, um zagueiro sem ritmo de
jogo escalado na lateral direita por falta de opção, um time do León arrumado.
E assim por diante.
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