quarta-feira, junho 25, 2014

JOGO 37: BATALHA DAS DUNAS!

Por Danilo Silveira


Quiseram as nuances do futebol fazer com que o duelo entre Itália e Uruguai fosse eliminatório, mesmo disputado ainda na fase de grupos. Desde o sorteio dos grupos até o desenrolar dos jogos da Copa do Mundo: tudo conspirou para que tivéssemos nesta histórica terça-feira, um Itália x Uruguai onde um daria adeus à Copa e o outro seguiria em frente. Os europeus tinham a vantagem do empate.

Tudo que foi dito acima já fazia o duelo mais que interessante. Quase que uma obrigação para cada amante de futebol sentar em frente a um televisor para assistir 90 minutos de futebol na Arena das Dunas. O misto de concentração com emoção e vigor que os jogadores cantaram o hino já fazia parecer que teríamos um duelo de tirar o fôlego.

Durante os 45 minutos iniciais, as duas equipes fizeram um jogo altamente estudado. Hoje em dia não é tão comum equipes de futebol atuarem no sistema tático 3-5-2. No entanto, Itália e Uruguai entraram em campo com três zagueiros, cinco meios-de-campo e dois atacantes. Indo além do que propriamente o plano tático de cada uma das equipes, cabe destacar que as ambas deram uma atenção mais que especial para a parte defensiva.

Talvez não fosse aquele duelo que agrada à grande maioria. Logo de início deu para perceber que o jogo caminhava para 90 minutos com poucas chances de gol e uma partida bastante movimentada no meio campo. Não deu outra. O grande destaque da primeira etapa foi o meio campista italiano Verratti. O camisa 23 conseguiu desempenhar múltiplas funções dentro de campo. Conseguia dar sustentação á marcação, ajudando a conter as investidas do ataque do Uruguai, conseguia dar qualidade à saída de bola e chegava bem à frente. Além disso, o jogador do PSG tinha ao seu lado Pirlo, que dispensa comentários. Que dupla de volantes tem a Itália!

Em um primeiro tempo onde as defesas prevaleceram em relação aos ataques, Suárez não conseguiu ser o jogador incisivo que todos estamos acostumados a ver. Mas foi dos pés dele que quase saiu o gol uruguaio. Só que a Itália conta com Buffon, que pegou tanto o chute do camisa 9, quanto a finalização de Lodeiro no rebote.

Balotelli, de quem muito se espera no lado italiano, pouco conseguiu fazer de produtivo. Além de não acrescentar muito coisa, o atacante recebeu cartão amarelo, o que lhe tiraria do jogo seguinte, caso a classificação italiana se concretizasse. Prandelli o tirou para a segunda etapa, lançando o meia Parolo e mudando um pouco o sistema de jogo, com Immobile passando a jogar sozinho no ataque e Parolo com a incumbência de ajudar Marchisio na criação.

Acontece que o treinador italiano não contava que Marchisio fosse perder a cabeça aos 13 minutos da segunda etapa. O camisa oito entrou de sola na canela de Arévalo Rios, na frente do árbitro mexicano Marco Rodríguez, que não hesitou em mostrar-lhe o cartão vermelho. Ótima atitude do cidadão que tinha por incumbência apitar o jogo. Sem muito papo, sem muita conversa, foi lá e aplicou a regra de maneira simples e objetiva.

Não foi dito ainda aqui que Óscar Tabárez também havia voltado para a segunda etapa com mexida no time. Maxi Pereira entrava na ala direita e Lodeiro deixava a equipe. Com isso, Álvaro González saía da direita e ia para o meio. Não gostei da troca, pois ele abria mão de Lodeiro e ganhava no meio um jogador aparentemente com características mais defensivas. No entanto, o treinador uruguaio ganhou de presente o direito de jogar com um homem a mais e parecia mais que obrigação, necessitando da vitória, lançar o time mais à frente. Foi o que ele fez colocando Stuani na vaga do lateral esquerdo Álvaro Pereira. Com a troca, Cáceres saía da zaga para atuar na direita e o time retornava ao sistema com dois zagueiros.

E o Uruguai passou a dominar o duelo territorialmente e mostrar-se mais perigoso que na etapa inicial. Suárez teve bela chance aos 20 minutos, mas Buffon foi simplesmente espetacular ao defender o chute rasteiro usando a mão direita.

Bom seria falar apenas do futebol de Suárez, mas o fato é que ele proporcionou em campo uma cena que seria cômica se não fosse lamentável. O atacante uruguaio simplesmente mordeu o zagueiro Chiellini, deixando marcas no ombro do seu companheiro de profissão. Mais que isso: Suárez já tem histórico em relação a isso. Já mordeu outros adversários. Inadmissível e o mais condizente seria banir o atacante uruguaio dessa edição da Copa do Mundo. Vamos ver que tipo de atitude tomará a FIFA, se é que algo será feito.


Voltando ao futebol, aos 25 minutos Cesare Prandelli decidiu fazer sua segunda alteração, colocando Cassano na vaga de Immobile. Minutos depois, Verratti desabou no gramado, aparentemente com câimbras. Não conseguiu permanecer e Thiago Motta entrou no time. Com isso, Prandelli não poderia mais fazer substituições. Cada vez mais a pressão uruguaia era maior e tudo cainhava para um final dramático.

E o drama para os italianos aumentou consideravelmente aos 35 minutos. Godín aproveitou cobrança de escanteio de direita e finalizou de costas para o gol, meio de ombro, meio de pescoço, vencendo Buffon e marcando o gol que tirava da Itália e dava ao Uruguai o direito de permanecer na competição.

Sem mexidas a fazer e com um homem a menos, a missão da Itália de empatar o jogo era muito complicada. Os torcedores uruguaios nas arquibancadas pareciam saber disso: cantavam alto, comemorando a vitória momentânea da sua seleção. O Uruguai, depois de uma derrota para a Costa Rica na estreia, vencia Inglaterra e Itália para conseguir o direito de seguir na Copa.

O árbitro assinalou cinco minutos de acréscimo e Buffon abandonou o gol, virou atacante. Acostumado a ficar debaixo da trave no campo defensivo da sua equipe, ele viu da outra metae do gramado, aos 50 minutos e 54 segundos o árbitro apitar pela última vez. Provavelmente, esses foram os últimos momentos de Buffon como jogador em uma Copa do Mundo.

No duelo de seis títulos Mundiais na Arena das Dunas, melhor para os sul-americanos, que agora esperam Colômbia ou Costa do Marfim na oitavas. Impossível terminar sem destacar uma coisa: Se Brasil e Uruguai ultrapassarem a barreira das oitavas, se enfrentam no dia quatro de julho, em Fortaleza, por uma vaga na semifinal. Brasil...Uruguai...Copa do Mundo disputada em solos brasileiros...coisas que a história explica!

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