sábado, junho 28, 2014

JOGO 49: QUANDO BONS JOGADORES NÃO FORMAM UM BOM TIME

Por Danilo Silveira


A Seleção Brasileira de 1982 é tida como uma das melhores de todos os tempos. Não ganhou a Copa do Mundo, mas ficou eternizada na memória daqueles que tiveram a graça de a venerar. Eu aqui por este mundo ainda não me encontrava, mas o bom e velho "youtube" já me mostrou alguns bons momentos daquele time. Se não tivesse a seleção de 1982, o Brasil continuaria sendo pentacampeão em Copas do Mundo, lutando pelo hexa em 2014. O que então acrescenta ao futebol brasileiro aquela seleção? Talvez nada! Talvez tudo. Depende do ponto de vista.

Entramos aqui na velha interrogativa: O que é mais importante, vencer ou jogar bonito? Pergunta essa que parece meio sem pé nem cabeça, pois uma situação não é antônima à outra. Não há um tipo de escolha: vou jogar bem, bonito e perder! Não, não! Prefiro jogar mal e ganhar! Muitos dizem que é melhor jogar feio e ganhar, como forma de defesa daqueles times que são mal armados, com problemas em sua organização, mas que mesmo assim conseguem triunfar.

Se tão belo é o futebol que pode dar aos espectadores a oportunidade de assistir belas equipes jogarem, tão cruel ele é que pode fazer com que um time que pratique o futebol arte perca para um time que pratique um futebol feio ou menos bonito. Isso já foi visto em diversas ocasiões. Quem é que não lembra de Suíça 1 x 0 Espanha em 2010? Quem é que não lembra que em 2012 o Chelsea venceu o Barcelona por 3 x 2 no duelo agregado de 180 minutos na semifinal da Liga dos Campeões?

Talvez aí esteja o grande fascínio do futebol. Não estou propriamente querendo dizer que é fascinante ver um time menos vistoso ganhar. Estou querendo dizer que podemos admirar, venerar e considerar melhores aqueles que perdem por fatalidade, por sorte ou até por poder divino. Ou alguém aqui ainda duvida que o futebol é um jogo também de sorte?

Sorte teve a Seleção Brasileira de ver explodir na trave o chute de Pinilla, nos instantes finais da prorrogação em Belo Horizonte. Sorte teve essa mesma seleção de ver o último pênalti chileno beijar a trave esquerda de Júlio César, goleiro que teve uma tarde abençoada no Mineirão.

Talvez não a mesma sorte tenha o futebol brasileiro de ter na Copa do Mundo em seu próprio país um time tão mal arrumado, tão sem padrão de jogo, tão feio de se assistir. As críticas puras e verdadeiras não tornam a Seleção de Felipão propriamente fraca. Uma seleção com Thiago Silva, David Luiz, Marcelo, Oscar, Neymar e por aí vai, dificilmente será fraca. O Brasil tem um bom grupo de jogadores, mas tem um time fraquíssimo. Falo time entendendo o futebol como um esporte coletivo. A coletividade do Brasil é praticamente inexistente.

Antes de ser ou não hexacampeão mundial em 2014, o Brasil deveria se preocupar em formar um time de futebol. Só que o sonho e a ambição de conquistar o sexto caneco levam a inversão dessa ordem: querem ganhar o título sem ter um time. Querem o fim sem ter o meio. Talvez o futebol torne isso possível. Ou alguém acha impossível que no dia 13 de julho Thiago Silva seja o homem com a incumbência de levantar a taça?

Um Chile que teve em cinco anos, Bielsa e Jorge Sampaoli, passando por Claudio Borghi, foi duas vezes eliminado pela Seleção Brasileira que teve em cinco anos Dunga e Felipão, passando por Mano Menezes. Bielsa é infinitamente melhor treinador que Dunga, enquanto Sampaoli e daqui para qualquer outro planeta melhor que Scolari. Assim como a seleção de Felipão é infinitamente menos ajeitada que a Colômbia de Pekermann, a Alemanha de Low, a França de Deschamps, a Suíça de Ottmar Hitzfeld...e por aí vai!

Quiseram os deuses, as traves e Júlio César colocar o Brasil nas quartas de final. Talvez queriam esses ou quem sabe outros personagens, colocar essa seleção como campeã da Copa do Mundo de 2014. Que os amantes do futebol arte estejam preparados para tamanho desserviço à qualidade futebolística mundial. E que os que se importam mais com o resultado do que com a qualidade de jogo apresentado lembrem-se para a eternidade que essa seleção do Felipão apresenta um futebol horroroso.

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