Por Eduardo Riviello, texto extraído do Blog www.jogadadefeito.blogspot.com
Ronaldinho já havia feito a diferença na partida de estréia, quando o Atlético Mineiro venceu o São Paulo por 2a1 no estádio Independência. E, outra vez, o gênio
foi fundamental para a construção de mais um resultado positivo. Mas para falar
da histórica goleada do Galo sobre o Arsenal, em Sarandí, há que se falar de
muitos outros personagens. Começando por Cuca, técnico de quem sou profundo
admirador há algum tempo. Na entrevista pré-jogo, Cuca salientou a necessidade
de tentar jogar em Buenos Aires da mesma maneira que o time atua quando está
jogando dentro de casa. Lindo isso. Com bola rolando, um repórter de beira de
campo deu ênfase durante a transmissão indicando algumas das orientações de
Cuca, todas elas de cunho ofensivista: Júnior César tinha que se adiantar,
atuando como um meia; Jô tinha que se posicionar entre os zagueiros; Leandro
Donizete tinha que sair para o jogo.
Mas como traçar um plano de jogo
quando o adversário marca 1a0 com um minuto de partida? Num vacilo da defesa,
que errou o tempo de bola e permitiu que Furch recebesse em liberdade uma
enfiada de bola de Aguirre, o Arsenal abriu o placar em chute cruzado do camisa
nove. Na comemoração, Furch mostrou a camisa de Zelaya, jogador que rompeu
ligamentos do joelho na sexta-feira, diante do Argentinos Juniors, pela liga
nacional. Bacana a homenagem.
Mas mais homenageado que Zelaya foi o
futebol. Já aos sete minutos, saiu o empate: ótima assistência de Ronaldinho
Gaúcho e conclusão precisa de Bernard. 1a1 e festa de uma torcida alvinegra que
compareceu em bom número. Naquele momento, Cuca foi flagrado comemorando muito o
gol marcado e fazendo sinal para arquibancada pedindo um pouco de silêncio e
paciência, da maneira mais educada que isso pode ser feito num ambiente como um
estádio de futebol.
E quem seguiu as recomendações dele, não se
arrependeu. O Galo se impôs em campo com a naturalidade daqueles que jogam um
bolão no jogo da mesma maneira que treinam. E olha que o Arsenal jogava bem,
embora falhasse demais na última linha de defesa. Aos vinte e seis, o time da
casa iria à rede mais uma vez com Furth, mas a arbitragem do uruguaio Martín
Vázquez viu a falta cometida pelo atacante no zagueiro Leonardo Silva, anulando
acertadamente o lance. E se os mandantes não conseguiram assumir a frente
naquele momento, não conseguiriam nunca mais na partida.
Através de uma
troca de passes envolvente, Ronaldinho e Jô participaram da ótima jogada que
terminou com assistência de Leandro Donizete para conclusão de Diego Tardelli -
era o primeiro gol do camisa nove no retorno ao Galo e era visível a emoção
estampada em sua face. 2a1 Atlético.
Leitores mais atentos lembrarão que
Cuca havia pedido maiores avanços de Donizete e Júnior César. Se aos vinte e
sete Donizete deu o passe para o gol de Tardelli, aos trinta e cinco foi a vez
de Júnior César cruzar para Jô finalizar com precisão. 3a1 no
placar.
Ainda no primeiro tempo, Aguirre cobrou uma falta pela direita
com maestria e surpreendeu Victor, mandando a bola no ângulo direito. Cobrança
que de alguma maneira lembra aquela de um certo Ronaldinho Gaúcho, nas
quartas-de-final da Copa do Mundo de 2002, num Brasil e Inglaterra, encobrindo
David Seaman (na minha opinião, embora RG seja genial, aquela cobrança não foi
proposital).
Indo para o intervalo, Ronaldinho foi rapidamente
entrevistado e afirmou que o negócio era jogar fechadinho e sair em
contra-ataques. Fechadinho, Ronaldinho? Time do Cuca? Esperando o
adversário? Vai nessa... O Atlético Mineiro voltou para o segundo tempo é
tomando a iniciativa, que por sinal é algo que sabe fazer muito bem. E não
apenas graças à vocação ofensiva de Cuca, mas também ao próprio Ronaldinho,
exímio organizador de jogadas.
Bernard, que como jogador profissional
fazia sua primeira partida fora do país, tratou de transformar a vitória em
goleada. Aos oito, foi novamente lançado por Ronaldinho Gaúcho, aproveitou o
vacilo do defensor que não soube dominar a bola, e mandou para a rede, marcando
o quarto do time e o seu segundo pessoal.
Cinco minutos depois,
Ronaldinho descolou mais um lançamento, Jô chutou bem, Campestrini espalmou e
Bernard, no local exato, conferiu no rebote. Hat-trick, como dizem os
britânicos. 5a2 e festa dos visitantes, que pareciam em casa.
As
substituições promovidas por Cuca deram maior consistência à equipe, que jogou
os últimos minutos ouvindo seus próprios adeptos entoarem gritos de olé,
olé. Aos quarenta e dois minutos, Ronaldinho sofreu pênalti na jogada mais
violenta de uma partida tranquila: Braghieri foi com as duas solas de chuteira
na canela de Ronaldinho, que felizmente não sofreu nada mais grave em entrada
daquelas "para quebrar". Vázquez, que atuava muito bem, acertou na marcação do
pênalti mas cometeu o gravíssimo erro disciplinar de não aplicar cartão num
lance que era para expulsão.
Faltava o gol de Ronaldinho. Ele foi para a
cobrança da penalidade máxima e... mandou no travessão. Mais tarde, puxando
contra-ataque, tocou para Luan na esquerda e o jogador que acabara de entrar
chutou firme, superando Campestrini mas não Nervo, que salvou praticamente em
cima da linha. Pênalti no travessão e bola salva incrivelmente nos minutos
finais. Foi 5, mas o Galo pintou o 7.
Libertadores, muito prazer. Eu sou o Bernard!
ResponderExcluirO que importa se tem tradição ou não?! Com um ataque letal, o Atlético inicia uma temporada que há muito tempo não se via... Abraço!www.assuntodofutebol.com.br