quinta-feira, agosto 08, 2013

BOM SERIA SE O MAIOR DOS PROBLEMAS FOSSE O GOL DO LAURO

 
Por Danilo Silveira
Mais de quarenta e cinco minutos do segundo tempo passados, o Flamengo com um a mais em campo e em uma jogada de escanteio, o goleiro da Portuguesa, Lauro, faz de cabeça o gol de empate, tirando dois valiosos pontos do time rubro-negro. Talvez o impacto desse gol fosse menor se as perspectivas do Flamengo no ano fossem outras. Se tudo correr dentro do esperado, o Flamengo não vai ser campeão brasileiro nem vai para a Libertadores do próximo ano. Vai sim é disputar sua permanência na primeira divisão ponto a ponto com os concorrentes da parte de baixo da tabela. Não é pessimismo, tão menos torcer contra, é sim um preço que o clube está pagando pelo passado recente. Basta voltar um pouco no tempo para perceber isso.
Dia 6 de dezembro de 2009, maracanã lotado, em festa. Dezessete anos depois, o Flamengo voltava a conquistar o título do Campeonato Brasileiro, sob comando do técnico Andrade, com um time com grandes talentos como Adriano, Petckovic e Bruno, mas que apresentava grandes limitações.
A volta de Vagner Love em 2011 dava ao torcedor grandes esperanças e a Libertadores era um sonho possível. Mas, dentro de campo a equipe não apresentava o futebol dos melhores e mesmo ainda vivo na Libertadores, Andrade não suportou e foi demitido do cargo de treinador. Veio Rogério Lourenço e com ele a eliminação do torneio continental. Depois, veio Silas e a campanha no Brasileiro era tão desastrosa a ponto da palavra rebaixamento pairar sobre a Gávea, menos de um ano após o título da mesma competição. Com a missão de escapar da Série B, Vanderlei Luxemburgo foi contratado. Começou bem, cumpriu a missão de fazer a equipe permanecer na Primeira Divisão. No ano seguinte, Thiago Neves e Ronaldinho foram contratados e empurraram o time para o título estadual. Veio o Brasileiro e o título parecia altamente palpável. Só que no meio da competição, Luxemburgo perdeu a mão e começou a cometer erros atrás de erros. O time perdeu o padrão e a vaga na Libertadores parece ter caído do céu.
Para 2012, o Fla perdeu Thiago Neves para o Flu e começou a Libertadores sem maiores reforços. Porém, o maior de todos os problemas naquele momento era Luxemburgo, que começou com a mania de escalar o time de maneira defensiva. No jogo de estreia na Pré-Libertadores, o meio-campo era formado por Aírton, Luiz Antônio, Willians e Renato, com o talentoso meia-armador Bottinelli no banco de reservas. O defensivismo se tornou marca registrada do treinador, que  acabou demitido antes mesmo do início da fase de grupos da Libertadores. Há rumores de que foi preponderante a relação ruim entre ele e Ronaldinho Gaúcho. Falando no gaúcho (mineiro), não demorou muito para ele sair pela porta dos fundos, Ele forçou a recisão do contrato alegando não receber salários. Em meio a isso, Joel Santana substituía Luxemburgo e tentava melhorar uma equipe sem padrão. Foi prejudicado pela ausência de um tempo maior para treinamentos, já que a pré-temporada tinha sido realizada por Luxemburgo. O fato é que Joel foi muito mal e não demorou muito para ser eliminado da Libertadores (ainda na fase de grupos) e ser demitido. Do meio do ano em diante, o Flamengo apresentou algumas melhoras com Dorival Júnior, mas era muito difícil acreditar que jovens promissores como Adryan, Matheus, Luiz Antônio e Nixon estivessem prontos para aguentar o tranco. Mais uma vez a palavra rebaixamento era muito mais escutada do que título e mais uma vez o fim da competição fora das quatro últimas posições foi comemorado. Era a hora de rever tudo, olhar para trás e analisar todos os erros cometidos. Patrícia Amorim perdeu as eleições e Antônio Bandeira de Melo assumiu o cargo de Presidente do clube.
Para muitos, a esperança de uma nova era no clube. Como primeiro passo, o Presidente manteve Dorival Júnior, que fez sua pré-temporada sem muitos reforços de peso. Passaram cerca de três meses e lá estava Dorival sendo demitido, sob alegação de redução de custos. Será que não viram isso antes da Pré-temporada? Lá estava Jorginho assumindo um time que não tinha sido montado por ele. Mais uma vez o Flamengo dava para um treinador a oportunidade de fazer a pré-temporada e o demitia praticamente em seguida. De 2011 para 2012, foi com Vanderlei Luxemburgo e de 2012 para 2013, foi com Dorival Júnior. Jorginho teve vida curta no Flamengo. Em meio a um cenário de erros organizacionais da direção do clube, ele não conseguiu ter regularidade. O time até fez boas partidas, mas fazia outras terríveis. Foi demitido e pouco depois veio Mano Menezes para o cargo de treinador. Mano começou bem, mas não faz milagre. Carrega em suas costas um piano, onde as teclas são os erros dos três anos anteriores e o som que se ouve é de críticas da apaixonada torcida, que se acostumou a ver a falta de planejamento imperar. Mano está tendo um difícil trabalho e olha que está apenas começando. As perspectivas não são das melhores e pelo que parece, a torcida rubro-negra ainda vai sofrer muito com os erros do passado.
Tite, campeão da Libertadores e campeão mundial com o Corinthians, está no clube há cerca de dois anos e meio.
Cuca, vice-campeão brasileiro e campeão da Libertadores com o Atlético Mineiro, está há mais de dois anos no clube.
São dados que por si só podem representar pouco, já que ser campeão não significa que o trabalho foi bem feito pelo treinador, assim como não significa que um time não possa ter uma boa sequência com trocas sucessivas de treinadores. Mas, os dois casos acima são de dois treinadores que estão fazendo dois bons trabalhos, com equipes organizadas e entrosadas, que jogam junto há algum tempo.
Flamengo
2010 – Andrade, Rogério Lourenço, Silas e Vanderlei Luxemburgo
2011 – Vanderlei Luxemburgo
2012 – Vanderlei Luxemburgo, Joel Santana e Dorival Júnior
2013 – Dorival Júnior, Jorginho e Mano Menezes.
Oito treinadores em menos de quatro anos. Em 2010, 2012 e 2013, o Flamengo teve nas mãos de pelo menos três técnicos. Em quatro anos, apenas Vanderlei Luxemburgo conseguiu começar e terminar o ano, que foi em 2011.
Desse histórico recente, pode-se concluir que há grandes possibilidades das contratações dos treinadores estarem sendo feitas de maneira equivocada ou as demissões desses treinadores estarem feitas de maneira errada.
Por fim, o gol do Lauro é o pior dos problemas?

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