segunda-feira, outubro 24, 2016

COM BELO FUTEBOL APRESENTADO, SEVILLA (JORGE SAMPAOLI) VENCE ATLÉTICO DE MADRID (DIEGO SIMEONE)

Por Danilo Silveira

Neste domingo, em solo espanhol, deparávamos com um duelo que se fazia interessante antes mesmo do rolar da bola. De uma lado, o Sevilla, dirigido por Jorge Sampaoli, do outro, o Atlético de Madrid, dirigido por Diego Simeone. Treinadores que possuem a semelhança de terem nascido no mesmo país (argentina) e de serem vencedores na trajetória como treinador (o primeiro já ganhou a Copa Sul-Americana com a LaU e a Copa America com o Chile, enquanto o segundo já venceu a Liga Europa e o Campeonato Espanhol com o próprio Atlético). No entanto, no meio dessas semelhanças, vem a diferença gigantesca: o estilo de jogo proposto por cada um.

Enquanto Simeone é mais conservador, prioriza sua defesa, Sampaoli é mais ofensivo, gosta de ver seu time atuando em cima do seu adversário. A frase acima em nada quer dizer que o time de Simeone não sabe atacar e que o de Sampaoli não sabe defender. Estamos falando de dois treinadores de alto nível, que desempenham bem suas funções profissionais.

Dentro desse cenário, mais me agrada o estilo Sampaoli de ser. E neste domingo, foi o jeito Sevilla de ser. Os torcedores presentes no Ramón Sánchez Pizjuán viram um Sevilla leve, envolvente, solto em campo, buscando sempre agredir a sólida defesa do time madrilenho. Viram também um oponente perigoso, traiçoeiro, no melhor sentido da palavra, mas que não encontrava-se nos seus melhores dias. Fica a dúvida: o Atlético defensivamente teve uma atuação aquém do normal ou o Sevilla, com sua intensidade ofensiva, conseguiu diminuir a eficácia do sistema defensivo atleticano? Sinceramente, um pouco de cada coisa, creio eu. O fato é que o time de Jorge Sampaoli conseguia criar e envolver seu adversário, como raras vezes acontecem em se tratando de Atlético de Madrid do Simeone.

Parece óbvio dizer que quem abrisse o marcador ficaria mais perto da vitória, mas talvez pelo desenho tático do jogo, esse lógica se potencializasse, e um gol poderia significar mais que "apenas" um gol à frente do marcador. Em suma, se o Atlético fizesse 1x0, o Sevilla deveria sair ainda mais para o jogo, se tacar no ataque, abrindo espaços. A chance do Atlético aumentar o placar antes de ver sua sólida defesa ser vazada seria grande. Já se o Sevilla abrisse o placar, o Atlético provavelmente sairia para o jogo, abandonando suas características, abrindo espaço para o contra golpe do Sevilla, que pelo que conheço de Sampaoli, não abdicaria de atacar.

A abertura do placar por parte do time madrilenho poderia ter se tornado verídica minutos antes do apito final da primeira etapa, mas Ángel Correa desperdiçou boa chance, oriunda de uma falha do sistema de marcação adversário. Já no segundo tempo, o Sevilla poderia ter aberto o placar com Nasri, que carimbou a trave direita de Oblak, ou com Vitollo, que aproveitou cruzamento da direita, mas parou no goleiro esloveno. Podemos dizer que os dois times tiveram suas chances de abrir o marcador, cada um à sua maneira, ao seu jeito de atuar dentro das 4 linhas.

Se entrarmos no mérito de merecimento, podemos ter várias vertentes, várias opiniões. Em primeiro lugar: como se mede um merecimento por um gol? Pergunta com alto grau de subjetividade, que poderia gerar uma discussão de horas e horas. Talvez chegássemos a conclusão de que quem mais merece um gol é quem mais busca esse gol, logicamente. Já nesse caso, esbarramos em outra pergunta: O que é buscar um gol? Mais uma vez, alto grau de subjetividade. É atacar com constância. É se defender, atrair o adversário e sair em contra ataque. É ter uma bola parada forte e esperar escanteios ou faltas próximas da área. Três das inúmeras respostas que podem surgir.

No meio de toda essa discussão, só me cabe dizer que, para mim, quem mereceu o gol foi o Sevilla, quem mais buscou o gol foi o Sevilla, porque foi quem melhor atacou, quem mais criou, quem melhor marcou e quem melhor jogou.

Foi aos 27 minutos da segunda etapa, que nasceu do flanco defensivo direito do Sevilla uma bonita trama de passes, que terminou com N'Zonzi invadindo a grande área  e chutando na saída de Oblak, para marcar o gol único do confronto.

Vitória emblemática, filosófica, que pôs fim à invencibilidade do Atlético de Madrid no campeonato espanhol.




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