quinta-feira, abril 10, 2014

FLAMENGO ELIMINADO DA LIBERTADORES! VEXAME? POR QUE?

Por Danilo Silveira


Depois da derrota sofrida para o León ontem à noite no Maracanã, vi muitas pessoas classificando como um vexame ou algo do tipo a eliminação do Flamengo na Copa Libertadores da América. Tentei achar algum fato que sustentasse a tese de que tal eliminação pode ser considerada um vexame, mas confesso que não encontrei. Não ouvi da boca de nenhum flamenguista um argumento consistente, que me convença de que a eliminação do Flamengo tenha sido um vexame.

Se o quarteto de ataque do Flamengo fosse Bernard, Tardelli, Ronaldinho e Jô (quarteto fantástico do Galo campeão em 2013), se a dupla de volantes fosse Ralf e Paulinho (dupla do Corinthians campeão em 2012), aí sim eu poderia tentar classificar a eliminação como vexaminosa. Só que o cenário em que se encontra o time do Flamengo é outro, completamente diferente. Se o Flamengo goleasse o León por 5 x 0, com um show de bola, com o Muralha tendo uma atuação de gala na marcação, com o Gabriel fazendo chover e com os laterais Léo Moura e André Santos demonstrando um vigor físico invejável, aí eu classificaria a vitória como surpreendente.

Ontem, no Maracanã, não se teve surpresa. Já era esperado um jogo difícil, “encardido”, sofrido e uma classificação, caso ocorresse, poderia ser taxada de heroica. Heróica porque Léo Moura e André Santos voltavam de contusão e demonstraram nítida falta de ritmo de jogo. Heróica porque Elano, referência técnica da equipe, se arrasta em campo sofrendo com contusões. Heróica porque Luiz Antônio e Márcio Araújo não foram inscritos na Libertadores e Cáceres está machucado, fazendo o Flamengo ficar sem muitas opções de volantes (e a torcida precisando aturar a falta de atitude do Muralha, que pouco acrescenta ao time). Heróica porque Elias, destaque de 2013, foi embora e não temos um substituto à altura. Heróica porque o Flamengo não consegue repetir a escalação de um jogo para outro, porque as contusões dos atletas impedem. Heróica porque há algum tempo o Flamengo vive escravo de improvisações, para suprir à falta de condição de jogo de uma lista imensa de atletas. Heróica porque Hernane, iluminado e goleador, está fora de combate. Heróica porque você olha para o banco de reservas na segunda etapa e vê como solução para a falta de criatividade da equipe, Negueba e Nixon.

Deve-se aplaudir a entrega de Welinton contra o Emelec, a atuação esplendorosa de Samir ontem no Maracanã, a garra e vontade de Paulinho, que o ajudam a superar limitações técnicas. Deve-se comemorar o fato de Jayme de Almeida ser o treinador. Afinal, se tivéssemos ao banco de reservas Joel Santana ou Luxemburgo, sabe Deus de quanto o Flamengo perderia para o León na estreia, com um a menos quase o jogo inteiro. Porque se o técnico fosse Mano Menezes ou Dorival Júnior, talvez o Flamengo não tivesse o direito de disputar a Libertadores 2014 e teria boas chances de amargurar a disputa da Segunda Divisão.

A tendência do povo brasileiro, assim como a da imprensa esportiva do nosso país é classificar insucessos e derrotas como vexame. Não se deve analisar futebol como início e fim somente, porque existe um meio! E esse meio é cheio de nuances, peculiaridades, surpresas. Esse meio é composto por um escorregão do Samir, uma expulsão infantil do Amaral, um zagueiro sem ritmo de jogo escalado na lateral direita por falta de opção, um time do León arrumado. E assim por diante.

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