domingo, julho 01, 2018

JOGO 51: ENTREGA, RAÇA E FORÇA MENTAL: RÚSSIA ELIMINA A ESPANHA NOS PÊNALTIS E VAI ÀS QUARTAS-DE-FINAL

Por Danilo Dias


O toque de bola, espanhol, a imposição e domínio dentro das quatro linhas, fez sumir todo o futebol ofensivo apresentado pela Seleção Russa até então na Copa do Mundo. Os atacantes da equipe de Salamovich Cherchesov mais marcaram do que atacaram durante os 120 minutos de bola rolando.

O gol cedo da Espanha deixou o jogo aparentemente tranquilo para a Campeã do Mundo de 2010. Foi logo aos 11 minutos que após cobrança de falta da direita na área, Ignashevich dividiu bola com Sérgio Ramos e a bola acabou pegando em seu calcanhar e entrando.

Oferecer a bola ao adversário parecia algo proibido na Seleção Espanhola. Como se fosse uma regra, quase uma seita. Isco, Koke, Alba e companhia, seguiam essa regra à risca. A Rússia marcava no campo defensivo, tentava escapar em contra-ataque, mas quase sempre sem sucesso. O poder de marcação pressão da Espanha é um das coisas mais belas e eficientes de se ver nessa Copa do Mundo.

Apesar do domínio absoluto e posse de bola extremamente superior, a Espanha tinha dificuldades para criar. Em dado momento, curiosamente, os espanhóis venciam o jogo por 1x0, mas sem terem conseguido finalizar ao gol de Akinfeev, fato esse só possibilitado pelo fato de o gol ter sido contra.

Cabia a Rússia, arrumar alguma estratégia para conseguir ter uma mínima presença ofensiva. E em um dos raríssimos ataques da seleção da casa, veio o gol de empate. Mario Fernándes conseguiu ir ao fundo, pela direita, e ganhar um escanteio. Bola alçada na área, cabeçada para o gol e Piqué acabou levantando demais o braço, que acabou encontrando a bola. Pênalti assinalado pelo holandês Bjorn Kuipers e convertido por Dzyuba. Festa em Moscou!

Veio a segunda etapa e a Rússia parecia não ter forças para tentar brigar pelo território e pela bola. Dessa forma, os russos deram campo à Espanha, deram a bola para a Roja. O toque de bola espanhol ficou cada vez mais veloz, as tentativas de penetração no sistema defensivo russo passarem a ser mais constantes e os contra-ataques russos desapareciam cada vez mais. Aos 21, Hierro lançou Iniesta (começar com esse jogador no banco de reservas só se explica se for por questões físicas) e a Espanha naturalmente ganhou qualidade no toque de bola, ainda que o camisa 6 não tenha conseguido produzir seu melhor futebol em meio à marcação russa.

Em um dos raros momentos em que conseguiu contra-atacar, a Espanha quase abriu o placar com Rodrigo, mas Akinfeev apareceu bem para evitar. Ainda que a postura defensiva russa não seja a forma de jogar futebol que eu considero mais apropriada, a entrega, a raça e a vontade desse time russo é algo invejável. Você marcar o jogo inteiro, fechar cada espaço impedindo a penetração de um time que tem Iniesta, Isco, entre outros, não é tarefa das mais fáceis. Requer muita força. Física, mental, psicológica.

Ao término dos 90 minutos regulamentares, o semblante dos russos era de quem está extenuado, de quem não aguenta mais, de quem está no limite físico. Mas no esporte, você rompe os limites para conseguir seus objetivos, seus sonhos, suas conquistas. Ir às quartas de final era a meta russa, independente do custo físico que isso lhe pudesse causar. E dessa forma, a Rússia segurou-se por mais meia hora. Segurou uma Espanha que aumentou o ritmo, que pressionou dentro da sua proposta e seu estilo.

Veiram as penalidades!

Mais de 144 milhões de mãos, espalmaram o chute de Koke junto com Akinfeev. Minutos depois, cada russo pôs um pezinho ali, quase no centro do gol, um pouquinho para direita, para junto com o camisa 1, chutar para longe a cobrança de Iago Aspas. Era um momento único, marcante, simbólico. A Rússia está nas quartas-de-final da Copa de 2018

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