quarta-feira, março 04, 2015

CRUZEIRO ESBARRA NO HURACÁN E SEGUE SEM VENCER NA LIBERTADORES.

Por Danilo Silveira


A atual edição da Libertadores promete ser a mais difícil dos últimos anos. Pelo menos é o que posso deduzir analisando os primeiros jogos do torneio. Times organizados, bem montados e difíceis de serem batidos, mesmo quando não apresentam uma qualidade técnica tão impressionante assim. É o caso do Huracán, que veio ao Mineirão nesta terça-feira e arrancou um 0 x 0 do Cruzeiro, atual bicampeão brasileiro, na base da sua consistência defensiva.

A história do confronto poderia ter sido diferente se aos 5 minutos de jogo o assistente não tivesse marcado impedimento de Marquinhos, que saiu cara a cara com o goleiro Giordano e rolou para Damião empurrar para as redes. Lance difícil, para lá de complicado. Daqueles que nem o próprio replay é capaz de sanar por completo as dúvidas do telespectador. Logo, isento qualquer culpa que se venha a ser atribuída ao bandeirinha.  Talvez o jogo também fosse outro se o voleio de De Arrascaeta tivesse entrado aos 13 minutos, após belíssima trama do time cruzeirense, com direito a chapéu e caneta de Marquinhos, grande passe de Damião e certeiro cruzamento de Mayke.

Era a hora que o Cruzeiro deveria ter aberto o placar: nos minutos iniciais. Pois foi o momento em que o time azul teve o melhor desempenho, melhor conseguiu encontrar os espaços no campo ofensivo. O Huracán evoluiu sua atuação com o decorrer da primeira etapa. Fechou melhor os espaços na parte defensiva e conseguiu arriscar algumas investidas no campo de ataque, como aos 23 minutos, quando uma cabeçada que passou por cima do travessão assustou o goleiro Fábio.
A resposta cruzeirense ao ataque do Huracán veio aos 31 minutos. Marquinhos cruzou e Henrique cabeceou para boa defesa de Giordano. No rebote, De Arrascaeta e Willian ainda tiveram a chance de abrir o marcador: o primeiro bateu em cima da marcação e o segundo chutou por cima do gol. O intervalo chegou e deve ter batido no time do Huracán a sensação de “dever cumprido”, enquanto no Cruzeiro o sentimento deve ter sido o oposto.

Tentando criar alternativas para sua equipe chegar mais perto do gol, Marcelo oliveira apostou na entrada de Alison na vaga de Willian. E o Cruzeiro continuou tentando e a marcação do Huracán continuou sobressaindo no campo de jogo. Ricardo Goulart faz uma falta tremenda nesse time...o mesmo serve para Éverton Ribeiro. Levando em conta o desmanche do ano passado, pode-se dizer que o Cruzeiro fazia uma boa partida. A queda de rendimento em relação às atuações de 2014 parece inteiramente compreensível, se analisado o contexto e a quantidade de jogadores perdidos.

Em seu último lance em campo, De Arrascaeta quase abriu o placar, em chute que passou perto da trave direita de Giordano. O garoto Judivan entrou na vaga do uruguaio e com pouco tempo em campo quase abriu o marcador, também em um chute de fora que passou à direita do gol. Aos 29 minutos, Marcelo Oliveira fez aquilo que deveria ser feito: abriu mão de um dos seus dois volantes. Entre Willians (que por sinal fez boa partida, dando qualidade em passe no meio-campo) e Henrique, ele escolheu a segunda opção. E para o seu lugar entrou um outro Henrique. Apesar da semelhança no nome, a posição do camisa 19 que adentrava o campo nesse momento é outra, bem mais à frente. Lá foi ele fazer companhia à Leandro Damião no meio da zaga adversária.

A substituição no time mineiro parece ter aumentado a capacidade do Huracán de sair para o jogo.  Não que isso seja necessariamente ruim ao Cruzeiro. Se passou a sofrer alguns sustos atrás, passou a ter maiores chances de encaixar um contra-ataque. A velocidade de Romero Gamarra e a presença entre os zagueiros de Ábila causavam alguma apreensão ao torcedor azul, enquanto as bolas que pererecavam na área ofensiva do Cruzeiro davam alguma esperança do gol sair. Só que o momento em que o time mais chegou perto de abrir o placar não foi em uma jogada na grande área. Foi de fora do retângulo que carrega consigo a marca penal que Leandro Damião arriscou para carimbar a trave e deixar ainda mais entalado o grito de gol nas arquibancadas.

Com dois centroavantes cruzeirenses e alguns homens do Huracán atuando na grande área e suas redondezas, pode-se deduzir que ficou muito complicado para o Cruzeiro chegar ao gol trocando passes curtos. Só que aos 42, Alison conseguiu o improvável: achar um buraco na defesa adversária. Judivan foi parar na cara do gol! Era aquela chance que o torcedor mais esperava; aqueles dois, três segundos que parecem eternos para o Mineirão que deseja gritar gol. O garoto dominou bem, com o peito, e bateu tirando do goleiro, mas a bola resolveu passar a centímetros da trave esquerda, pelo lado de fora.


As vaias vindas das arquibancadas ao final da partida foram exageradas. O Cruzeiro pode não ter feito uma atuação daquelas espetaculares de tempos recentes, mas mostrou organização tática, padrão de jogo e sinais de que pode ir longe na Libertadores. Do outro lado, o Huracán mostrou-se um time inferior tecnicamente ao seu adversário. No entanto, a aplicação tática e consistência defensiva surgiram como fatores para equilibrar o duelo e prometem dar sufoco em muito gigante por aí.

Agora, Cruzeiro e Huracán dividem a segunda colocação do grupo que é liderado pelo Universitario Sucre. Ambos não venceram, mas também não perderam, acumulando dois empates em dois jogos. Curiosidade é o fato do Cruzeiro, que tantos gols fez em 2014, ainda não ter balançado as redes na competição.

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