domingo, junho 02, 2013

NEM MELHOR NEM PIOR, APENAS UM ESTÁDIO DIFERENTE!

Por Danilo Silveira

Eu ainda estava por nascer no dia 16 de julho de 1950. Muitos e muitos anos depois, ouvi dizer algo do tipo “Naquele dia ouviu-se o maior silêncio da história do Maracanã.” Foi nesse dia, que completará em breve 63 anos, que a Seleção Brasileira, dentro de casa, perdeu a Copa do mundo para os uruguaios, levando às lágrimas milhares de brasileiros.

De lá até o ano de 2002, pôde o Brasil ganhar cinco copas do mundo. De lá até 2010, pôde o Maracanã receber muitas e muitas emoções. Escolhido para sediar pela segunda vez a final de uma Copa do Mundo, o Maracanã precisou ser colocado abaixo, para subir, três anos mais tarde, mais moderno e mais luxuoso. Mais bonito?

Não necessariamente. Já diz o ditado que “a beleza está para os olhos de quem o vê”. Sim, cabe confessar que o Novo Maracanã está belíssimo, quase que impecável em sua arquitetura. Mas o outro Maracanã, o antigo, era lindo, maravilhoso. Era um patrimônio cultural! Um cartão postal, literalmente. Não conheço muitos estádios mundo afora, mas o Maracanã, o antigo, era único. Aliás, é único! Pode não estar mais entre nós no âmbito físico, mas estará sempre presente na memória daqueles que o amavam.

Diz outra frase famosa que “a beleza interior também é muito importante”. O velho Maracanã, tinha uma beleza que transcendia às denominações “internas” e “externas”. Uma beleza sentimental e afetiva. Algo difícil de transcrever em palavras. Pois bem, esse Maracanã o qual me refiro, nos deixou.

Diz uma outra frase que “É preciso evoluir”. Serve para alguns justificarem a demolição do Maracanã, o antigo, para construção do novo Maracanã. Mas será que não podíamos evoluir em um outro espaço, preservando nossa identidade, nossa história, nosso cultura, nosso país, nosso povo? Mas, ao mesmo tempo, como poderia o Rio de Janeiro receber uma final de Copa do Mundo em outro estádio, que não o Maracanã? Seria como trair nosso velho e querido estádio. A solução foi uma “cirurgia plástica”. Mantemos o nome e o espaço físico, mas mudamos o resto todo.

Se a tecnologia me permitisse, eu teria trazido o Maracanã, o antigo, para minha casa e o salvado dentro de um pen drive. Assim, sempre que me desse vontade eu poderia mergulhar nele e sentir as emoções que ele me proporcionava. Emoções particulares, que ele, somente ele, me proporcionava. Hoje, o Maracanã continua sendo Maracanã, mas ao mesmo tempo não é mais o Maracanã.

O novo Maracanã está aí. Tem o mesmo formato do antigo, mas nem de longe é o Maracanã que eu conheci. Melhor? Pior? Diria eu que nem melhor nem pior, apenas um estádio diferente. Que nele tenhamos grandes emoções, vivamos momentos épicos e inesquecíveis. Sim, claro! É essa a torcida.

E o Maracanã, o antigo? Que descanse em paz, consciente de que fez muita gente chorar e sorrir, não necessariamente nessa ordem. E não necessariamente por sentimentos idênticos. Não só choros de tristeza, nem só sorrisos de alegria. O Maracanã, o antigo, já presenciou sorrisos de agonia e choros de alegria. E o Maracanã, o novo? Esse já me fez chorar de alegria e sorrir de tristeza. Um choro alegre por saber que temos em nosso país uma arena moderna e belíssima, que vai receber a final de uma Copa do Mundo. Um sorriso triste, por saber que o Maracanã, o antigo, agora só na memória.

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