Era por volta das 21h, que estava eu sentado na minha
poltrona, esperando a bola rolar para Brasil x EUA, fato esse que aconteceria
cinco minutos mais tarde. De repente, ocorre um apagão e a energia do meu
apartamento cai, assim como a do prédio, da rua e da rua ao lado. O jeito foi
descer às pressas, à procura de um estabelecimento onde estivesse com energia e
com a televisão ligada na transmissão do jogo. Não demorei a achar um barzinho,
que não tinha muito movimento, nem muita gente em volta, mas estava passando o
jogo. E lá vi Neymar fazer 1 a 0 de pênalti. Em seguida, lembrei-me que um
amigo meu morava perto dali e liguei para ele, perguntando se lá havia energia.
A resposta foi positiva e aos 16 minutos da primeira etapa, lá estava eu,
acomodado, vendo perfeitamente o jogo.
Demorei algum tempo pensando, como a população não se
identifica mais com a nossa seleção. Provavelmente, se tivéssemos um Boca x
Fluminense pela Libertadores ou um Corinthians x Vasco, o fato da energia ter
acabado em muitos prédios, faria aquele pequeno estabelecimento, naquele
momento portando uma tevê ligada, estar lotado, entupido, intransitável. O fato
é que não parecia uma noite de jogo do Brasil.
A verdade é que a Seleção Brasileira também não me empolga
mais, também não desperta mais em mim aquele desejo, aquela torcida. Mas o fato
é nesse jogo, o Brasil que se apresentou (pelo menos a partir dos 16 minutos,
onde a energia me permitiu assistir) bem. Oscar foi bem, Neymar foi bem,
Marcelo foi bem e o conjunto funcionou. O sistema defensivo apresentou falhas
na bola aérea, mas a sorte e o goleiro Rafael ajudaram bastante. No placar
final, 4 a 1 para o Brasil, com um de Neymar, um de Thiago Silva, um de Marcelo
e um de Pato (é bom ver Pato voltar a jogar e fazer gol). Longe, bem longe de
ser uma equipe parecida com a Espanha, Alemanha ou Argentina da Copa do Mundo
de 2010, mas digamos, uma seleção aceitável. Gerações antigas, provavelmente
lembram com saudosismo de Pelé, Garrincha, Jairzinho, entre outros. Já eu,
lembro com saudosismo de Ronaldo e Rivaldo. Não sei se daqui a uns 20 anos,
vamos nos lembrar, saudosamente, de Neymar, Ganso, Oscar e companhia.
Mas o fato é que é essa a turma que tem a missão de
reconquistar a população brasileira, de fazer a torcida canarinha voltar a ter
aquela vontade de torcer. Em 2006, a queixa era falta de vontade, em 2010, a
queixa era falta de talento. Diante dos EUA, tivemos um time qualificado,
demonstrando muita vontade. Um grande passo! Não sou nem um pouco fã do trabalho
de Mano Menezes na seleção. Para mim, um técnico que teve um início promissor,
mas enfiou os pés pelas mãos e se perdeu no comando. Um treinador que foi
pressionado, questionado e seu emprego parecia estar em grande risco. Ao que
parece, Mano conseguiu, digamos, um novo começo. Mais uma vez promissor. Mano,
reacendeu a chama da esperança de vermos em campo, na Copa de 2014, uma seleção
competitiva, qualificada, comprometida e digna. Resta saber se ele vai
novamente trocar os pés pelas mãos. Esperemos que não!