terça-feira, junho 24, 2014

JOGO 36: QUANDO A ANDORINHA FAZ O CANÁRIO VOAR

Por Danilo Silveira


Diz o ditado que uma andorinha só não faz verão. Claro que ele não quer dizer ao pé da letra que apenas uma ave desse tipo não consegue fazer acontecer a estação mais quente do planeta Terra. Ele que dizer que em muitas situações de nossas vidas é mais fácil conquistar objetivos em conjunto que de forma solitária.

Nessa Copa do Mundo, a Seleção do Brasil tem conseguido contrariar esse ditado. A andorinha no referido trecho é Neymar. O camisa 10 da seleção tem tornado o futebol, que é para ser um esporte jogado altamente em conjunto, o mais individual possível. Vejam bem: não se trata de uma crítica e sim um elogio.

Neymar não age desse jeito por ser egoísta ou por não gostar da coletividade, mas sim por conta da falta de opções que o time lhe dá em campo. E isso passa diretamente por Luiz Felipe Scolari, o treinador dessa equipe. Felipão, como costuma ser chamado, tem se mostrado um desastre quando o assunto é tática. Dentre as 32 seleções participantes do Mundial fica difícil dizer uma pior que o Brasil na parte tática. Talvez não exista.

Contra o eliminado Camarões, que ainda não contou com Eto'o, Song e Ekotto, o Brasil precisou de doses de preocupação para vencer o duelo. Quando a seleção africana começava a impor seu domínio em campo, apareceu Neymar para completar cruzamento de Luiz Gustavo para as redes. Mas Camarões, mesmo sem chances de classificação, mostrava-se um time empenhado e disposto a atrapalhar o caminho brasileiro. Matip apareceu na área brasileira para diminuir o marcador aos 25. Vale lembrar que pouco antes a trave de Júlio César havia sido carimbada.

Se a andorinha tem dificuldades de fazer verão, Neymar tem facilidade para fazer gol. Aos 33 ele voltou a balançar as redes camaronesas em uma jogada que ele fez parecer simples: correu, limpou o marcador  e chutou. Assim, o Brasil foi para o intervalo em vantagem. Se não fosse Neymar, acho que dificilmente isso aconteceria.

Fred desencantou aos três minutos da segunda etapa, ampliando para o Brasil. O duelo ficou chato, sem graça. Neymar continuou correndo, tentando sua jogadas individuais em meio a um time carente de um esquema de jogo bem definido, carente de jogadas que demonstrem entrosamento dos jogadores, carente de um treinador que consiga implementar um estilo de jogo bonito, envolvente, que faça os amantes do futebol arte terem vontade de assistir, de saborear.

Antes do apito final, ainda deu tempo para Fernandinho, que havia entrado no intervalo, na vaga de Paulinho, deixar a sua marca. Em uma das raras jogadas bem trabalhadas em conjunto pela Seleção Brasileira, ele apareceu para finalizar de bico, vencendo o goleiro Itandje. Placar final: Brasil 4 x 1 Camarões.

A Seleção Brasileira é também conhecida por ser a seleção canarinho. Inclusive, uma música do passado que servia de incentivo, tinha um trecho que dizia "voa, canarinho, voa". Nesse papo que mistura futebol com aves, cabe dizer que a andorinha que anda fazendo o canário voar. Até quando sinceramente não sei. No próximo sábado, Brasil e Chile se enfrentam no Mineirão, em duelo válido pelas oitavas de final. Um jogo que promete!

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